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OPINIÃO | O retorno do movimento operário e a volta fantasmagórica de León Trotsky

Juan ChingoParis | @JuanChingoFT

domingo 5 de junho de 2016 | Edição do dia
Tradução: Fabrício Barros

Está tão atrasado com respeito à realidade e a direita o sistema político e a superestrutura francesa que a entrada com força da classe operária não somente os surpreenderam, pois não a esperavam – discutindo e ponderando até o cansaço as distintas combinações politiqueiras da próxima campanha eleitoral de 2017 -, senão que os deixou estupefatos.

Uma mostra extrema desta sensação de desamparo e temor é a de Olivier Mazerolle. Este é um jornalista experiente, que foi durante anos o principal editor da BMF, o principal canal de TV ao vivo da França, de enorme peso midiático. Em sua última coluna semanal, escreve enigmaticamente a seus leitores de La Provence “bien l’bonjour de León”. Lendo-a nos interamos que León é o mesmíssimo León Trotsky, o principal dirigente da Revolução Russa junto com Lênin, e que no ano que vem se cumpre 100 anos.

Recordando com nostalgia a CGT stalinista que traiu o Maio de 1968

Mazerolle recorda com nostalgia a velha e monolítica CGT. É que esta seguia ao pé da letra a máxima de um dos referentes históricos do Partido Comunista, Maurice Thorez, quando afirmou, para terminar com a sublevação operária de 1936, que “Tem que saber acabar uma greve quando se têm obtido satisfação”.

Esta prática demonstrou amplamente a CGT dirigida pelos antigos dirigentes stalinistas do PCF tanto durante a revolução proletária de 1936, - como posteriormente em 1968 -, na qual, em troca de algumas reformas, salvou o capitalismo e o Estado francês com os Acordos Matignon e Grenelle respectivamente.

Nas palavras do nosso jornalista: “Em maio de 68, a CGT havia rompido com o comportamento errático dos estudantes, o que lhe permitiu, apesar da vitória eleitoral da direita, manter-se como interlocutor indispensável”. Incapaz de dar uma explicação coerente do comportamento da atual direção da CGT que contrariamente à descrição de Mazerolle segue sendo fiel à conciliação de classes, igualmente seus velhos confrades do PCF na qual alguma vez militou Martínez, afirma alucinado: “Esses dias acabaram. Ficou para trás a cautela burocrática stalinista hostil aos golpes de pôquer, e a volta de León Trotsky, com sua teoria da revolução permanente, em todas as partes e sempre, até a vitória do socialismo”.

Um alerta a um eventual governo de direita

E vendo que o despertar do movimento operário poderia ter consequências duráveis, em especial para o próximo governo de direita e seus planos de contrarrevolução social que um por um alardeiam seus candidatos para as primárias, os alerta a estes a não jogar com as desgraças do atual governo.

Mazerolle lhes aconselha da seguinte maneira: “A lei burguesa proíbe bloqueios. O direito social os exige. A ideologia trotskista é minoritária. Mas buscando pôr as mãos sobre os setores estratégicos, a energia, o transporte, ela encontra os meios de combate. A maioria das intenções de voto é indiferente. É por isso que a direita deve preocupar-se em não afundar o governo de Valls nesta batalha com a faca entre os dentes. O triunfo dos métodos trotskistas poderia anunciar sua própria impotência no caso de voltar ao poder”.

Dentro do seu delírio, tem uma coisa que Mazerolle não se equivoca: o desenvolvimento do trotskismo, quer dizer, do marxismo revolucionário de nossa época de crises, guerras e revoluções, está ligado à sorte da classe operária. Se esta começa a levantar a cabeça, o trotskismo deveria colocar-se na ofensiva deixando para trás a busca de atalhos oportunistas e a passividade derrotista que se desenvolveram na extrema esquerda hexagonal, em especial depois da derrota do ascenso de 1968 a 1980, e que na França foram os anos obscuros de Mitterand. Escutaram a mensagem os partidos que provêm desta tradição revolucionária? Esperemos.




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