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INTERNACIONALISMO | Operários argentinos comprovam: a luta pode frear a reforma trabalhista

Na argentina os trabalhadores da PepsiCo protagonizam uma importante batalha contra a patronal que quer fechar a fabrica. Nessa semana o jornal Clarin, um dos maiores do país, noticiou que essa luta fez adiar o projeto do governo Macri de implementar uma reforma trabalhista. Esse fato só foi possível porque os trabalhadores se mostraram irredutíveis na luta, superaram suas direções burocráticas, conquistando apoio popular e com a presença decidida da esquerda revolucionária do PTS, que colocou todas suas forças para o triunfo do conflito.

Isabel Inês São Paulo

domingo 16 de julho de 2017 | Edição do dia

A burguesia brasileira quer nos fazer engolir a reforma trabalhista como algo "natural", "que vai passar de qualquer jeito" não importa o que decidam os trabalhadores. As burocracias das centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical) colaboram nesse opinião dos empresários, boicotando a greve geral do dia 30 de junho e negando-se a organizar qualquer luta para anular essa reforma.

A partir disso, querem impor a ideia de que "não há como resistir", disciplinar os trabalhadores a aceitarem calados essa reforma dos sonhos para industriais, fazendeiros e banqueiros. Mas não é verdade que somos obrigados a engolir esse ataque; para barrá-lo, é preciso organizar e preparar o combate. Nossos irmãos de classe na Argentina mostraram que é possível.

Na Argentina os trabalhadores da empresa de alimentos PepsiCo protagonizam uma importante batalha contra a patronal que quer demitir 600 trabalhadores e fechar a fábrica (para produzir em outro lugar com salários mais baixos). Os trabalhadores decidiram resistir.

Organizaram assembleia para decidir o rumo do conflito, levaram um plano a ser discutido pelo sindicato da alimentação argentino (STIA), dirigido pelo burocrata milionário Rodolfo Daer, que abandonou os trabalhadores desde o início, ajudando a patronal e o governo. Os trabalhadores então passarm por cima da burocracia sindical que queria impedir a luta. Se organizaram em assembléia e garantiram a ocupação da fábrica, conquistando solidariedade de trabalhadores de outras fábricas e apoio de amplos setores sociais, resistindo a pressão da patronal, do governo e da repressão policial, cujo ataque brutal para despejar a fábrica ganhou amplo repúdio nacional.

Essa ação decidida transformou esse conflito em um grande tema nacional obrigando o governo a retroceder em uma pauta que atingiria a todos os trabalhadores.

Nessa semana o jornal Clarín, um dos maiores do país, noticiou que a luta dos trabalhadores da fábrica PepsiCo obrigou o governo Macri a frear o anúncio da reforma trabalhista, semelhante a que Temer aprovou no Brasil. Esse fato só foi possível porque os trabalhadores se mostraram irredutíveis na luta, superaram suas direções burocráticas, conquistando apoio popular e com a presença decidida da esquerda revolucionária do PTS, que colocou todas suas forças para o triunfo do conflito.

Contra os céticos e os derrotistas, essa importante luta deu exemplo da força dos trabalhadores para entrarem como sujeitos na política nacional e influenciar nos seus rumos, ganhando apoio da população e obrigando o governo a retroceder em um importante ataque, que é a provação da reforma trabalhista.

Essa luta prova que a resistência nas ruas e nas fábricas, nos serviços, nas escolas e universidades, pode sim frear a reforma trabalhista de Temer e do Congresso corrupto no Brasil!

A burocracia sindical como freio e instrumento dos interesses do governo e patronal

A burocracia sindical na Argentina, como no Brasil, tentou impedir o desenvolvimento do conflito negando um plano de luta, e dizendo que era impossível lutar e que deveriam aceitar indenizações, e que a resposta deveria ser “nas urnas”. Frente a aprovação da reforma trabalhista aqui, o que vimos foi aceitação completa das centrais sindicais, a Força Sindical negociando diretamente com o governo assimilando dos mesmos métodos corruptos. E as centrais petistas, CUT e CTB, sendo cúmplices da traição da força no dia 30 de junho, seguiram numa paralisia impedindo a resistência dos trabalhadores contra a reforma.

A CUT e CTB vieram desde o inicio do ano tentando transformar toda a indignação dos trabalhadores em força para elegerem Lula. Essa política de tirar a luta das mãos dos trabalhadores e levá-la a arena institucional é tão traidora quanto a da burocracia sindical na Argentina: serve apenas para seus interesses burocráticos de privilégios e camarilha. É contrario a organização dos trabalhadores e seus interesses, impossibilitando qualquer vitória e se mantendo em cima de desmoralizar os trabalhadores.

O combate contra essas burocracias é a única forma de garantir a vitória. Os trabalhadores da PepsiCo seguiram na luta passando por cima da burocracia sindical, se organizando em assembléias e pensando um plano de luta audaz, que extrapolasse o âmbito corporativo, isso foi parte de transformar esses trabalhadores em uma pauta nacional.

Tomar essas lições e ver bem as traições abertas que a Força Sindical está realizando e a omissão da CUT e CTB, deve se transformar em uma força para impedir novas traições e desvios. Assim como assimilar os processos históricos e internacionais, como este de PepsiCo, cujas reflexões estratégicas publicamos aqui. Nesse ponto a atuação do PTS (Partido dos Trabalhadores Socialista, irmão do MRT) foi fundamental, colocando todas suas forças no conflito atual, usando as lições das experiências conquistadas em outros conflitos.

Aprendamos com nossos irmãos de classe: é possível organizar a luta para vencer os capitalistas!




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