×

LUTA CONTRA ESTUPROS | O sentimento de mulheres da Letras que realizaram ato contra os estupros na USP

Aconteceu na última segunda-feira, 24, um grande ato de mulheres da USP contra os estupros no campus, o machismo institucionalizado pela conivência da Reitoria e o aumento do policiamento como uma falsa medida para resolver a violência, as mulheres marcharam com muita combatividade até trancarem o principal portão da universidade.

quarta-feira 26 de agosto de 2015 | 01:28

Como já noticiamos aqui, aconteceu na última segunda-feira, 24, um grande ato de mulheres da USP. Contra os estupros no campus, o machismo institucionalizado pela conivência da Reitoria e o aumento do policiamento como uma falsa medida para resolver a violência, as mulheres marcharam com muita combatividade até trancarem o principal portão da universidade.

O sentimento das estudantes após a ação é de continuar em luta até que as reivindicações sejam conquistadas. Em contraposição a presença da polícia, as mulheres reivindicam a iluminação adequada do Campus, aumento das frotas de circulares, a abertura dos espaços para a livre circulação da população, a punição de todos os agressores, entra outras reivindicações.

Confira depoimentos de estudantes da Letras USP

"O ato do dia 24/08 reuniu centenas de minas contra a violência machista dentro da universidade. Vi diversos rostos novos que saíram da sala de aula para ocupar as ruas, isso me deixou muito feliz. O fato de ter sido auto-organizado (composto apenas por minas), e por reunir tanta gente só me fez ver a importância que é ter minorias ocupando os lugares com gritos de ordem, dizendo basta, contra toda opressão. Além das medidas de segurança básicas, como iluminação e transporte, acredito que cada espaço que é ocupado por minorias invisibilizadas torna ainda mais forte a destruição de um sistema opressor. Seja com atos como de hoje, a festas, debates, assembleias, saraus, oficinas, etc.

A USP encontra-se cada dia mais ociosa com as medidas repressoras da reitoria e a presença da PM no campus. Mais do que nunca se faz necessário que os estudantes não apenas debatam entre si, mas saiam rua afora, ocupem todos os espaços que lhes são um direito, politica e artisticamente, para que ninguém mais seja excluído da universidade. Ocupar é um direito! Pela livre expressão e manifestação politica, cultural, sexual, de gênero e cor dentro das universidades!
Basta de espaços ociosos dominados por opressores!"

Anaís Goedert, estudante do primeiro ano

“Eu ia dar uma aula de inglês às 15:30. Minha aluna cancelou de última hora, e eu senti um desejo incontrolável de ir pra USP, alguma coisa me disse que eu tinha que ir cedo, hoje.

Bateu uma fominha e eu pensei em bandejar na física. Colhia umas amoras quando vi o ATO PELA SEGURANÇA DAS MULHERES NA USP passando!!! Eu olhei... E antes que eu pudesse pensar em bandejar me vi correndo em direção ao ato.
Cheguei perto e vi várias irmãs (conhecidas e desconhecidas) gritando contra a opressão. Depois de dois segundos absorvendo aquela energia, corri pra frente do ato e segurei uma das faixas. Houve grito, houve luta, houve revolta e indignação. Mas também houve dancinha, água compartilhada, abraços entre irmãs e um cruzamento fechado em frente ao p1. Houve um ato bem sucedido.

E, no final, quando os carros ameaçaram tentar passar pelo cordão que barrava o p1, eu tive muito medo de que alguma violência partisse dos motoristas e motoboys. Mas no momento seguinte, eu parei e olhei pra trás, e vi todo o ato se unindo de novo, e esticando as faixas em frente aos carros e gritando pelo fim do machismo.

Me arrepio só de lembrar a sensação de olhar em volta e ver que eu não estava sozinha. Eu não era a única enfrentando as buzinas e os xingamentos dos motoristas (muitos dos gritos que eu ouvia vinham de vozes masculinas). E, de repente, eu não tinha mais medo.Meu peito se encheu de coragem e ouvi minha voz se unir às vozes de várias colegas de luta. E, de repente, aquelas buzinas e aqueles xingamentos não passaram de um som abafado.

