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7 de setembro | PT faz caravana eleitoral enquanto CUT não organiza o 7 de setembro nas bases

A CUT, maior central sindical do país, dirigida pelo PT, ao invés de organizar a luta dos trabalhadores em aliança com os indígenas pela base para o próximo 7 de setembro que será marcado por atos bolsonaristas pelo país, permanece na paralisia, sem nenhum plano de lutas, justamente para não atrapalhar os acordos de Lula e PT com os setores burgueses, como em sua caravana pelo Nordeste. Na realidade, aposta em saídas por dentro do regime que nos ataca, como expressado no manifesto das Centrais Sindicais.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sexta-feira 3 de setembro de 2021 | Edição do dia

(Lula na Bahia, última parada da caravana no NE que durou 11 dias e percorreu 6 estados)

Editorial MRT | 7 de setembro: enfrentar Bolsonaro, os ataques e a medida ditatorial de Doria nas ruas

O dia 7 de setembro vai ser marcado por atos bolsonaristas pelo país. Como analisamos aqui, em meio às tensões dentro do regime político entre extrema direita e direita, que tendem a seguir até as eleições de 2022. Os atos convocados por Bolsonaro têm o intuito de demonstrar forças junto de suas bases reacionárias e do golpismo de militares, polícias, agronegócio e parte das Igrejas Evangélicas.

A esquerda também vem convocando atos nas cidades do país em oposição, portanto podemos dizer que a esquerda vem convocando o ato “nas alturas”, pois não é uma convocação desde as bases do movimento operário e estudantil, ou seja, não estão mobilizando e construindo ativamente a partir de cada entidade em que dirigem. Não há um plano de luta dos trabalhadores, estudantes aliado aos indígenas, as mulheres, negros e lgbtqia+, e muito menos estão sendo convocadas assembleias de base em cada local de trabalho ou estudos para articular as lutas à nível nacional e exigir um plano de luta concreto às Centrais Sindicais.

Leia mais: Plano de luta junto dos indígenas para derrubar o Marco Temporal de Bolsonaro, STF e agronegócio

Estamos atravessados por ataques de Bolsonaro-Mourão aplicados pelo Congresso e STF, ataques que se aprofundam desde o golpe institucional de 2016 e hoje se somam à crise em todas as esferas que joga a população na miséria com recordes nos índices de fome, desemprego e a inflação. O golpe de 2016 arquitetado e aplicado pela direita e com a atuação imprescindível do Supremo Tribunal Federal, veio para aprofundar os ataques neoliberais à classe trabalhadora e mais oprimidos, para garantir ainda mais os lucros capitalistas após a crise aberta em 2008.

O caminho trilhado pelo PT nos seus 13 anos de governo de administração do capitalismo e de conciliação com diversas alas da burguesia como o agronegócio, bancada evangélica, setores do mercado financeiro, centrão, direita, foi o que pavimentou o caminho para o golpe institucional, em que o fruto (indesejado) das eleições manipuladas em 2018 é Bolsonaro. E que, também, abriu portas para uma escalada reacionária na conjuntura política brasileira, com intensa participação dos militares no poder (nunca foi tão grande como na ditadura), que pode ser expressada na figura do racista vice-presidente, Mourão.

Leia mais: 5 anos do golpe institucional, a antessala do bolsonarismo e o caminho trilhado pelo PT

5 anos após o golpe de 2016, é inegável o projeto odioso da burguesia nacional e do imperialismo de descarregamento da crise sobre as costas dos trabalhadores, um projeto em que o PT faz vista grossa, senão arrisco dizer, que dá seu “ok”. Não à toa Lula saiu da prisão dizendo que perdoa os golpistas, ou seja, ele perdoa todos os ataques aos trabalhadores, Reforma da Previdência, Trabalhista, as privatizações, as MPs, as inúmeras PLs, os ataques aos indígenas. E, agora, enquanto há uma escalada na retórica golpistas de Bolsonaro e uma extensa agenda de ataques, Lula está em caravana no Nordeste costurando acordo com o Centrão, com a oligarquia reacionária nordestia, a base do bolsonarismo, vergonhoso!

E rumo ao 7 de setembro com o que nos deparamos? Um manifesto lançado pelas Centrais Sindicais em que assinam CUT, CTB, CSB, NCST, UGT, Força Sindical, CSP-Conlutas e Intersindical, fazendo um chamado e apelo escandaloso para que o Legislativo, Judiciário, governadores e prefeitos, ou seja, à todos os golpistas e a direita, para tomarem à frente do país contra Bolsonaro.

Assim como Lula, a CUT também perdoa os golpistas, e pior, está de olhos fechados a tudo que acontece no país hoje, pois sabe que a organização dos trabalhadores é a única que pode virar as regras desse jogo, e isso passa longe de sua estratégia reformista e burocrática, que prefere se manter paralisada para não atrapalhar os acordos com o setores burgueses. O PT passa longe de ser uma alternativa aos trabalhadores, o papel que cumpre hoje é de sustentação do regime do golpe e de contenção dos trabalhadores, da luta de classes.

É preciso sua superação pela esquerda, e é bastante sintomático que Centrais Sindicais que se colocam como oposição como a CSP-Conlutas e a Intersindicais tenham assinado esse manifesto. Nós do Esquerda Diário e do MRT, convidamos essas organizações a reverem sua assinatura, e batalharem por uma unidade da esquerda na luta de classes em base ao estímulo à auto organização dos trabalhadores em unidade com o conjunto dos oprimidos e explorados.

Nesse sentido, organizações que se propõe ser à esquerda do PT e que dirigem diversas entidades no país como CAs, DCEs e os sindicatos, como PSOL, PCB, UP, PSTU, devem batalhar por essa unidade na luta, e não em capitulações à política petista de estratégia e editorialista e conciliação de classes como vêm fazendo, em destaque a corrente Resistência do PSOL, que se reivindica trotskista, mas que vem defendendo uma política de subordinação e adaptação ao regime como o PT, em uma clara deriva estratégica, onde o centro de gravidade de seu debate e atuação política são as eleições.

Leia também: O Afronte/Resistência (PSOL) está se preparando para entrar no PT?

Para derrubar os ataques, Bolsonaro, Mourão e os militares, precisamos nos inspirar e apoiar nos exemplos dos focos de resistência da luta de classes como a greve do metalúrgico em Betim (MG), a greve vitoriosa que ocorreu na MRV em Campinas, a luta fortíssima que os rodoviários da Carris no RS estão travando hoje contra a privatização, e a mobilização históricas dos indígenas em Brasília contra o Marco Temporal e a PL 490.

É em base a nossa luta e mobilização que podemos avançar contra esse regime Bolsonaro, Mourão e esse regime podre, e o 7 de setembro pode ser um dia para massificar a luta nas ruas e mostrar que aqui não há lugar para o bolsonarismo, o golpismo e os ataques do capitalismo. Porém, nossa luta não pode ficar por aí, nesse sentido é necessário assembleias de base para exigir das Centrais um plano de luta já articulados com greves gerais. As mobilizações em curso hoje no país, ainda que embrionárias, mostram que a disposição de luta, não podemos aceitar lutas “nas alturas”.

Assista o ED Comenta “Centrais Sindicais querem direita à frente do país”:




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