Sob o lema “Pôr fim ao #GenocidioemGaza é uma questão feminista” uma dúzia de organizações de mulheres palestinas convocam a realizar mobilizações em todo o mundo este fim de semana do dia 11 ao 12 de novembro. Publicamos abaixo o comunicado.
sexta-feira 10 de novembro | Edição do dia
Em todo o mundo se esperam mobilizações multitudinárias nesse final de semana. Em países como os Estados Unidos, Reino Unido, França, Estado Espanhol e Alemanha o número de manifestantes vem crescendo até superar as centenas de milhares nas grandes cidades. No mundo árabe as mobilizações são multitudinárias e exigem um cessar fogo imediato. Na América Latina, começou a se destacar na última semana ações do México, Chile e Venezuela. Na Argentina se prepara uma nova mobilização esse sábado convocada pelo Comitê de Solidariedade à Palestina. O comunicado oficial será emitido nas próximas horas. Publicamos abaixo o chamado das organizações de mulheres palestinas.
Os movimentos de mulheres vem sendo historicamente fundamentais nas lutas contra a opressão, a discriminação, o colonialismo e o militarismo. Com o mesmo espírito, e em resposta ao genocídio que Israel está levando à frente em Gaza, nós, os sindicatos de mulheres e os movimentos de base que representam as mulheres palestinas dentro do Palestina histórica e em exílio, fazemos um chamado às mulheres e organizações de mulheres de todo o mundo para que aumentem suas vozes e se levantem, especialmente no dia da ação mundial do dia 11 e 12 de novembro, pra apoiar nossa luta para por fim a esse genocídio.
Nossa exigência imediata é um cessar fogo, a interrupção do assédio e a livre entrada de ajuda humanitária em Gaza. Porém, para que isso ocorra, necessitamos de uma pressão significativa para pôr fim a todos os vínculos militares e de segurança, bem como aos acordos habituais com Israel. Pedimos que se organizem ações de rua quando possível, que se iniciem declarações de solidariedade e se façam campanhas estratégicas e criativas para cortar todas as relações de cumplicidade estatal, corporativa e institucional com Israel, como se fez contra o Apartheid na África do Sul!
Se não agora, quando?
Desde 7 de outubro, o apartheid israelense já assassinou mais de 9500 pessoas palestinas em Gaza, entre elas mais de 2500 mulheres e cerca de 4000 crianças. Israel está levando à frente o que especialistas da ONU, 880 acadêmicos internacionais, inclusive especialistas em genocídio, um ex-funcionário de alto cargo na ONU e um número crescente de Estados tem descrito como um genocídio contra os 2,3 milhões de palestinos da Faixa de Gaza ocupada e assediada.
Nas últimas semanas, Israel bombardeou indiscriminadamente bairros civis inteiros, hospitais, escolas, igrejas e mesquitas; foi realizada uma limpeza étnica de 1,5 milhões de pessoas, foi cortada a distribuição de água, alimentos, combustível e remédios, convertendo Gaza, que há mais de 16 anos é uma prisão a céu aberto, o que um ex-funcionário da ONU denomina “o maior campo de extermínio ao ar livre do mundo”.
Se não agora, quando?
No mesmo período, as forças militares da ocupação israelense e os colonos armados fascistas têm intensificado seus pogroms [1]; desalojamentos forçados, homicídios intencionados, sequestros aleatórios e tortura de pessoas palestinas trabalhadoras, agricultoras e jovens; detenções e repressão extrema na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental.
Contextualizando o atual genocídio que está se desenvolvendo no regime israelense de 75 anos de colonialismo de colonos e apartheid, o alto funcionário da ONU Craig Mokhiber escreveu antes de se demitir: “O projeto europeu etnonacionalista, colonial de colonos na Palestina tem enfrentado sua fase final tendo em vista a destruição acelerada dos últimos restos de vida palestina indígena na Palestina".
Entretanto, a classe dirigente colonial ocidental antipalestina, ao lado dos seus meios de comunicação profundamente racistas e desumanizantes, segue armando, financiando e protegendo Israel da “prestação de contas”, permitindo assim o genocídio em curso. Vários Estados do Sul global seguem comprando armas, programas de espionagem e treinamento militar de Israel, alimentando assim seu arsenal genocida.
As mulheres palestinas estão há décadas lutando contra a intersecção de opressões nacionais, sociais e econômicas, denunciando o núcleo patriarcal inerente ao regime de opressão de Israel.
Estamos intensificando as campanhas de pressão do Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) [2] contra o apartheid israelense e, simultaneamente, para pressionar os governos para:
- Implantar um cessar fogo imediato e garantir insumos sem bloqueios de ajuda vital à Gaza
- Rechaçar qualquer migração forçada da população
- Garantir proteção da ONU aos palestinos feridos pelo assédio israelense em Gaza
- Impor um amplo embargo militar e de segurança a Israel, assim como outras sanções para pôr fim a sua própria cumplicidade
- Exigir uma CPI que investigue os crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo o delito de genocídio e apartheid, levados adiante por Israel
Esse momento é a prova de fogo não só para o direito internacional e o marco global de direitos humanos, como também para a humanidade e o significado real de justiça e liberdade.
Se não agora, quando?
Assinam:
- União Geral de Mulheres Palestinas (GUPW)
- Federação Palestina de Comitês de Ação de Mulheres
- União de Comitês de Mulheres Palestinas (UPWC)
- Mães - sociedade escolar
- Angariação de fundos de mulheres por justiça e igualdade (ERADA)
- Bloqueio de luta das mulheres
- Associação Social Al-Najdeh para o Desenvolvimento da Mulher Palestina
- Campanha de mulheres para boicotar os produtos de Israel
- Associação de funções para a mudança social
- Iniciativa Palestina para a Promoção do Diálogo Global e a Democracia (MIFTAH)
- جمعية العمل النسوي Associação de Ações Femininas
[1] Perseguição deliberada de um grupo étnico ou religioso, aprovado ou tolerado pelas autoridades locais
[2] Um movimento que trabalha para terminar com o apoio internacional à opressão dos palestinos por parte de Israel e pressionar a Israel para que cumpra com o direito internacional.