Na última terça-feira, 21 de Março, a polícia invadiu a ocupação Nelson Mandela em Campinas. Com bombas de gás e tiros de bala de borracha, reprimiu as 600 famílias e cerca de 240 crianças que moram ali.
quarta-feira 22 de março de 2017 | Edição do dia
A Ocupação Nelson Mandela, que já dura cerca de 10 meses, ocupa uma área particular que estava abandonada há 40 anos onde ocorria vários casos de violência, aumentando a insegurança no bairro. Desde que ocupação começou, mulheres e moradores podem circular por toda a área de forma tranquila e segura. A comunidade local já acolhe a ocupação, que conta com 600 famílias, sendo 28 gestantes e 248 crianças que antes disso não tinham onde morar
Desde o início da ocupação, segundo moradores, houve inúmeras tentativas de conversa com a prefeitura de Jonas e com os proprietários do terreno, para que de algum modo tentassem se chegar a um acordo, mas de nada adiantou. A prefeitura alega que os moradores deveriam fazer o registro na COHAB (Companhia de Habitação Popular de Campinas), para que tenham direito à assistência, porém, segundo uma moradora que não quis se identificar, vários deles já tem o registro na COHAB há muito tempo e não tem nenhum avanço, sendo que um dos moradores que é deficiente físico, e deveria ter 3% do benefício reservado para inclusão a moradia, está à espera faz 7 anos.
Ao invés de significar algum avanço na conquista do direito à moradia, quando um representante da COHAB foi até a ocupação, todos que ao menos já tinham acesso ao cartão, foram retirados da lista do benefício, como mais uma forma de perseguição àqueles que estão ocupando esse espaço.
Dentro desse contexto, há pouco tempo, um juiz concedeu a reintegração do terreno para o final de março. E com o intuito de pressionar os moradores a deixar a ocupação antes da reintegração, e não transformar a possível reintegração em um massacre como ocorreu em Pinheirinho, a polícia chegou ontem reprimindo e intimidando os moradores.
Segundo Priscila Luciana Nicolau, moradora da ocupação, foi um verdadeiro absurdo, com mães e crianças tendo que correr dos tiros de balas de borracha, com a polícia fazendo pressão psicológica para que as famílias comecem a sair dali com medo de perder suas vidas. Além disso, Priscila disse que já conversaram com o assessor de Jonas e deixaram bem evidente para o poder público que não sairão dali e que se eles quiserem, terão um novo Pinheirinhos, porque dali não vão sair. E completa com o seguinte: caso os tirem daquele espaço, eles ocuparão o centro de Campinas, praças , ruas e até a prefeitura se necessário.
A partir disso, desde hoje de manhã alguns moradores se encontram no largo do rosário para conversar com a população e mostrar um pouco da realidade que estão passando. Levando um pouco do seu cotidiano para que a população veja o que Jonas e a polícia estão fazendo com aqueles que lutam pelo direito básico à moradia.
Por isso, nos colocamos em total solidariedade à Ocupação Nelson Mandela e a sua luta por moradia!!
Fotos: Ocupação Mandela
