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CORONAVÍRUS | Os EUA estão usando o COVID-19 como uma oportunidade para roubar terras indígenas

Em meio à pandemia do COVID-19, o governo dos EUA anunciou uma medida que eliminaria a jurisdição da tribo Mashpee Wampanoag sobre sua própria terra. Não é um acidente que esse ataque recente sobre a soberania e território indígena esteja sendo conduzido durante um momento em que é difícil se organizar e resistir, embora não impossível.

terça-feira 7 de abril de 2020 | Edição do dia

Na sexta-feira, 27 de março, enquanto a pandemia do COVID-19 continuava a se espalhar pelo mundo e os casos confirmados nos EUA superavam os 100,000, os Mashpee Wampanoag, localizados no que é chamado Massachusetts, descobriram que sua reserva será removida do truste do governo federal americano. Isso essencialmente significa que eles não terão mais soberania sobre sua própria terra.

A medida do Secretário do Interior dos Estados Unidos é um favor pessoal ao Presidente. Os Mashpee Wampanoag querem construir um cassino em sua terra, o que poderia criar competição com os negócios de cassinos de propriedade de um associado próximo a Donald Trump. A soberania indígena é sempre vista como uma barreira para a acumulação de riqueza para os capitalistas e seus estados coloniais de ocupação. Esse ataque recente é mesquinho, mas tem consequências profundas: poderia causar uma avalanche de medidas similares contra qualquer tribo reconhecida federalmente após 1934 – a maioria das tribos no nordeste dos Estados Unidos. De acordo com Womsikuk James, um Aquinnah Wampanoag, isso poderia ser o começo de um “futuro sombrio... em que centenas de outras nações tribais, incluindo a minha própria... irão perder suas reservas, suas terras, e, no processo, seus direitos de autodeterminação como nações tribais.” Essa é a tentativa mais recente em um longo histórico de violência colonialista de ocupação contra povos indígenas, com o objetivo de apagar a existência de pessoas indígenas na América do Norte e no resto mundo.

Os Mashpee Wampanoag veem essa última tentativa de roubo de terras como algo conectado à história e à realidade continuada de colonialismo de ocupação, e pretendem revidar. “Nós sobrevivemos, e vamos continuar sobrevivendo”, escreveu Cedric Cromwell, também conhecido como Qaqeemasq (Running Bear), líder dos Mashpee Wampanoag. “Essas são nossas terras, as terras de nossos antepassados, e essas serão as terras de nossos netos. Essa presidência chegou e irá embora, mas nós estaremos aqui, sempre.”

Outro membro dos Aquinnah Wampanoag, Kisha James, tweetou: “O fato de eles anunciarem isso no meio de uma crise global é perverso. A crueldade do colonialismo de ocupação não tem limites”. O momento da decisão não é um acidente. O COVID-19 tem tornado extremamente difícil que comunidades e ativistas se organizem contra abusos novos e antigos, porque as pessoas estão presas em suas casas, lidando com condições de emprego cada vez mais precárias e entes queridos doentes. Aqueles que ainda precisam trabalhar fora de casa são forçados a se expor à infecção no local de trabalho, mas encaram repressão policial quando se organizam e em contextos sociais. O estado colonialista de ocupação sabe disso e está usando a crise para avançar medidas terríveis e para retomar invasões em terras indígenas. Por exemplo, a construção de um gasoduto em Wet’suwet’en no chamado Canadá continua, embora reuniões públicas tenham sido canceladas. Ao invés de fornecer os fundos necessários para lutar contra o vírus e tratar as comunidades, o governo do Canadá e da Austrália enviaram sacos para cadáveres às comunidades indígenas. Recentemente, três estados aprovaram leis criminalizando protestos contra gasodutos, inspirados pelas duras leis na Dakota do Sul após a oposição Standing Rock contra o gasoduto Keystone XL.

O estado colonialista de ocupação tem pouco interesse em oferecer auxílio para a grande maioria nessa crise e menos interesse ainda em tomar as medidas necessárias para resolver essa crise. O Estado Capitalista e seus partidos não têm intenção alguma de oferecer auxílio para a classe trabalhadora, ou de consertar o sistema de saúde que desmorona, ou de atender as necessidades das pessoas em geral. Ao invés disso, eles estão usando essa crise como uma oportunidade para atacar os mais marginalizados como forma de consolidar suas próprias riquezas e poder. O estado colonialista de ocupação tem provado, de novo e de novo, que usará qualquer desculpa e qualquer crise para pressionar a soberania Indígena e infligir violência em pessoas indígenas, suas comunidades e sua terra para seus ganhos próprios. A pandemia do COVID-19 não provou nada diferente disso.




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