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México | Para derrubar Peña Nieto: Greve Geral Política e Assembleia Constituinte

O aumento nos preços da gasolina e o diesel abriu uma profunda crise no México, com a mobilização nas ruas de amplos setores da população. Bloqueios, manifestações e comícios aconteceram em 30 estados do país.

Sergio MoissenDirigente do MTS e professor da UNAM

segunda-feira 16 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Desde o começo do ano 2017, o aumento nos preço da gasolina abriu uma profunda crise no país, com a mobilização nas ruas de amplos setores da população. Bloqueios, manifestações e comícios aconteceram em 30 estados do México. No último dia 9 de janeiro, dezenas de milhares de pessoas nos mobilizamos na Cidade do México gritando ’Fora Peña!’.

A ampla oposição social provocou que os mesmos partidos que aprovaram as reformas estruturais de Peña Nieto, como o PAN (Partido da Ação Nacional) e o PRD (Partido da Revolução Democrática), tiveram que se distanciar das medidas do governo, pretendendo, assim se reposicionar pensando em 2018, na corrida pela presidência. Peña Nieto, também enfrentou as críticas dos setores mais concentrados do empresariado e mesmo do clero.

O Governo do PRI (Partido da Revolução Institucional) enfrenta o descontentamento crescente, que tem aprofundado a perda de legitimidade que o governo já acumulava desde o ano passado, como resultado dos escândalos como o da Casa Branca e os que protagonizaram vários dos governadores; a ferida aberta pelo desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa; e pelo conjunto dos planos contra os trabalhadores e a população.

As ’explicações’ de Peña Nieto para a sua antipopular medida - que agora justificou dizendo que "a galinha dos ovos dourados secou"- só aumentaram o descontentamento e a fúria popular.

Há quem, como Andrés Manuel López Obrador, perante o crescente descontentamento, defendem que temos que esperar até o 2018, com o argumento de que tem que preservar a "governabilidade", a mesma governabilidade que garante os ataques contra as grandes maiorias.

Fora Peña Nieto

Novamente se escuta nas ruas, lares, escolas e locais de trabalho, o grito "Fora Peña!", que concentra o ódio e o descontentamento de milhões com os planos que a "classe política", seus partidos e instituições e o imperialismo vem impondo.

Sabemos que o gasolinazo foi só o princípio e que vem mais. Suas consequências atentam diretamente contra as condições de vida de nossas famílias e prometem nos afundar ainda mais na miséria. Direitos como a educação e a saúde públicas também estão sob ameaça.

Por isso temos que derrotar esse ataque, pois se o deixamos passar, mais uma vez, irão piorar as condições que atualmente são precárias para a grande maioria, que depois será mais difícil de enfrentar. O momento é agora.

Para o conseguir, não basta com ações individuais, descoordenadas ou isoladas. Nosso inimigo continua sendo forte e para vencê-lo é preciso mais do feito até agora. A "resistência civil e pacífica" que alguns companheiros e organizações propõem, quando tenta ir um pouco além da "legalidade" e da "paz social" reacionárias que o governo e o regime autoritário nos impõem pela força, se encontra com o brutal limite dos escudos, cassetetes, tanques, helicópteros e balas das forças repressivas, que já assassinaram manifestantes contra o gasolinazo em Ixmiquilpan, como fizeram ates em Nochixtlán, Aguas Blancas, Acteal, Tlatelolco, etc. e desapareceram aos 43 estudantes de Ayotzinapa, igual a muitos dos lutadores sociais.

Apesar da repressão, o movimento continua se desenvolvendo e um sentimento prima: temos que nos unir em espaços e ações cada vez maiores. Trabalhadores, camponeses, estudantes e o povo em geral. Não só para nos defender e frear o governo, mas para botá-lo abaixo e com isso evitar de vez que continue fazendo e desfazendo sua vontade. No entanto, todos os partidos patronais procuram conter e desviar o descontentamento contra Peña para canaliza-lo nas próximas eleições, com o que, de fato protegem a Peña Nieto e pretendem recompor esse corrupto e sanguinário regime político. Não podemos confiar neles.

Para tirar o Peña Nieto é preciso sermos milhões nas ruas de todo o país, numa grande luta nacional, sem confiar nem por um segundo nos partidos do "Pacto por México" como o PRD e o PAN.

Para tornar real e possível o "Fora Peña!" devemos impulsionar uma grande mobilização nas ruas e um verdadeiro plano de ação para, assim, paralisar o país, encabeçado pelos trabalhadores e seus aliados do campo e da cidade.

É necessária uma Greve Geral Política até o governo de Peña Nieto cair e impor um governo provisório das organizações operárias, camponesas e populares na luta. Esse é o caminho para impor nossas demandas.

Para discutir e resolver essas reivindicações, esse governo provisório deveria convocar uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, sem nenhuma restrição e com acesso igualitário aos meios de comunicação para as organizações operárias, camponesas, populares e de esquerda, com representantes eleitos por sufrágio universal, com um a cada 50 mil habitantes, que sejam revogáveis e cobrem o mesmo salário que uma professora, onde vote todos os maiores de 16 anos.

Mas para que essa assembleia discuta livremente a agenda das grandes maiorias, deve ser construída sobre as ruínas das instituições do atual regime, que não permitirão que se rompa com a dominação imperialista e que sejam tomadas as medidas favoráveis aos trabalhadores e o povo.

Essa assembleia deveria discutir e resolver derrubar o tarifaço, assim como a reforma energética e todas as reformas estruturais. Assim como a renacionalização de todas as áreas privatizadas da industria energética e o PEMEX, a ruptura dos pactos e acordos que nos subordinam ao imperialismo, que hoje, com o próximo governo de Trump, pretende deportar a milhões de mexicanos e construir um muro. Junto a isso, uma Assembleia Constituinte deveria resolver a demanda de terra para os camponeses, e a autodeterminação para os povos indígenas, levantar o fim da militarização, às desaparições e à repressão.

Para conseguir isto, será necessária a mobilização revolucionária dos trabalhadores e do povo e o desenvolvimento de seus organismos de democracia direta. Nesta luta, os socialistas do MTS afirmamos que temos que ir até o final, expropriando aos capitalistas e às transnacionais acabando com esse sistema de exploração e barbárie.

Não podemos mais esperar. Fora Peña Nieto. Greve Geral Política e Assembleia Constituinte Livre e Soberana.




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