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PROFESSORES | Por que lutar por uma forte oposição para construir uma nova Apeoesp?

No dia 20 de agosto a Oposição Alternativa, depois de uma proposta da corrente Professores Pela Base, fará uma plenária aberta a todos os lutadores da categoria e todos aqueles que queiram debater um plano de luta para a categoria retomar o sindicato e a nossa campanha salarial, enterrada no primeiro semestre pela direção da Apeoesp.

quarta-feira 17 de agosto de 2016 | Edição do dia

Sempre que na sala dos professores e nos ATPCs os professores começam a falar do sindicato da categoria é comum ouvir frases como: "Por isso que me desfiliei", "Bebel usa nosso dinheiro para viajar", "Eu não acredito nesse sindicato de traidor", "Eu não acredito mais na Apeoesp", etc.

Este sentimento além de comum é compreensível, já que há anos, nós professores continuamos sendo traídos e sofrendo com a passividade do sindicato. Este ano a direção da Apeoesp, apesar de falar contra o golpe, não organizou qualquer luta contra o golpe institucional da direita. Apesar da omissão da Chapa 1, a categoria expressou claramente um sentimento progressista de ódio a direita, mas sem lavar a cara do petismo que dirige por anos o sindicato.

Nossas duas últimas greves tiveram movimentações importantes: 2013 foi importante para afirmar o direito de greve dos professores contratados, os chamados "categoria O". Em 2015 uma importante camada de novos professores se organizaram em comandos de greve e cobraram até o último momento a direção do sindicato para que organizasse a luta de forma que a base da categoria tivesse voz e pudesse decidir sobre os seus rumos. Além de conseguirmos que Alckmin, fosse obrigado a pagar os 92 dias parados, da greve mais longa da história dos professores do estado.

Também temos que lembrar das ocupações das escolas feitas por nossos alunos no final do ano passado, onde lutavam contra a reorganização escolar, que sabemos que é mais uma "destruição escolar" e contra a precarização de toda a educação. Nesse momento diversos professores se colocaram a disposição em total apoio à luta dos secundaristas.

Essa retrospectiva é fundamental para a discussão de retomada do sindicato, por dois motivos principais. Primeiramente, para acabar com qualquer discurso da direção da Apeoesp, de culpabilização dos professores pela derrota das últimas greves, com o argumento mentiroso de que os professores não se movem e não querem lutar. Os professores, ainda que sintam bastante as derrotas e a traição do sindicato, se levantaram nesses momentos, mostrando que se o sindicato tivesse alguma intenção de lutar de verdade poderia organizar professores como uma força real. Quem não quer lutar é a burocracia sindical e por isso usa esse discurso contra os professores, inclusive como forma de melhorar o trabalho do governo de dividir a categoria.

Em segundo lugar, para mostrar que as derrotas das greves foram impostas por dois principais agentes, o governo intransigente de Alckmin, que tem um apolítica abertamente repressiva e neoliberal, e também pelo próprio sindicato, que não organiza os professores em seus locais de trabalho, para que a base decida por sua luta, não dá voz aos professores do chão de escola, e de forma consciente sufoca qualquer luta do professorado que tenda a maior radicalização. Óbvio, já que sabe que isso colocaria em risco seus cargos sindicais e, mais do que isso, colocaria em risco os governos, dos quais são atrelados até o tutano.

Direções de sindicatos, como a da Apeoesp, ligadas aos partidos da ordem e diretamente ao governo, são chamadas de burocracias sindicais pelo papel que cumprem de apaziguar e conter qualquer mobilização dos trabalhadores que fuja do script, ou seja, que se radicalize com democracia de base, impondo derrotas aos governos e que acabe com o velho discurso de que aos trabalhadores cabe lutar por seus salários e que a grande política quem faz são os partidos e "peixes grandes". Sabem que os sindicatos e as greves são ferramentas de luta históricas dos trabalhadores e que são uma "escola de guerra", como dizia Lênin, uma vez que organizados os trabalhadores percebem seu papel de sujeitos e se preparam para batalhas maiores contra o próprio Estado. Em troca, esses verdadeiros traidores sindicalistas profissionais recebem status e cargos nos governos que ajudaram a manter estáveis.

Por isso, não podemos confundir os sindicatos com as direções traidoras. A Apeoesp, um dos maiores sindicatos da América Latina, poderia organizar milhares de professores como uma potente força e voz, que bata de frente com toda a precarização do trabalho docente e da educação em si.

Nos últimos anos o que se viu foi uma verdadeira onda de lutas pela educação. Nas jornadas de junho de 2013 a juventude gritava nas ruas "o professor vale mais que o Neymar", em 2014 chegamos a ver greve de professores em pelo menos 11 estados ao mesmo tempo. Já em 2015, os professores de São Paulo fizeram a mais longa greve da história e a mais expressiva dos últimos 5 anos. Além de termos terminado o ano com as ocupações das escolas, que logo se espalharam para outros estados como uma faísca. Agora no primeiro semestre as ocupações continuaram e as universidades estaduais paulistas protagonizaram uma importante luta pela educação.