Hoje eu não bandejei, mas me alimentei de Pão e Rosas. E meu corpo está tão satisfeito quanto a minha consciência. Mas não paramos por aqui. Minha alma só estará satisfeita quando vencermos essa luta!”

Jackie Winterblue, estudante do segundo ano

"Mostramos que juntas somos fortes e que juntas lutaremos. Por cada espaço que passamos (FEA, FAU, FFLCH, rua do matão, CRUSP...), deixamos o aviso para os nossos agressores: se cuidem, podem esperar, que a mulherada não vai deixar passar e tá aqui para lutar.
Acho importante dizer também que poderíamos ter seguido por todo o CRUSP, local de inúmeras denúncias de agressão em vez de termos seguido pelo estacionamento. Então, é um ponto para ser repensado no próximo ato. Enfim, seguimos juntas manas!"

Aline Oliveira, estudante do segundo ano

“Emocionante ver centenas de minas, estudantes da USP que todo mundo aponta o dedo pra falar q é tudo patricinha, gritando contra a polícia, contra a polícia mesmo, parando avenida na frente de carro, contra o machismo, o racismo, a lgbtfobia! Denunciando a reitoria a plenos pulmões, ameaçando o Diretor Adorno, os agressores! Muita mina forte e disposta a lutar, a impor um basta!
Hoje foi um dia muito significativo e histórico. Me sinto muito orgulhosa de ter construído ao lado de muitas minas e coletivos o ato de hoje! Principalmente o Marias Baderna, nosso coletivo de mulheres da Letras. São desses momentos que alimento minha alma e minha força pra lutar todos os dias ao lado das bravas mulheres do Pão e Rosas, e todos os compas da Juventude às ruas! Mulheres na linha de frente e vamos à luta, é só o começo!”

Jéssica Antunes, estudante do quarto ano

“Foi muito bonito ver tantas moças e mulheres chegando e se somando ao ato. conseguimos mostrar como somos fortes e que juntas podemos bater de frente contra as opressões que nos atingem diariamente. Uma junto da outra, precisamos estar sempre alertas e não baixar a cabeça diante de nenhuma agressão! Espero que esse ato tenha encorajado outras assim como a mim, e que não seja o último enquanto não conseguirmos as medidas de segurança necessárias a nossa proteção e não mais intervenção da polícia racista, machista e genocida!Avante mulheres!”

Bruna Grechi Barbosa, estudante do terceiro ano

"No começo achei esquisito e até equivocado convocar um ato só para mulheres, para combater o machismo. Acho que nós mulheres devemos ser linha de frente sim, mas que a luta contra o machismo deve ser encampada por todos, e que todos devem se indignar frente aos casos de violência. Mas admito que foi lindo ver tantas minas gritando juntas; acho que foi extremamente simbólico e que deixamos nosso recado. Sigamos agora na luta. Sejamos milhares pelas ruas!"

Chulia, estudante do terceiro ano.

Os escândalos de machismo acontecem em meio a outro escândalo, o de corrupção. Que envolve o dinheiro da universidade com fundações privadas, pertencentes a professores com altos cargos na burocracia acadêmica, isso em meio a uma das maiores crises financeiras que a Universidade de São Paulo já enfrentou. Esta mesma Reitoria que permite tais contratos milionários afirma não ter recursos para necessidades básicas da universidade.

Nesta semana, acontecem diversas atividades de mulheres e LGBT’s como parte da Semana das Diversidades organizada pelo Diretorio Central dos Estudantes. Na Letras, o Grupo Pão e Rosas irá realizar nesta quarta, 26, um Sarau contra a opressão e a LGBTfobia, pela livre construção do gênero e da sexualidade. Parte da preparação para o Encontro de Mulheres e LGBT’s do Grupo que acontecerá no próximo sábado, as 14h, na Quadra do Sindicato dos Metroviários de SP.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias