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ACORDÕES | Picciani se elege líder do PMDB na Câmara e buscará diálogo com Cunha

O deputado federal Leonardo Picciani (RJ) foi reeleito no final da tarde desta quarta-feira, 17, líder do PMDB na Câmara em 2016. Picciani derrotou Hugo Motta (PB), seu único adversário na disputa, por 37 votos a 30. Houve ainda dois votos em branco. A recondução do parlamentar carioca à liderança do PMDB é apontada como uma derrota política para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que articulou e apoiou a candidatura de Motta, e uma fonte de maior estabilidade do governo Dilma.

quinta-feira 18 de fevereiro de 2016 | 01:38

Redação

O líder do PMDB indicará os oito integrantes da comissão especial do impeachment na Casa a que o partido tem direito. Além disso, Picciani será o responsável indicar, neste ano, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Considerada o principal colegiado da Câmara, a CCJ é responsável por votar a admissibilidade de todas as matérias que tramitam na Casa e por julgar recursos de Cunha no processo no Conselho de Ética.

Para conseguir se eleger, Picciani articulou a volta de deputados do PMDB que estavam licenciados, como Pedro Paulo e Marco Antonio Cabral, que se licenciaram de secretarias na prefeitura do Rio e governo do Estado do Rio de Janeiro para apoiar o conterrâneo. Com a anuência do Planalto, o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), também pediu exoneração do cargo nesta quarta-feira para voltar à Câmara e apoiar Picciani. A atitude foi alvo de críticas devido à crise da saúde pública, em meio ao surto de dengue e zika, vírus causador da microcefalia.

Derrota serve para disciplinar Cunha, mas não tirá-lo “fora do baralho”

Logo após a votação Leonardo Picciani (RJ), disse que buscará diálogo com o presidente da Câmara. Picciani minimizou a derrota sofrida por Cunha. O presidente da Câmara havia se engajado profundamente na campanha de Motta e, ao contrário do ano passado, foi ao plenário votar. "Aqui não tem derrotados, nem vencidos nem vencedores. Aqui, a vitória é de toda bancada do PMDB que vai, respeitando as suas divergências, caminhar junta no ano de 2016", afirmou Picciani. Questionado sobre a quem, ele ou Cunha, cabe buscar o tal diálogo, ele tomou para si a responsabilidade. "(Cabe) a todos os membros da bancada. O líder tem o papel de ser o catalizador disso e cumprirei com este papel", disse Picciani.

Caberá a Picciani indicar os representantes do PMDB que comporão a comissão que analisará o impedimento da petista. Ele disse que fará uma composição equilibrada. "Indicaremos na comissão do impeachment todas as correntes de pensamento do partido. No momento em que for chamado, faremos. Não há nenhuma dúvida de que todos estarão representados na comissão", afirmou Picciani. Após a vitória, Leonardo Picciani recebeu telefonemas de felicitações. Uma das ligações foi do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seu aliado. Mas aliados de Cunha também fizeram questão de felicitar o novo líder. Foi o caso de Manoel Júnior (PB), que acompanhou a entrevista coletiva atrás do líder e o abraçou em seguida.

As relações entre o PT, de Dilma e o PMDB de Cunha e Picciani se confundem não apenas no que se refere às denúncias de envolvimento em escândalos de corrupção e seus serviços a favor dos empresários contra os trabalhadores – assim como também o PSDB de Aécio Neves e todos os partidos dos ricos. Desde o ano passado é possível acompanhar muito “morde, assopra” entre estes partidos. Ora se declaravam (sempre amparados pela grande mídia dos ricos) aliados, ora adversários, ora inimigos. No fundo toda esta confusão tem como objetivo um intenso jogo de cena perante a opinião pública para esconder os interesses dos diferentes empresários e capitalistas que são os verdadeiros mandatários destes partidos. Tanto é assim que vem sendo o PT o principal inimigo e o partido que aplica os principais golpes contra a classe trabalhadora, com o ajuste fiscal e suas consequências cada vez mais sentidas para toda a população.

Se os trabalhadores esperarem que virá das mãos dos políticos desta democracia degradada a saída para a "derrotar" reacionários como Eduardo Cunha, ou se fosse levado a cabo o impeachment de Dilma pela via de golpe institucional pela política de partidos da direita como o PSDB e o próprio PMDB, os trabalhadores e o povo pobre estariam sofrendo uma grande ilusão. Nas negociatas dos partidos e políticos corruptos, representantes dos empresários e capitalistas, todo jogo político serve apenas para que articulem os seus privilégios pessoais com os interesses dos ricos de explorar os trabalhadores, e não a favor destes.

Desde o Esquerda Diário achamos que se os trabalhadores pudessem revogar os cargos dos políticos que não cumprissem mandatos Cunha e muitos outros já não estariam no poder. Mas isto não pode acontecer e isso é uma mostra de que esta democracia é para os ricos. Da mesma forma o impeachment contra Dilma é obra de políticos que assim como os governos do PT são corruptos e além disso são ainda mais reacionários. Por isso não defendemos o impeachment, mas sim achamos muito mais importante lutar pela revogabilidade de todos os mandatos, pelo fim dos privilégios dos políticos e dos juízes e que todos ganhem o salário de uma professora. Por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização para reorganizar o sistema político do país de um novo jeito.




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