O presidente norte-americano estendeu por mais um ano o bloqueio econômico imposto a Cuba há 50 anos sob a chamada lei de Comércio com o inimigo, um estatuto de quase 100 anos.
quarta-feira 14 de setembro de 2016 | Edição do dia
Fotografía:EFE/DENNIS BRACK/POOL
Hoje quarta-feira vencia o prazo para que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se pronunciasse sobre o bloqueio comercial que mantém sobre Cuba desde 1962, quando John F. Kennedy aplicou a lei de Comércio com o inimigo, de 1917, que sustenta o embargo. A resposta de Obama, antes de deixar a presidência, foi prorrogar por mais um ano o bloqueio econômico, como se vêm fazendo ano após ano, durante mais de meio século.
A decisão se deu por meio de um memorando enviado terça-feira aos secretário de Estado e do Tesouro, no qual estende o bloqueio até 14 de setembro de 2017. O embargo econômico somente pode ser retirado pelo Congresso.
Na atualidade, Cuba é o único país do mundo sobre o qual pesa a lei, que permite ao presidente dos Estados Unidos impor e manter restrições econômicas a Estados considerados hostis. Ainda que o embargo somente possa ser suspenso pelo Congresso, o que na atualidade é quase impossível que ocorra, por estar dominado pelos republicanos.
Há uns meses Obama visitou a ilha, sendo o primeiro presidente norte-americano que pisou no país em 80 anos. Essa viagem ocorreu no marco de uma “normalização das relações” entre Cuba e Estados Unidos, iniciada em dezembro de 2014, sobre o auspício do Papa Francisco.
Assim, nesse sentido, que foram restabelecidos os voos comerciais diretos diários, a habilitação de cartões de crédito e débito, a autorização do uso do dólar para algumas transações para os cubanos. Entretanto, a política “Cuba Friendly” do imperialismo norte-americano tem seus limites.
Apesar de que, a partir de uma perspectiva econômica, as empresas norte-americanas desejem entrar no mercado cubano, já que vêm perdendo terreno em detrimento de empresas europeias, chinas e latino-americanas, a extensão do bloqueio econômico a ilha tem suas razões, não ocorre em qualquer momento.
A decisão de Obama se dá a menos de dois meses das eleições norte-americanas, na qual a candidata democrata, Hillary Clinton, não conseguiu conquistar uma clara vantagem sobre seu rival republicano, o xenófobo Donald Trump. Talvez devamos entender a postura de extensão do bloqueio a Cuba nesse marco pré-eleitoral, no qual cada gesto joga enormemente a favor ou contra cada candidato.
Tradicionalmente, o exílio cubano tem sido base eleitoral do Partido Republicano. Obama conseguiu conquistar o apoio de importantes figuras e homens de negócios cubano americanos e dessa maneira ganhar o estado da Flórida em 2008 e 2012. Com Hillary Clinton o Partido Democrata espera repetir o resultado.