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HISTÓRIA USP | Por que é necessário fortalecer a mobilização dos estudantes da História contra Bolsonaro e Mourão no dia 29?

Nesta sexta-feira, dia 28/05, acontecerá a reunião aberta do Centro Acadêmico da História na USP, onde os estudantes discutirão sobre os cortes nas federais, assim como os preparativos do curso para o ato deste sábado.

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

quinta-feira 27 de maio de 2021 | Edição do dia

IMAGEM: AVENER PRADO/FOLHAPRESS

Na última assembleia de curso da História realizada no dia 20/05 foi aprovada de forma unânime a proposta que nós da Faísca apresentamos de que se organizasse uma Reunião Aberta no curso a fim de que o conjunto dos estudantes do curso pudessem se expressar em posições políticas e ideias para fortalecer a construção de um forte dia 29/05 contra a atual situação de crise política, econômica e sanitária que temos enfrentando.

Estamos vendo acontecerem processos de luta e mobilização localizados e e dispersos pelo país em protesto a atual situação em que se encontram os trabalhadores e a juventude fruto da política negacionista de Bolsonaro e dos militares, assim como a demagogia dos governadores e do judiciário: No país se somam quase meio milhão de mortes evitáveis pela Covid-19, a população passa fome, o desemprego e miséria aumentam enquanto os trabalhadores são jogados em transportes públicos lotados para seguirem trabalhando expostos ao risco de contaminação sem garantia de testes massivos e vacina para todos.

Assim como nossos vizinhos da Colômbia e do Chile, aqui nos enfrentamos contra um projeto neoliberal que busca descarregar em nossas costas a crise econômica capitalista com retirada de direitos, privatizações e duros ataques que contam com o apoio de todos os setores que hoje aparecem em disputa na CPI da Covid. Querem nos fazer espectadores passivos enquanto desgastam Bolsonaro eleitoralmente na CPI e ainda por cima tentam livrar a cara de que são cúmplices do morticínio de Bolsonaro ao sustentarem o atual presidente e os militares no poder.

A política levantada pela direção majoritária da UNE (PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude) no chamado para os atos do dia 29/05 tem sido completamente funcional para a estratégia do desgaste eleitoral do Bolsonaro ao invés de buscar dar uma resposta agora para se enfrentar com os cortes nas universidades federais e o conjunto dos ataques. Na maioria das universidades em que são direção política não tem organizado assembleias virtuais democráticas com voz e voto e querem que esse dia sirva para fortalecer a frente ampla em torno da candidatura de Lula com setores que apoiaram o golpe institucional e que se aliam a Bolsonaro para aplicar essa agenda de ataques e privatizações.

Contra essa perspectiva, nós da Faísca levantamos em diversas assembleias no país a necessidade para que essa entidade organize tais espaços, chamando inclusive companheiros que compõe a oposição de esquerda da entidade (Juntos, Afronte, RUA, UJC e Correnteza) para também exigirem conosco este tipo de medida, algo que acabou não se sucedendo em casos como na UFABC, onde os companheiros do Correnteza votaram junto com a UJS contra essa exigência.

Saiba Mais: Assembleia UFABC 29M: Correnteza vota com UJS contra exigência à UNE a organizar assembleias com voz e voto

Justamente por não concordarmos com essa concepção é que nós da Faísca propusemos que a assembleia de curso do dia 20/05 pudesse pautar junto ao importante processo eleitoral a importante questão da construção do dia 29/05, mas que não foi acordado pela atual gestão do CAHIS composta por estudantes independentes e organizações como Correnteza e RUA. Para que pudéssemos garantir então o andamento da assembleia e ao mesmo tempo um espaço democrático de debate e organização dos estudantes apresentamos a proposta alternativa de RA que foi aceita pelo conjunto dos estudantes. Mas afinal, o que está em jogo nessa reunião e nos atos do dia 29/05?

