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FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY | O que eu vi da FLIP 2016 – ainda uma festa elitista

A 14° Festa Literária Internacional de Paraty aconteceu do dia 29 de junho a 03 de julho. Durante esta semana aqui no Esquerda Diário escreverei um pouco sobre o que foi essa festa.

Gabriela FarrabrásSão Paulo | @gabriela_eagle

segunda-feira 4 de julho de 2016 | Edição do dia

A FLIP sempre foi, e permanece sendo, um evento elitista, feito em uma cidade para onde as passagens de ônibus custam em média 70 reais, isso o eixo São Paulo-Paraty, pensemos em outras localidades onde é ainda mais caro o deslocamento. Além disso, a inclusão com a sociedade local é nenhuma, ou quase nula; já o acesso a cada mesa onde se apresentam os convidados custa 50 reais. Mas não se trata de uma novidade ou algo exclusivo da FLIP, a literatura ainda é acessível para pequena parte da sociedade e permanecerá assim enquanto o único interesse do capitalismo na literatura for gerar lucro e a falta de acesso ao conhecimento for uma política social para manter a população apartada de ser sujeito político.

Ainda assim, com um caráter amplamente elitista com o acesso a cada mesa custando 50 reais, ao longo da FLIP é exibido a exaustão um vídeo do Banco Itaú com Alfonso Borges, escritor, produtor cultural e empresário, dizendo que a FLIP surgiu para democratizar a literatura. Para quem assiste as mesas do telão, porque não possui 50 reais para assistir às mesas do lado de dentro da FLIP com direito a tradução, chega a soar irônico o tal vídeo.

Para além disso dizer que a FLIP tem uma política de convergir com a sociedade local soa no mínimo estranho quando há cartazes espalhados por toda a cidade dizendo “a especulação imobiliária matou meu filho”.

E é exatamente essa- a especulação imobiliária – a interação que a FLIP promove, pois em um curto período o ano atrai turistas que alimentam a economia local. Quando se pega um táxi pedindo para ir a qualquer pousada, o que você provavelmente ouvirá em resposta é que ele não conhece a tal pousada, isso porque surgem pousadas novas a cada esquina, ou seja a cada esquina a especulação imobiliária age para surgir um novo hotel ou pousada que lucrará com a vinda de turistas a FLIP.

A tal interação com a sociedade local só os aparece quando vemos os moradores trabalhando como catadores de latinha durante a festa, para além disso quase não se vê os moradores participando das atividades da FLIP.

Por fim, retornando ao teor do conteúdo a festa, todas essas características elitistas irão e refletir nos autores presentes nas 21 mesas que estavam na programação sendo todos eles brancos e brancas, sem nenhum autor ou autora negros, e em sua grande maioria vindos de uma formação acadêmica. Mas isso já é assunto para o próximo texto.




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