Não podemos esquecer também do intenso debate que esta gerando o projeto de lei Escola sem Partido, representado pelos setores mais reacionários do governo golpista de Temer, como Alexandre Frota, Feliciano, Bolsonaro, etc. Uma série de iniciativas contra o projeto são vistas pelas redes sociais, até mesmo alunos das escolas particulares entraram em ação e fizeram uma manifestação, mostrando que não será fácil aprovar uma lei tão criminosa e reacionária como esta.

A luta pela educação é uma realidade, não por acaso é o setor mais atacado pelos golpistas. Querem calar professores e estudantes, pois sabem do perigo que representa tal união em defesa da educação e o papel que esta pode cumprir no despertar político da juventude.

Organizar uma forte oposição a direção da Apeoesp e recuperar nosso sindicato.

Nós, professores precisamos recuperar a confiança nas nossas forças e a partir das nossas escolas, regiões e cidades, junto com os pais, alunos e funcionários, discutir os rumos da educação. Mais do que isso, precisamos nos organizar e arrancar do governo tudo que é nosso. Não podemos mais naturalizar todos os ataques cotidianos que sofremos desses governos inimigos da educação. É uma afronta que os professores do estado de São Paulo estejam há 25 meses sem reajuste. É um despautério que tenhamos que pagar do próprio bolso os materiais de higiene e pedagógico para trabalhar. Sem contar as jornadas exaustivas.

A lista de absurdos parece não ter fim e as razões para que os professores se levantem em luta surgem com tanta facilidade quanto os casos de corrupção desses políticos. Por isso a tarefa de recuperar o nosso sindicato como forma de organizar a base da categoria e construir um plano de lutas se faz eminente.

A direção da Apeoesp enterrou a campanha salarial deste ano e agora está totalmente voltada para o congresso do sindicato que acontece em novembro, onde tentará calar a voz dos professores reais para manter a lógica adaptada e parasita que está acostumada.

Este congresso não pode ser mais um congresso rotineiro, para que os sindicalistas profissionais que há anos não pisam na escola possam passear e discursar sobre algo que mal conhecem mais, a realidade da educação e dos professores.

Retomar o sindicato para as mãos dos professores passa por nos organizar em nossas regiões, exigindo que as subsedes sejam espaços democráticos da categoria, para que possamos traçar um plano de luta e retomar a campanha salarial, enfrentar a Escola sem Partido e os ataques do governo golpista e junto com nossos alunos parar a reorganização, que agora avança silenciosamente, e a máfia da merenda, com Fernando Capez a frente, que continua impune.

Que os professores ocupem os espaços do sindicato e "infernizem" a vida desses que durante anos frearam todas as nossas lutas e usurparam o nosso sindicato.

No dia 20 de agosto a Oposição Alternativa, depois de uma proposta da corrente Professores Pela Base, fará uma plenária aberta a todos os lutadores da categoria e todos aqueles que queiram debater ideias e teses para subverter toda a lógica adaptada deste sindicato, para que essa voz das escolas se expresse também no congresso em novembro.

Essa plenária deve ser fundamental para já traçarmos um plano de ações e luta, que busque unificar o debate de educação fazendo uma ampla campanha contra o projeto Escola Sem Partido, mas também contra a precarização da categoria, pela incorporação dos categoria O e convocação dos aprovados no ultimo concurso, e que exijamos da APEOSP um plano de luta contra o golpismo e suas medidas de ataques, que defenda a saúde, educação e o direito ao emprego, combatendo a reforma da previdência e os planos de privatizações.

Nesse dia 26 haverá assembleia de professores municipais e estaduais, e achamos que a APEOSP deve tirar medidas para unificar essas duas categorias, ao mesmo tempo que é fundamental que de hoje até a assembleias o sindicato construa na base esse espaço, para que lá se expresse e se organize o máximo de professores. Nesse dia 20 queremos fazer esses debates, e pensar uma oposição a atual direção do sindicato que já mostre uma pratica política completamente oposta a burocracia.

A voz de cada professor que paralisou durante 92 dias em 2015 e ocupou escola junto com seus alunos precisa ser ouvida. A divisão que o governo e a direção da APEOSP impõem a categoria precisa ser superada e transformada em força motora da derrubada dessa burocracia sindical, como um primeiro passo para arrancar do governo nossas vitórias.

Nós professores da corrente Professores Pela Base chamamos todos os professores para esta plenária, acreditando que é só desta forma que vamos conseguir um novo sindicato, sem burocratas e independente dos governos.




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