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REFUGIADOS GRECIA | Outro naufrágio, quatro crianças mortas na costa grega

A crise dos refugiados não cessa. Quatro crianças mortas em dois dias. Mais de 3000 mortes no Mediterrâneo até agora em 2015. A União Europeia propôs ajudas milionárias a Turquia para conter os refugiados em suas fronteiras.

Josefina L. MartínezMadrid | @josefinamar14

sábado 17 de outubro de 2015 | 00:00

Pelo menos sete pessoas morreram e uma permanece desaparecida depois do naufrágio de um bote de madeira em que viajavam 39 refugiados e imigrantes, que saiu da Turquia até a ilha grega de Lesbos.

A guarda costeira informou a morte de um homem, duas mulheres e 4 crianças, uma delas era um bebê. O naufrágio de ontem aconteceu um dia depois da morte de três pessoas depois da queda de uma embarcação com 21 refugiados a bordo, entre eles outra criança.

Por sua vez, um refugiado afegão morreu quinta-feira na fronteira entre a Turquia e a Bulgária, por um tiro da polícia das fronteiras búlgara.

ACNUR informou que até agora, no ano de 2015, mais de 3000 pessoas morreram no Mediterrâneo. Cada dia chegam 7000 pessoas na Grécia, e tem passado por ali mais de 450.000 desde o princípio deste ano.

Intercâmbio de favores entre a UE e Turquia

Em uma cúpula europeia, onde se tratou ontem do tema dos refugiados, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) acordaram com Turquia um plano comum para evitar a chegada massiva de refugiados nas fronteiras da UE.

Ao finalizar a reunião, Juncker anunciou que o plano tem como objetivo “assegurar que os refugiados que estão na Turquia permaneçam nesse país” e “evitar que essas pessoas viagem até a UE”.

Para isto, os Estados membros da UE, propuseram entregar ao governo turco até 3 bilhões de euros, na troca dessa contenção de refugiados. Esse exorbitante montante se explicou como uma “compensação” pelo que a Turquia tem gastado estes anos na acolhida de refugiados.

A Turquia acolhe em seu território mais e 2 milhões de refugiados, e se encontra em uma posição estratégica, entre Europa, Ásia e Oriente Médio. A maioria dos refugiados que chegam a Europa, especialmente durante a crise, vêm da Turquia. As condições de vida em precários campos de refugiados, sem possibilidades de conseguir emprego, são miseráveis. Depois de quatro anos de guerra na Síria, e sem perspectivas de que a guerra termine, os refugiados buscam chegar a Europa com a ilusão de uma vida melhor.

Por isso o governo turco se encontra em uma posição “forte” para pedir ajuda financeira a troca de “conter” os refugiados. Também pediu que a Europa, em contrapartida, acelere o processo de liberalização de vistos para os cidadãos turcos.
Em um momento, onde o governo da Turquia se encontra levado diante de uma ofensiva repressiva sem precedentes contra curdos, contra a esquerda turca, os periodistas e a oposição, a UE “compensa” Ankara como 3 bilhões em troca de frear a onda de refugiados.

Como parte das resoluções desta cúpula, os vinte oito Estados definiram maiores controles nas
fronteiras exteriores da UE e melhorar os processos de identificação, com tomada de impressões digitais dos demandantes de asilo, além de reforçar a Agência Europeia de Fronteiras Exteriores (Frontex). A ideia é que a Frontex tenha capacidade para deportar imigrantes “ilegais” com maior velocidade nos próximos meses.

O poder da televisão é que ela produz esquecimento

O cientista político francês Samir Nair criticou ontem que a “comoção midiática” que viveu durante umas semanas a Europa com a crise de refugiados foi passageira, mas que não se tomaram políticas profundas para inverter esta situação.

Referindo-se à comoção que gerou a foto do pequeno menino sírio, Aylan, disse que houve uma emoção “provocada por meios de comunicação por uma tragédia real” mas “em algun dias não se fala do assunto, o assunto se esquece”.
Nesse sentido, citou o cineasta Jean-Luc Godard, que disse que “o poder da televisão é que ela fabrica o esquecimento”




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