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USP | Os estudantes da USP precisam rechaçar o Estatuto de Conformidades e a PM no campus

Há poucos dias no Conjunto Residencial da USP (CRUSP), a Polícia Militar entrou em um dos prédios da moradia atrás de um estudante, acusado de ser morador irregular do CRUSP. Por que a luta contra a PM no campus e o Estatuto de Conformidades é parte da luta nacional em defesa da educação?

terça-feira 25 de maio de 2021 | Edição do dia

Em primeiro lugar, as liberdades que a Reitoria garante à PM para circular e fazer o que bem entender na moradia é uma afronta a nós estudantes e à comunidade universitária. Segundo, é escandaloso que um estudante que precise de moradia para se manter no curso seja abordado pela PM, um reflexo da política da Reitoria que não garante aos estudantes mais pobres permanência estudantil de qualidade, e sim a repressão.

Se vivemos mundialmente os tempos da precarização do trabalho, com a terceirização, uberização e trabalhos como telemarketing e estágios precários vem sendo as vias mais comuns da juventude buscar uma fonte de renda em meio a uma crise econômica, onde na qual os capitalistas tentam jogar nas costas da classe trabalhadora a responsabilidade de uma crise que não criamos. Na universidade isso não seria diferente, e, à sua maneira, o avanço da precarização também chega nos campus universitários.

Hoje, a esmagadora maioria de nós, estudantes universitários no Brasil, não estamos tendo aulas presenciais, e assim os campi se tornaram em um grande vazio; porém, as Reitorias não só implementaram o Ensino Remoto de maneira totalmente unilateral, sem ouvir as necessidades e problemas dos estudantes e professores, mas também mantiveram as suas trabalhadoras terceirizadas na ativa com o campus vazio, ameaçando-as constantemente de demissão.

Aqui na Universidade de São Paulo, que brada ser uma das melhores universidades da América Latina, o atual reitor Vahan e a burocracia universitária de conjunto tentam avançar implacavelmente contra a auto organização dos estudantes, professores e trabalhadores, aprovando um Estatuto de Conformidades que caracteriza como passíveis de expulsão e demissão aqueles que protestarem contra os ataques da Reitoria em conjunto com o governo estadual do PSDB e Doria.

Nós, estudantes, somos convocados pela realidade para lutar contra esse avanço autoritário dos governos e da Reitoria USP, esta que tenta aproveitar o esvaziamento do campus para se preparar contra mobilizações dos três setores da universidade quando tentarem aplicar ataques e cortes ainda mais profundos na estadual paulista, como agora está ocorrendo nas universidades federais. O Estatuto de Conformidades e com a consolidação de uma base da PM ao lado do CRUSP - sendo a primeira por via "legal" de assediar e reprimir, e a outra de forma ostensiva - mostram como a Reitoria busca abrir brechas para se localizar nessa conjuntura reacionária, garantindo mecanismos implacáveis para sufocar qualquer expressão contrária seu projeto elitista e privatista de Universidade. Além disso, já conhecemos os métodos e a função social da polícia, que tornam clara a ilusão de reformá-la para um modelo mais “humano”. Basta ver a tragédia de chacinas bárbaras como em Jacarezinho, em que uma operação montada pela Polícia Civil, a mando do governador Claudio Castro e o racismo escancarado de Bolsonaro e Mourão, mostra como todo regime político se alinha para reprimir e assassinar a população e a juventude negra, periférica e trabalhadora.

Não bastasse toda situação degradante que vivemos na pandemia, de mais de 450 mil mortes pelo coronavírus e o desemprego assolando a classe trabalhadora, fruto do negacionismo do governo Bolsonaro e a demagogia dos demais agentes do regime golpista, esses setores tentam fechar universidades. Enquanto perdoam milhões de reais em dívidas da Igreja, olham para a juventude como um poço para descarregar sua crise.

Por isso, nós do Coletivo Faísca, achamos que nesse dia 29 de maio contra os cortes na educação, é papel dos estudantes da USP encabeçar uma luta contra o Estatuto de conformidades e contra a PM no campus. Nós enxergamos esses ataques como parte do mesmo plano da burguesia, que tanto no âmbito universitário quanto no nacional, na pele de Bolsonaro, Mourão, mas também das reitorias e governadores, quer nos fazer pagar pela crise com os cortes na educação e os ataques que precarizam nossas condições de vida, de trabalho e do ensino como um todo.

Nesta quarta-feira, 26, está sendo convocada pela gestão Nossa Voz do DCE (composta pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude) a primeira Assembleia Geral dos estudantes da USP em um ano e meio, que terá como pauta nossa adesão aos atos do 29 de maio. É preciso que o nosso DCE construa massivamente este espaço, em cada curso e também no CRUSP, para seja verdadeiramente democrático e representativo - organizando cada estudante para unificar nossa luta em defesa da moradia e da permanência estudantil, contra a PM no campus e o Estatuto de Conformidades da USP com a mobilização nacional em defesa da educação pública, ao lado das universidades federais e da luta do movimento negro contra a violência policial. A defesa do CRUSP é uma tarefa de todo movimento estudantil! Chamamos também os diversos setores que vêm se articulando em torno deste tema, as organizações da esquerda e demais entidades como a Amorcrusp e os Centros Acadêmicos, a tomarem conosco a tarefa de unificar nossa mobilização nas ruas rumo ao dia 29.




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