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RIO GRANDE DO SUL | Os professores do RS e rodoviários de Porto Alegre devem se unir contra Leite e Marchezan

terça-feira 10 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Dois ataques contundentes a duas categorias importantes no estado do Rio Grande do Sul: professores do estado e rodoviários de Porto Alegre.

De um lado, uma categoria que vem amargando congelamento salarial há cinco anos, atrasos e parcelamentos salariais há quatro anos, desrespeito cotidiano e falta de valorização inacreditável. De outro lado, uma categoria que move a cidade de Porto Alegre todos os dias com baixos salários, poucos direitos, assédios frequentes e ameaça de demissão constante.

Uma categoria está ameaçada de ter seu plano de carreira destruído pelo governo de Eduardo Leite. Os contratados, que há anos sofrem com condições mais precárias de trabalho, estão sendo fortemente ameaçados também. Querem enquadrar os professores na reforma da previdência de Bolsonaro e rebaixar brutalmente o salário do conjunto da categoria. Tudo orquestrado pelo governador que a cada dia que passa mostra que segue o caminho de ataques neoliberais deixados por Sartori.

Os rodoviários de Porto Alegre nesse momento sofrem um ataque importante: a extinção da obrigatoriedade dos cobradores nos ônibus da capital – medida que, se aprovada, servirá de exemplo para toda a zona metropolitana e o estado como um todo. Na prática, a medida de Marchezan, também do PSDB, pode levar mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras para a rua, ampliando os já altíssimos índices de desemprego da capital. Sem contar a ampliação da precarização do serviço de transporte público, bem como aumentar os riscos no trabalho do motorista e que cumprirá dupla função, colocando em risco todos os usuários de transporte.

Ou seja, trata-se de ataques em curso que servem para destruir os serviços públicos da cidade, aumentar os lucros dos empresários dos transportes, avançar na privatização da educação pública e atacar os direitos da maioria da população que depende de transporte e educação públicos. Somam-se a esses ataques o fechamento do Imesf por parte de Marchezan, levando à demissão de 1800 trabalhadores da saúde e fechamento de postos de saúde, bem como o congelamento salarial dos municipários, que amarga a três anos sem reajuste digno. Os governos estadual e municipal vieram para arregaçar com o emprego e direitos sociais dos trabalhadores e da população pobre do estado, tudo em nome de uma suposta “modernização”. Trata-se, na verdade, do avanço do neoliberalismo no Rio Grande do Sul. Ganham os ricos e poderosos, perdem os trabalhadores e os mais pobres.

É necessário unir as duas lutas de forma a golpear com um só punho Leite e Marchezan. O ataque visa objetivos semelhantes, mas nesse momento as lutas estão separadas. Os professores estão em greve há algumas semanas, numa greve muito forte e histórica como vem demonstrando. São inúmeras escolas paradas e toda semana o centro de Porto Alegre é ocupado por milhares de professores, estudantes e servidores de outras categorias para protestar contra o governo. Nessa segunda-feira (9) os rodoviários de Porto Alegre fizeram um protesto durante poucas horas que foi o suficiente para parar vias importantes da capital. Nessa quarta-feira (11) eles vão à câmara municipal protestar contra o projeto de lei de Marchezan.

Por que não unir as duas lutas? A unificação dessas duas forças é capaz de emparedar ambos os governos em uma demonstração de forças única. Ações de professores junto aos rodoviários nas garagens desde manhã, por exemplo, poderia dar ampla visibilidade às duas lutas, emparedando os governos. Um ato unificado a tarde na capital, que marchasse pelas principais avenidas de Porto Alegre, ativando nas ruas o já existente amplo apoio popular que existe à greve da educação, poderia ser uma grande demonstração de forças da classe trabalhadora. Ações coordenadas da categoria e apoiadores certamente encontraria na população usuária dos transportes e na comunidade escolar grande apoio, permitindo um processo de luta muito superior ao que existe hoje, à altura dos desafios colocados. Junto às duas categorias, unir também os trabalhadores do Imesf e os municipários de Porto Alegre para engrossar o caldo da mobilização.

Uma força unificada dessas é capaz de dobrar os governos e impor as suas demandas – ou seja, não apenas barrar o projeto de lei de Marchezan e o pacote de Leite, mas avançar em um programa que faça com que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram, e não os trabalhadores e a maioria da população.

Uma unidade dessas conta com dois grandes empecilhos: a direção central do CPERS, ligada ao PT e ao PCdoB e a direção do sindicato dos rodoviários, hoje controlada por setores ligados à UGT. Ambos trabalham para manter as lutas “cada uma no seu quadrado”, de maneira inofensiva aos planos da patronal e dos governos, impedindo com que a agenda neoliberal seja golpeada com força unificada por duas categorias importantes no estado. Apostam na pressão parlamentar, e não na organização e unidade dos trabalhadores É preciso superar essas direções e levantar a bandeira da unificação das lutas, junto aos demais servidores e outras categorias em curso, a fim de avançar nessa perspectiva de ampliação das forças.




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