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ALCKMIN E AS DELAÇÕES | O propinoduto paulista: quem ganha e quem perde com isso?

Não é novidade de ninguém que as obras do metrô de São Paulo são realizadas com contratos fraudulentos e superfaturados, porém qual era o destino destes valores, que podem chegar a cerca de 450 milhões de reais?

sexta-feira 21 de abril de 2017 | Edição do dia

Segundo as delações dos executivos da Odebrecht, como Arnaldo Cumplido, responsável pelo contrato de construção da Linha 6 - Laranja e encarregado de liberar as transferências ilegais, o dinheiro desviado do Metrô beneficiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro Gilberto Kassab (PSD), com dinheiro desviado das obras da Linha 6 - Laranja do Metrô de São Paulo, que foram utilizadas para abastecer o esquema de propina da Odebrecht, com o objetivo de influenciar políticos e financiar o caixa dois de campanhas eleitorais.

O projeto da linha 6 possui previsão de 15 estações e 15 km de extensão, que ligariam a Zona Norte de São Paulo com o Centro da Cidade, com contrato de PPP (parceria Público-Privada) no valor de R$9 bilhões, assinado no final de 2013, as obras estão paralisadas desde o começo de 2016 por falta de financiamento. Neste contrato o Governo do Estado, representado pelo Metrô, pagaria cerca de 60% da obra enquanto a empresa responsável pela administração e que ficaria com os lucros obtidos com o transporte de passageiros arcaria com 40% do valor da obra.

Na mesma medida que a conclusão desta linha seria extremamente importante para a mobilidade urbana e benéfica para a população da Zona Norte, bastante carente de investimento na área de transporte, apenas a indicação da obra rendeu a campanha de Geraldo Alckmin em 2014 para Governador cerca de R$6 milhões em forma de caixa dois, porém estas obras seguem inacabadas, enquanto os bolsos do atual Governador nunca estiveram tão cheios de dinheiro.

Em seu depoimento, Cumplido afirmou que os pagamentos eram orientados por Luiz Antônio Bueno, seu chefe direto, via e-mail. De acordo com o ex-executivo, o dinheiro era destinado a “Salsicha” e “MM”, ambos codinomes de Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha de Alckmin naquele ano.

O projeto da linha Laranja é citado também na delação de Celso da Fonseca, ex-executivo da Odebrecht. O delator disse que Sergio Brasil, que foi diretor de assuntos corporativos do Metrô, pediu propina pelo esforço que fez para viabilizar o contrato da linha. Este processo se iniciou ainda durante a construção de estações da Linha 5 - Lilás, que se iniciaram em 2008, e se estenderam até 2014. Neste período, cerca de R$ 14 milhões foram pagos pela empreiteira a pedido do Ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD). Parte desta verba serviu inclusive para a criação do atual partido do ministro, segundo delação ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que recebeu este pedido do próprio Kassab.

Enquanto isso a população segue sofrendo com um transporte lotado, cada dia mais precário, que não chega nos bairros pobres da cidade, e que cobra uma das tarifas mais caras do país. Além disso o metrô de São Paulo está em um processo de privatização, que se iniciou com a contratação de trabalhadores terceirizados para as bilheterias das estações e com a venda da Linha 5 para a iniciativa privada, que vai colocar cada vez mais o transporte como uma mercadoria, que estará cada vez mais longe do acesso das camadas e mais pobres da população para além da locomoção ao trabalho, em um momento de aumento do desemprego e de ataques às leis trabalhistas e a previdência.

Por conta destes ataques que se faz tão necessário que os metroviários, junto com a CPTM e os rodoviários, além de todas as categorias que estão se colocando em luta contra as reformas, paralisem neste dia 28, como forma de mostrar que estão aliados da população na luta e que não irão permitir que o transporte seja tratado pelos governantes como mais uma forma de enriquecer e favorecer aos empresários às custas dos trabalhadores.

Todos juntos contra os ataques!!




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