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NASA DIVULGA IMAGEM DE ESTRELA EM FORMAÇÃO | Os movimentos primitivos do ciclo estelar

Uma fotografia divulgada pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) no dia 21 de novembro foi um fato importante da Astronomia no último mês e desvenda um episódio do ciclo estelar. Através desta simples imagem questões aparentemente extremamente complexas e misteriosas, sobre a formação de estrelas (como o nosso Sol), são desvendadas.

quarta-feira 7 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Claro que o fato de estarmos falando de coisas muito distantes torna tudo um pouco “incomum”. Pelo menos para a maioria de nós, que vivemos acostumados a usar termos e palavras que se referem a coisas que estão a apenas poucos metros - ou quilômetros que sejam; quilômetros não deixam de ser “poucos metros” quando falamos de distâncias astronômicas. Neste caso estamos falando de coisas que se movem a uma distância de dezenas de milhares de anos-luz.

A fotografia foi capturada pelo laboratório da Nasa chamado “Chandra X-ray Observatory and the Smithsonian’s Submillimeter Array (SMA, sigla em Inglês)”, que captura imagens espaciais em alta definição através de raio-X. Em resumo esse equipamento faz isso porque buracos negros ou estrelas muito massivas, com “forças gravitacionais” muito poderosas, “engolem” outras estrelas e isso gera raios-X que chegam até nosso planeta. Através dos equipamentos estes raios-x podem ser transformados em imagens.

Acontece que em 2003, através desta visão em raio-x de alta definição, cientistas localizaram um objeto desconhecido bastante próximo de uma conhecida “estrela dupla” (Binário de raio X), chamada Cygnus X-3. Este objeto foi identificado como uma nuvem carregada de gás que estaria refletindo os raios-x da estrela Cygnus X-3. Foi observado que este objeto é muito menor do que a massiva Cygnus X-3, então este objeto foi apelidado de a “Amiguinha”. E em 2013 foi estipulado que a massa da “amiguinha” é equivalente a aproximadamente 23 ou 24 vezes maior à massa do nosso Sol – imaginem o tamanho da “amigona” Cygnus X-3.

Depois foi descoberto que havia grande quantidade de monóxido de carbono, que nestas situações serve como uma espécie de “cola” que aproxima os “grãos” de matéria que formam essa nuvem de poeira espacial. E posteriormente foi descoberto um “jato de matéria”, um movimento, ou um fluxo, circular dentro desta nuvem chamada de “amiguinha”. Por isso, os cientistas identificaram que se trata, muito provavelmente, de um “Glóbulo de Bok”, um nome “diferente”, dado para uma formação espacial que se faz propícia ao nascimento de novas estrelas.

É a primeira vez que um Glóbulo de Bok (a amiguinha) é visto através de raio-x. Também é o Glóbulo de Bok mais distante jamais registrado. Por isso, estas descobertas representam também importantes avanços tecnológicos.

Outro aspecto interessante da pesquisa é que permite medir de forma precisa a distância da Cygnus X-3, algo muito difícil do ponto de vista astronômico. Através da variação na onda (senoidal) do raio-x é possível calcular a distância percorrida pela mesma, e com a descoberta de outro objeto muito próximo da Cygnus X-3 foi possível comparar a variação das ondas refletidas e fazer um cálculo de que a Cygnus X-3 está a 24000 anos-luz da terra.

Por sua vez, esta medição de distância levou a novas teorizações sobre a formação da própria Cygnus X-3, já que foi descoberto que a mesma se encontra longe do local mais comum para o aparecimento de uma estrela deste tipo (normalmente aparecem nos braços espirais da Via Láctea e neste caso está deslocada desta região da galaxia). O fato está sendo explicado teoricamente como resultado de um deslocamento causado pela imensa explosão da supernova que originou a estrela massiva que faz parte da Cygnus X-3 (um buraco negro ou estrela de neutrons). A explosão teria “chutado” a Cygnus X-3 com uma velocidade que varia entre 645 mil e os 3,2 milhões quilômetros por hora.

Conclusão

O que está acontecendo nesta imagem é que estamos vendo uma estrela nascer. As mudanças na matéria durante o nascimento da estrela liberam uma “luz”, que nossos olhos não podem ver – em forma de raios-X -, mas o sensor do laboratório “Chandra” pode captar. Ou seja, não há segredo, de forma simples, estamos literalmente fazendo um “raio-X” (no sentido do exame popular, mas sem os efeitos colaterais danosos próprios da aplicação desta tecnologia no corpo humano) da estrela em nascimento.

Assim, a “Amiguinha” foi identificada como uma formação “para nascer estrelas”; nada mais, nada menos, que uma nuvem de poeira espacial expelida por uma estrela “binário de raio-X” que, explicando de forma simples, vai ficar girando, em um fluxo em relação com a gravidade da estrela massiva no meio da Cygnus X-3, gerando muita energia e, através desse movimento e energia, serão geradas muitas reações químicas que, por sua vez, darão uma nova forma para esta matéria, e assim através desta matéria em movimento uma nova estrela vai nascer.

Não há nada de “divino” neste movimento; nenhuma necessidade de nenhuma força exterior, de nenhum misticismo ou inteligência superior. Também não há nada que não possa ser entendido e posto à prova, ou seja, não há nada que separe totalmente estes movimentos astronômicos – que aconteceram a dezenas de milhares de anos atrás e que só hoje estamos podendo ver - da possibilidade de compreender e de serem colocados à prova na prática pela inteligência humana. Nada que não possa ser entendido pela relação de diferentes jeitos de existir e de diferentes movimentos das coisas, dependendo das mudanças constantes no que são feitas. Através dos choques, junções, explosões, o movimento destes objetos os fazem passar por gigantescas transformações.

Se nem sempre estes fatos parecem ser simples, é também porque a verdadeira ciência é muito distante do cotidiano da classe trabalhadora e do povo. Pois, além da vida corrida e cansativa devido à exploração do trabalho que não oferece tempo e condições para o estudo e prática da ciência por parte dos trabalhadores, também tem a operação ideológica da grande mídia, da indústria cultural e das instituições estatais “oficiais” da ciência, que tentam transformar a ciência em uma cultura onde, frequentemente, grandes descobertas científicas são popularizadas como sendo o seu oposto (como no caso do bóson de Higgs, que foi popularizada como sendo simplesmente uma “partícula de Deus”) ou esvaziadas de conteúdo filosófico e político. Ou então buscam afastar a ciência de uma perspectiva formadora de uma concepção global de mundo.

Nós marxistas, pelo contrário, temos historicamente aproximado e reivindicado a ciência de sua perspectiva profunda, revolucionária e formadora no sentido do materialismo dialético; ou seja, como formadora de uma concepção filosófica profundamente científica e livre dos preconceitos místicos, metafísicos e idealistas. Por isso, a perspectiva revolucionária marxista também se encaixa profundamente no campo da ciência exata e aplicada à tecnologia, para sua análise, prática e desenvolvimento sem precedentes.


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