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MARIELLE FRANCO | Os policiais presos pela morte de Marielle tinham conexões com a família Bolsonaro

Desde que despontou o primeiro fio solto, crescem as ramificações que interligam o clã Bolsonaro e as milícias do Rio de Janeiro, que estão por detrás, entre tantos outros crimes, do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.

quarta-feira 13 de março de 2019 | Edição do dia

No dia em que a polícia prendeu dois suspeitos de serem os executores do crime, tivemos a divulgação do mais recente elo de ligação entre essas duas pontas: Ronaldo Lessa, policial militar reformado que segundo as investigações da polícia foi o autor dos disparos, era vizinho do presidente Jair Bolsonaro.

Os pontos de contato já são tantos, e dos mais diversos, que Bolsonaro e seus filhos não podem mais se safar alegando tratar-se apenas de mera coincidência. A ligação entre os fios já compõe uma imagem suficientemente nítida, que não pode mais ser ignorada. Mas para visualizá-la é necessário retomar todos os fios que despontaram até o momento:

A primeira ponta dessa trama que despontou foi a relação do assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, o motorista Fabrício Queiroz, com as milícias. Amigo íntimo da família Bolsonaro, Queiroz, quando estava se escondendo das investigações da PF, em relação a movimentações bancárias suspeitas no gabinete do deputado, foi procurar refúgio no bairro de Rio das Pedras, área dominada por milícias. Queiroz além de estar a frente do esquema de lavagem de dinheiro e confisco dos salários de funcionários do gabinete de Flávio, também era o elo de ligação do clã com as milícias de Rio da Pedras.

Queiroz, aliás um ex-policial militar, foi o responsável segundo o filho presidencial por empregar em seu gabinete a funcionária Raimunda Veras Magalhães, que aparece no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como uma das pessoas que fizeram depósitos para o ex-motorista.

Raimunda Magalhães por “coincidência” é a mãe de Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como chefe das milícias de Rio das Pedras, e do “Escritório do Crime”, grupo que reúne policiais e ex-policiais contratados como matadores de aluguel. Além de Raimunda, também Danielle Mendonça da Costa da Nobrega, esposa do miliciano, trabalhou no gabinete de Flávio.

Se as relações indiretas não bastassem, o próprio Adriano foi homenageado por Flávio com direito a moção de louvor e congratulações na Alerj em 2003- a lista de homenageados por Bolsonaro aliás poderia ser facilmente transposta para uma lista de milicianos. Junto com Adriano, Ronald Paulo Alves Pereira, ex-capitão do Bope, recebeu a homenagem do deputado em 2004. Novamente juntos, em 22 de janeiro, durante a operação Os Intocáveis, os dois foram presos, já vinculados às investigações em relação ao caso Marielle.

A ligação da milícia com a morte de Marielle começou a ser investigada por ter sido o local de partida do veículo Cobalt, do qual saíram os disparos que alvejaram a vereadora e seu motorista.

O autor dos disparos, segundo as investigações, foi Ronald Lessa. Enquanto esteve na ativa o ex-policial trabalhou no 9º BPM Rocha Miranda, chefiado pelo tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, condenado a 36 anos de prisão por ser mandante da execução da juíza Patrícia Acioli, em 2011. A juíza foi a responsável por determinar a prisão de cerca de 60 militares com ligação a grupos milicianos e de extermínio.

Ronald Lessa também possuía uma ligação direta a Bolsonaro, era vizinho de condomínio do presidente. O condomínio de alto padrão Vivendas da Barra, localizado em frente à praia da Barra da Tijuca, cujo valor do aluguel gira em torno de R$ 8.000,00. Lessa e Bolsonaro moravam na mesma rua, a rua C do condomínio. E segundo informação confirmada pelo investigador responsável pelo caso, Giniton Lages, um dos filhos do clã Bolsonaro namorou a filha de Lessa, em um fato concreto que demonstra a proximidade das famílias.

A abundância de intersecções entre o clã Bolsonaro e as milícias do Rio de Janeiro já seriam mais do que suficiente para que a Justiça apurasse até onde vão tantas aproximações. O fato é que a presidência da República nunca residiu tão próximo a milicianos. Entretanto, o investigador responsável pelo caso declarou que o tema será enfrentado “no momento oportuno”, demonstrando também os fios e laços que amarram a justiça burguesa. A execução de Marielle foi um crime cometido pelo Estado, não podemos deixar que somente este Estado, que tem seus vínculos com o assassinato, controle os rumos das investigações.

É urgente exigirmos que o Estado garanta recursos e todas as condições para a realização de uma investigação independente, disponibilizando materiais, arquivos para organismos de direitos humanos, peritos especialistas comprometidos com a causa, e que parlamentares do PSOL, representantes de organismos de direitos humanos, de sindicatos, de movimentos de favelas, etc, que sejam parte da investigação.

É preciso construir uma forte mobilização para impor ao Estado uma investigação independente que chegue nos mandantes da morte de Marielle!




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