Em primeiro lugar é preciso ter claro que a USP também está sofrendo ataques, seja pela questão do ENEM que está ameaçado, seja pela própria política de Doria e da Reitoria de demitir funcionárias terceirizadas de diversos institutos, de atrasar o pagamento de bolsas de estudantes, da militarização do campus com a base da PM além da implementação do ensino remeto sem garantir estrutura alguma e com proposta de reformar o Estatuto de Conformidade para seguir perseguindo trabalhadores estudantes e professores que lutam contra esse projeto elitista de universidade.

No Hospital Universitário, vem ocorrendo um processo de demissão de suas funcionárias terceirizadas, que ao longo da pandemia trabalharam presencialmente, arriscando suas vidas e que agora podem estar no olho da rua. Além disso, os moradores do CRUSP convivem com as condições precárias, sobretudo na pandemia e vem sendo alvos de repressão policial, com a recente entrada da PM em um apartamento.

Saiba mais: USP atrasa o pagamento de bolsas de permanência sem justificativa em meio a pandemia

Além disso, trata-se de um ataque em cheio a um setor que foi um dos primeiros opositores a saírem as ruas contra este governo genocida e a precarização do ensino, em 2019. Nesse marco, as universidades estaduais também passam por diferentes ataques, por se situarem numa realidade onde há um mesmo projeto privatista e de sucateamento da educação, promovido por outros agentes deste regime do golpe, como os governadores.

Vemos portanto que temos motivos de sobra para nos mobilizarmos neste dia 29/05 junto a estudantes de outras universidades, mas é importante termos clareza de quais são os nossos inimigos para que possamos nos enfrentar com esse projeto de país e de universidade. Por isso, consideramos que lutar somente pelo Fora Bolsonaro, sem discutir quem são aqueles que o sustentam no governo hoje e sem apresentar um projeto alternativo, enfraquece a nossa luta e favorece setores que nos atacam como o Centrão no Congresso, o STF, os militares e governadores como João Doria.

Ao mesmo tempo, tal mobilização só se avançaria até o final com estudantes e trabalhadores se unificando para golpearem juntos todos esses algozes responsáveis tanto pela precarização da educação, como também do trabalho e da vida de conjunto, o que passa pela necessidade das principais entidades representativas dessas categorias como a UNE, e centrais sindicais como CUT e CTB, construírem o dia 29 de forma unificada, mas que não vem acontecendo, devido a própria lógica burocrática que suas direções atuam à frente de suas entidades.

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É por isso que temos batalhado nos diversos cursos onde estamos presentes, da Letras, Ciências Sociais e Pedagogia, para que a nossa luta seja unificada neste dia, inspirada na força e na mobilização dos colombianos para retomar as ruas contra nossos inimigos. Exigindo que a UNE construa de maneira democrática com o conjunto de estudantes assembleias com voz e voto em todas as universidades e para que nossa luta seja pelo Fora Bolsonaro, Mourão e os militares! Contra todos os agentes desse projeto. Inclusive demos essa batalha na última assembleia geral organizada nesta semana, onde a consigna aprovada nela fosse “USP contra o genocídio e em defesa da vacina e da Educação! Fora Bolsonaro e Mourão!”

Achamos que essa é a política para que possamos combater hoje a situação de crise, sem esperar que nossos problemas sejam resolvidos daqui mais de um ano nas eleições de 2022 com um projeto de conciliação de classes que pretende o PT, dialogando com FHC do mesmo PSDB de Doria e apostando na institucionalidade. A resposta só pode vir de confiar nas nossas próprias forças, dos estudantes e trabalhadores. É nesse sentido que também fazemos um chamado aos estudantes e organizações do CAHIS que hoje se colocam como Oposição de Esquerda a política do DCE (também dirigido pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude) para que batalhem conosco por um movimento estudantil combativo e aliado aos trabalhadores para esse dia 29/05.

Com isso, reforçamos o chamado do CAHIS aos estudantes do curso de História da USP para que estes participem da Reunião Aberta sobre este dia e construam um forte bloco no dia 29, onde não só poderemos discutir e encaminhar questões organizativas sobre o ato marcado para o dia, como também quais poderão ser os próximos passos e qual pode ser o papel do curso para o fortalecimento dessa luta.




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