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ÁFRICA | ONU denuncia 20.000 refugiados desaparecidos na Etiópia

A guerra começada pelo governo central etíope contra o estado de Tigray tem provocado milhares de desabrigados e dezenas de milhares de mortos durantes os combates. Desde de então, dois campos de refugiados foram destruídos.

quarta-feira 3 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Ao todo 20.000 refugiados estão desaparecidos depois que dois acampamentos na região de Tigray, devastada pela guerra na Etiópia, foram destruídos, disse as Nação Unidas.

Os refugiados, a maioria dos quais são da vizinha Eritreia, fugiram dos campos de refugiados de Hitsats e Shimelba que foram destruídos nos combates que se estalaram na Tigray em novembro.

Em janeiro, imagens de satélite mostraram a destruição dos dois campos de refugiados que abrigavam milhares de eritreus na região.

Cerca de 3.000 pessoas chegaram a outro acampamento em Mai-Aini, ao qual as Nações Unidas tiveram acesso, segundo Filippo Grandi, alto comissário da ONU para os Refugiados.

Muitos refugiados “ficaram presos no fogo cruzado, sequestrados e obrigados a retornar a Eritréia sob coação das forças eritréias”, disse Grandi, testemunhando o que presenciou em uma visita ao acampamento enquanto realizava uma viagem de quatro dias para reunir-se com funcionários na Etiópia.

As tropas nacionais etíopes entraram em Tigray em resposta a um suposto ataque em 4 de novembro e derrotaram o histórico partido governantes desse estado e opositor ao primeiro ministro Abiy Ahmed desde que assumiu o poder em abril de 2018.

Ainda que o governo tenha anunciado a vitória em 28 de novembro, o líder da região prometeu continuar com o conflito.

Desde que começaram os conflitos, milhares de pessoas foram mortas e milhares foram obrigadas a abandonar suas casas. Há escassez de alimentos, água e medicamentos na região de mais de 5 milhões de pessoas.

Os agentes humanitários e alguns funcionários de Tigray tem alertado sobre um desastre humanitário marcado por uma escassez e fome generalizada. A informação é confusa e difícil de se verificar, já que o governo em grande medida tem isolado a imprensa e os agentes humanitários.

Segundo o informe da ONU, se estima que 100.000 pessoas estão desabrigadas em Tigray e umas 60.000 pessoas estão refugiadas no Sudão.

Alguns países tem pedido uma investigação sobre os informes de saques, violência sexual e agressões nos campos de refugiados, já que os especialistas alertaram que a janela de oportunidade para reunir provas está se fechando rapidamente.

Mais de 52.000 civis foram mortos no conflito armado que acontece desde novembro na região de Tigray, no norte da Etiópia, na fronteira com Sudão e Eritréia, afirmaram três partidos opositores tigrianos.

“Desde o começo desta guerra fatídica, mais de 52.000 civis inocentes, incluindo crianças, mulheres, jovens, idosos e padres religiosos, tem sido massacrados de maneira indiscriminada”, afirmaram em uma declaração conjunta o Partido da Independência de Tigray, o Congresso Nacional de Gran Tigray e Salsau Weyane Tigray.

Os signatários não especificaram a fonte destes dados, partido de que o Governo etíope tampouco tem divulgado números oficiais de civis mortos pela guerra na região, onde as comunicações não tem voltado completamente ao normal e segue sendo difícil verificar a informação das duas partes do conflito.

Segundo os três partidos, “mais de três milhões de pessoas tem deixado suas casa e tem se tornado desabrigados em Tigray, enquanto que outras 150.000 tem migrado para outras partes da Etiópia” e “milhares” fugiram para o vizinho Sudão.

A guerra que se instalou em 4 de novembro depois de que o Governo Central ordenou uma ofensiva militar contra a Frente Popular de Libertação de Tigray (FPLT)-partido que então governava a região-, em represália por um ataque das forças tigrinas a uma base do Exército etíope nesse território. No entanto, de fundo se trata de uma disputa de poder e controle dos recursos do estado. As antigas disputas interétnicas estimuladas pelo governo de Abiy ameaçaram com uma guerra civil em outras regiões da Etiópia levando milhares de pessoas ao sofrimento.




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