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ELEIÇÕES RIO 2020 | Por que não votar na Delegada Martha Rocha se você se considera de esquerda ou progressista?

É necessário combater a localização que a delegada busca se colocar como voto útil para setores progressistas para ir ao segundo turno. O PDT e a delegada estão longe de serem uma alternativa para a classe trabalhadora do Rio.

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

sexta-feira 6 de novembro de 2020 | Edição do dia

Imagem: Reprodução/ SBT

Na última pesquisa da Datafolha divulgada nesta quinta-feira (5), aponta Eduardo Paes (DEM) liderando com 31% das intenções de voto e Crivella (Republicanos) com 15% e a Delegada Martha Rocha (PDT) com 13% na disputa pelo segundo lugar no segundo turno.

Com dificuldade de crescer nas pesquisas Benedita da Silva (PT) com 8% e a pior localização do Psol nas últimas décadas nas eleições municipais com os 3% de Renata Souza, Martha Rocha vem buscando se localizar como alternativa para setores progressistas para ir pro segundo turno com Eduardo Paes, mesmo não sendo uma candidatura de esquerda.

Pelo Esquerda Diário publicamos vários artigos sobre as eleições municipais cariocas para expressar nossas posições e combater Crivela, a extrema direita e o bolsonarismo, e também a candidatura de Eduardo Paes, representante dos grandes empresários e capitalistas. Tanto Crivella, quanto Paes, são candidatos que seguirão sendo representantes dos que atacam a classe trabalhadora no Rio de Janeiro.

Essas serão eleições marcadas pela lógica do mal menor ou voto útil contra a nefasta figura de Crivella, isso se expressa no fortalecimento de figuras da velha política como Paes, mas também na tendência a diminuição dos altos índices de votos brancos e nulos nas eleições, como se expressaram até agora nas pesquisas eleitorais. Vemos também um reflexo disso, nos resultados do PSOL, partido de que com Freixo a frente ocupavam o posto de principal candidatura de oposição, e com a retirada de sua candidatura, o espaço aberto para votos no reformismo e progressismo, tem migrado para as candidaturas como a de Benedita e da Delegada Martha Rocha.

Martha é parte do legado de repressão do estado contra os negros e pobres

A delegada expressa seu orgulho de ser policial com o logotipo de xerife na campanha e o lema “chama a delegada”, isso em si mesmo já é uma afronta aos negros e negras que sofrem todos com a violência policial. Policial e ex delegada, foi chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2014, no governo Cabral no auge da implementação das UPP’s. Em 2011, o resultado da sua gestão foi de 523 assassinados no estado Rio, segundo o ISP.

O discurso de Martha sobre a polícia e a política de segurança pública, desmascara o suposto progressismo da candidata. A candidatura da delegada é a expressão da militarização da política, seguida também pelo PSOL, com a indicação do coronel da polícia Íbis Pereira, e pelo PT na Bahia e em outros estados. Na contramão do levante massivo contra a violência policial que eclodiu nos EUA, Martha faz um discurso que é uma utopia reacionária, especialmente no Rio das milícias e do bolsonarismo, de uma polícia mais eficiente e técnica pra pescar o eleitorado progressista, mas sem nenhuma crítica contundente a instituição mais assassina do país, se mantendo palatável como opção para setores que se consideram de centro e de direita, para os empresários do Rio e para a própria Globo que vem dando espaço a candidata, como parte do plano de desgastar Crivella.

Leia Mais: Martha Rocha: o centro e um novo pacto repressivo das elites cariocas

Martha é parte do legado de repressão policial do estado contra os negros e pobres e nenhum argumento técnico apaga esse fato. Com anos de militância no PSB, PSD e agora no PDT, a delegada é parte da política do “centrão” do país e foi parte desse regime degradado no Rio, junto com Benedita, Paes, Cabral, no qual os empresários e os corruptos governaram como reis e o povo se afundou no desemprego e fome.
Uma expressão clara disso é que em 2015 ela já como deputada estadual pelo PDT, votou a favor da nomeação de Domingos Brazão, suspeito de integrar o Escritório do Crime, para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

O PDT de Martha é um partido burguês que ataca os trabalhadores onde governa

A aposta do PDT na delegada é a demonstração da disposição desse partido para ser palatável para os setores empresariais e a administrar o regime do golpe institucional, que ele não combateu. Martha não é de esquerda e tampouco o PDT. O PDT é um partido burguês que aplica ataques contra os trabalhadores em todos os lugares onde governam, como a reforma da previdência. Vários de seus parlamentares votaram a favor da reforma da previdência de Bolsonaro. Votaram a favor da privatização do saneamento básico. Estão nessas eleições municipais coligados com vários partidos da direita como o DEM de Rodrigo Maia.

Nas últimas eleições para governador o candidato do PDT, Pedro Fernandes, que agora não está mais no partido, assumiu ainda dentro do PDT, logo após as eleições um cargo na secretaria de educação do governo de extrema direita de Witzel. Pedro Fernandes também é investigado por irregularidades na sua gestão na secretaria estadual de Tecnologia e Desenvolvimento Social nos governos de Sérgio Cabral e de Luiz Fernando Pezão, investigação pela qual foi preso e solto posteriormente com os bens bloqueados. Na última eleição para o governo do estado do Rio de Janeiro, em 2018, o PDT apoiou oficialmente a candidatura de Eduardo Paes (DEM) no segundo turno.

Como se não bastasse esse largo histórico de direita o PDT apoiou a intervenção federal no Rio e Martha Rocha a chamou elogiosamente de "bala de prata". Como não podia ser diferente, a resposta de Martha e o do PDT, para a crise econômica que atinge o Rio, não atinge os interesses dos grandes capitalistas.

Construir uma alternativa revolucionária e dos trabalhadores

São muitas demonstrações que provam que Martha Rocha e o PDT não são de esquerda e nem uma alternativa para a classe trabalhadora. Muitos setores argumentam o voto útil, do mal menor, contra Paes e Crivella, mas essa é também uma lógica que prepara o terreno para as próximas derrotas.

Leia Mais: Eleições no RJ: porque o “mal menor” é só um passo do caminho para um maior

A lógica do mal menor, de que é preciso votar no que está aí e, portanto, abrir mão de qualquer princípio de independência de classe para supostamente ganhar um terreno mais favorável, que para muitos setores chega até o voto em Paes, significa fortalecer, de “mal menor” seguido de outro “mal menor”, um mal cada vez maior contra os trabalhadores, sem construir nenhuma alternativa revolucionária dos trabalhadores com um programa anticapitalista para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Por isso, viemos levando a frente com nossas candidaturas, que essas não são eleições normais, são mais nacionais do que nunca, e que a tarefa da esquerda não pode ser alimentar ilusões de que é possível mudar as cidades com eventuais progressistas eleitos no marco desse regime golpista. Só é possível defender os direitos dos trabalhadores e do povo pobre e avançar nas nossas conquistas com a mobilização. É necessário unir os trabalhadores nacionalmente contra Bolsonaro, Mourão, mas também as instituições responsáveis pelo golpe institucional, como o STF, Congresso e Senado, para barrar todos os ataques em curso e construir uma força social capaz de dar saída efetivas, que não deixem não mão de direitas como Martha o futuro dos trabalhadores.

Leia neste artigo porque também consideramos que Benedita da Silva não deve ser uma alternativa para a esquerda e o diálogo que fazemos com os que tem o PSOL carioca como referência nessa nota.




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