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Os trabalhadores vão paralisar a Argentina inteira nesse 6 de abril

No dia 6 de abril, a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) na Argentina convocou uma jornada de paralisação geral. O PTS (organização irmã do MRT na Argentina) a partir da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, colocará toda sua força para que aconteça uma paralisação real.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

terça-feira 4 de abril de 2017 | Edição do dia

Assim como sentimos na pele os ataques de Temer no Brasil, não faltam motivos para que a classe trabalhadora argentina paralise o país com força nesta quinta-feira.

É imprescindível que os trabalhadores entrem na cena política com seus próprios métodos de classe para barrar os ataques de Macri, que além de ter elogiado Temer foi o primeiro governo a reconhecer o golpe institucional no Brasil.

O presidente argentino atacou a proposta de paralisação, dizendo que “não ajuda os trabalhadores argentinos”. Em realidade, o que não “ajuda” os trabalhadores argentinos é esperar os ataques contínuos dos governos estaduais e nacional, auxiliados pelo freio que impõem as burocracias sindicais ao avanço da luta.

Motivos de sobra para “parar tudo” também na Argentina

Há motivos de sobra para parar o país. Nas últimas semanas os dados de demissões em massa na Argentina aumentaram. Uma breve lista enumeraria demissões na fábrica gráfica AGR-Clarín, em Atanor, Task Solutions, na fábrica da Puma, Sancor, Moño Azul y Easy Cencosud, entre outros. Na indústria automotriz, que depende em grande medida da saúde da economia brasileira em crise, houve suspensões nas plantas da Volkswagen em Córdoba e em Buenos Aires, assim como na General Motors em Rosario.

Dados estimados do Indec, ao final de 2016, contabilizavam 7,6% de desemprego. Segundo o Observatório da UCA, o número de pessoas em situação de pobreza aumentou 1,5 milhão desde a chegada de Macri à presidência. Mesmo assim, se contabilizamos todos os aumentos de tarifas em 2017, houve aumento de 400%.

É necessário assinalar que essa política de ajustes não seria possível sem o apoio do peronismo-kirchnerismo ao governo central em ambas as câmaras do Congresso.

Para impor seu plano de ajustes neoliberal sobre o conjunto dos trabalhadores, o governo Macri está avançando duramente sobre os professores em greve. Usa da chantagem e repressão para que os professores aceitem um salário de miséria, abrindo caminho para aplicar a mesma terapia de choque sobre outras categorias.
Mesmo assim os professores seguem protagonizando mais uma luta exemplar contra a austeridade de Macri, que lançou uma campanha furiosa contra o direito de greve, piquetes e cortes de rua por parte daqueles que estão defendendo o direito à educação pública e de qualidade.

Toda essa energia precisa ser canalizada para a paralisação de 6 de abril, para começar a impor que os capitalistas paguem pela crise.

A força da classe trabalhadora, apesar da burocracia sindical

A classe trabalhadora argentina responderá a esta política de ajustes do macrismo com uma paralisação contundente que colocará novamente os métodos operários no centro da cena. Uma importante jornada também para ser acompanhada por cada trabalhador no Brasil.

Não obstante, como a esquerda e o sindicalismo combativo estão denunciando, esta jornada chega com enorme demora. Tal como vemos no Brasil, com a CUT, CTB, Força Sindical e outras centrais dando um mês de trégua ao governo Temer para congelar o ânimo de luta dos trabalhadores, a burocracia sindical peronista em nosso país vizinho concedeu uma trégua ainda mais escandalosa de 15 meses a Macri.

Uma trégua que só se explica a partir de seu papel como casta parasitária à frente das organizações sindicais, que deveriam ser instrumentos de luta dos trabalhadores. Fazem o papel de freios, para que atrapalhar a organização de uma resposta eficaz dos trabalhadores aos ataques. A lógica é semelhante à das centrais brasileiras, quando convocam uma paralisação – necessária desde já no Brasil, porque todos exigem “parar tudo” contra as reformas – apenas para 28 de abril.

A principal figura da esquerda argentina, e referente do PTS na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, Nicolás Del Caño, assegurou que “apesar da intensa campanha do governo, a paralisação terá muitíssima adesão. Os trabalhadores farão uma demonstração contundente, porque a raiva e o descontentamento vêm crescendo, para além da direção sindical que teve um ano e três meses para convocar esta medida, reuniu-se trinta vezes com o governo e não conseguiu frear uma só demissão, enquanto que a maioria dos trabalhadores perdeu seu poder aquisitivo”.

Del Caño defendeu que

a paralisação não pode servir para ‘descomprimir’, como querem os dirigentes sindicais da CGT que já querem voltar a reunir-se com Macri, mas deve ser ativo e o início de um plano de luta até derrotar o ajuste e as demissões e por isso o sindicalismo combativo está convocando a manifestar-se nos principais acessos de Buenos Aires na primeira hora da manha desta quinta-feira, e ali estaremos acompanhando-os

A necessidade de transformar a medida em uma verdadeira paralisação nacional ativa é uma demanda de todo o sindicalismo combativo. Como disse o referente do metrô de Buenos Aires e dirigente do PTS, Claudio Dellecarbonara, “necessitamos uma paralisação geral ativa, com mobilizações aos centros do poder político do país. Precisamos de um plano de luta. Necessitamos assembléias em cada local de trabalho, para votar estas medidas e um conjunto de exigências que contenha todas as reivindicações da classe trabalhadora”.

No mesmo sentido, Dellecarbonara assinalou que

desde os setores combativos do sindicalismo e da esquerda chamaremos a paralisar mas também impulsionaremos marchas, cortes e piquetes para garantir que a paralisação seja total e para seguir exigindo uma paralisação ativa

A força da paralisação dos trabalhadores na Argentina neste 6A terá um efeito enormemente benéfico para os trabalhadores no Brasil, uma vez que uma forte resistência aos ajustes na Argentina pode levantar a moral de luta e organização aqui em nosso país. Toda a solidariedade internacional. Chamamos nossos leitores do Esquerda Diário a acompanhar cada detalhe desta ação operária conosco.




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