Lima se cobriu na quarta-feira, dia 12, de manifestantes com bandeiras, faixas e palavras de ordem pelo NÃO ao TPP. A polícia reprimiu e lançou gases lacrimogêneos quando já se dispersavam de forma pacífica.
segunda-feira 17 de outubro de 2016 | Edição do dia
A marcha, que se realizou na quarta-feira dia 12, foi organizada por coletivos peruanos através do espaço denominado “Peruanos Contra el TPP-TISA”, integrado por distintas organizações sociais, políticas e estudantis.
Na capital a concentração foi no Campo de Marte às 17h e partiu em direção ao centro nefrálgico da cidade, pela avenida Abancay, para terminar na praça San Martín por volta das 21h.
Organizações sociais, partidos políticos, centros acadêmicos e organizações pelos direitos LGBT e da saúde mostraram seu rechaço à assinatura deste tratado cantando “TPP tratado da morte”, já que afeta direitos básicos de acesso à saúde e ao meio ambiente, impedindo a fabricação de medicamentos genéricos e aumentando indiscriminadamente os custos de medicamentos para enfermidades como HIV ou câncer.
“Queremos batata, queremos milho, TPP e TISA fora já do meu país”. Estes acordos prejudicam a soberania alimentar monopolizando cada vez mais a produção e intercambio de sementes e introduzindo o cultivo transgênico que o país vem rechaçando.
O Acordo sobre o Comércio de Serviços (TISA em sua sigla em inglês, é o outro acordo secreto entre Peru e outros 22 países entre os quais se encontra Estados Unidos), regula não apenas as alfândegas para o livre comércio, mas também a propriedade intelectual, privacidade, telecomunicações e comércio eletrônico. A única informação que existe é a vazada pelo WikiLeaks.
O livre acesso à informação que circula pela internet seria afetado pelo forte controle das multinacionais e suas pretensões de cobrar pela reprodução de filmes, músicas, livros e o estabelecimento de fortes multas aos usuários.
Juntos os dois acordos colocam abertamente as empresas transnacionais por cima do estado peruano, inclusive submetendo a corte nacional à cortes arbitrárias.
O governo do atual presidente Pedro Pablo Kuczynski pretende avançar no acordo que vem sendo negociado secretamente há cinco anos com a gestão de Ollanta Humala.
A aceitação deste acordo implicaria o aprofundamento da submissão do Peru ao imperialismo por liberar ainda mais sua economia, retirando tarifas alfandegárias, frente ao comércio da primeira e terceira economia mundial como são Estados Unidos e Japão (países que integram o acordo junto com Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Singapura, Vietnã, México, Malásia e Nova Zelândia), e por aprofundar o modelo extrativista, onde a mega mineração contaminante segue sendo a principal atividade econômica.
Muitas razões para seguir nas ruas contra o imperialismo. Nem a repressão policial e nem os meios de comunicação massivos podem esconder um povo em luta.
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