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GREVE PETROBRAS | Petroleiros se enfrentam com a privatização petista e esbarram nos limites da burocracia sindical

A maior greve em 20 anos mostrou o despertar de uma nova geração de petroleiros. Após uma década de propaganda petista usando a Petrobras como promessa de um país desenvolvido, depois de um sem-fim de escândalos de corrupção, esta nova geração, junto a companheiros experientes se ergueram novamente contra a privatização, o arrocho salarial e retirada de direitos. Desta vez, a luta é contra o PT, que joga nas costas dos trabalhadores a conta da crise da empresa oriunda de seu roubo e da situação da economia nacional e internacional.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sábado 7 de novembro de 2015 | Edição do dia

Escaldados contra o neoliberalismo tucano, os petroleiros viam por muitos anos o PT como sua salvaguarda contra a privatização. Este ano, junto de uma série de medidas de ajuste contra toda a classe trabalhadora, viram uma sanha privatista digna de FHC. Um terço da empresa está à venda. Mais de cem mil terceirizados já foram ou serão mandados embora. Direitos conquistados estão sendo suspensos.

A greve chegou a lugares que ninguém imaginava e ameaça o governo Dilma, seu projeto privatista e em ter que enfrentar a falta de combustíveis, por isso agendaram negociações após mais de uma semana de greve.

Força apesar da burocracia sindical

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) nunca quis esta greve, demorou mais de dois meses para iniciá-la, só começando depois que outra federação, minoritária, a Federação Nacional dos Petroleiros já encontrava-se em greve.

Atuaram em cada local contra a confluência das federações, contra a unificação das bases da categoria, contra a união dos petroleiros próprios e contratados. A força dos cem mil demitidos e dos petroleiros próprios (efetivos) poderia mover um questionamento muito mais profundo ao privatismo petista.

Provavelmente veremos nos próximos dias o governo Dilma chegar a algum acordo com esta federação que envolverá aumento salarial mas manterá o essencial da privatização.

A atuação da FUP não permitiu transformar esta luta política contra Dilma e sua privatização, aplaudida silenciosamente por PSDB e PMDB, em uma causa de toda a classe trabalhadora. A CUT, central sindical a qual a FUP é filiada postou textos em apoio em seu site, enviou diretores a alguns atos, mas não moveu nenhuma força real em defesa dos petroleiros e da Petrobras.

Defender a maior estatal do país de sua entrega ao imperialismo não é responsabilidade só dos petroleiros, mas de toda a classe trabalhadora.

Se o desfecho desta greve for a continuidade da privatização da maior empresa do país, será de inteira responsabilidade da CUT e da FUP que privilegiam defender Dilma a defender os petroleiros e a Petrobrás. Não será falta de vontade, decisão, coragem, persistência dos petroleiros.

Organizar pela base, lutar “sem arrego”, democraticamente e erguendo batalhas de toda a classe

Para vencer duras batalhas como esta não é possível somente com as forças das velhas direções. Por melhores que sejam, o que obviamente não é o caso dos governistas da FUP, é preciso organizar os trabalhadores pela base. Em cada lugar que isto aconteceu a força demonstrada foi maior, e ainda puderam ajudar os trabalhadores em outros locais.

Faz falta em toda a greve petroleira um comando nacional, eleito pelas bases, um comando como este poderia ter sido construído a partir da FNP. Esta federação, no entanto, preferiu limitar-se a chamados à FUP e CUT do que colocar sua força a serviço deste tipo de organização, incentivando a eleição de representantes de cada base do país fossem eles de bases da FUP ou FNP.

É preciso retomar exemplos de outras categorias e fazer como os garis do Rio de Janeiro, confiando em suas forças derrotar os inimigos. É preciso lutar “sem arrego” como eles diziam, ainda mais contra a privatização.

Precisamos de uma nova tradição no movimento operário, uma esquerda que transforme batalhas importantes, como esta, em uma luta de toda a classe. Este não é o exemplo que nos deixa a mais conhecida esquerda do país, o PSOL, que sequer um discurso parlamentar dedicou a esta greve. Em uma frente permanente com defensores do PT, a chamada “Frente do Povo sem Medo” moveu menos forças até mesmo que a CUT que queria blindar “seu” governo. O PSTU, principal força impulsionadora da FNP não moveu os sindicatos da CSP-Conlutas para transformar esta batalha em uma “causa de todo o povo brasileiro”. Ainda há tempo de reverter isto. E no mínimo de tirar lições.

É o momento de seguir firme e fortalecer a luta com medidas como essa para vencer e fortalecer um grande movimento contra a privatização.




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