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Racismo e xenofobia | O pavor da direita frente a potência subversiva da identidade negra

No meio do mês, dia 15, A Folha de São Paulo abriu espaço para o já conhecido reacionário, Antonio Risério, esbanjar racismo utilizando de diversas falsificações históricas para atacar o chamado racismo “antibranco”, uma forma mais intelectualizada da ridícula ideia de racismo reverso. O texto abriu uma discussão dentro da própria instituição, onde diversos jornalistas realizaram um abaixo-assinado se pronunciando como não-racistas e contrários ao texto. Contudo, a empresa alegou que o texto se encontrava no limite da “liberdade de imprensa”. O que esse texto deixa claro é o temor da direita frente aos avanços das massas negras que internacionalmente se levantam contra o racismo e a violência policial, coo foi o Black Lives Matter e de uma juventude que não tem mais medo de reinvidicar a historia de luta do povo negro.

terça-feira 1º de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Reprodução/Aaron Allen

Antonio Risério já esteve envolvido em outras polêmicas na própria Folha de São Paulo. Como podemos lembrar do texto do mentecapto Leandro Narloch, sobre o seu livro em que discute a “Sinhá Preta da Bahia”; a construção de uma história fictícia, onde um evento particular pode determinar um todo, é de praxe o método da direita para falsificar a história. No livro do antropólogo, este conta a história de uma mulher negra que durante o período escravocrata teria “conquistado” a alforria, acumulado algum valor, e teria inclusive escravos. O livro, que é contestado por qualquer historiador sério, utiliza-se do método clássico da direita de falsificação histórica conforme as suas necessidades políticas, que justifica a sua contínua exploração sobre a classe trabalhadora negra, e que esconda a história de luta do povo negro contra os senhores de escravos. Este mesmo senhor que falsifica a história conforme a ideologia reacionária burguesa, é o mesmo que fala da existência de um racismo “anti-branco”.

Os exemplos estapafúrdios que este apresenta em seu texto só podem ser entendidos da forma asquerosa que este tenta apresentar, negando a história e a realidade vivida diariamente pela população negra no país e no conjunto dos países com herança escravocrata. Como é possível falar de um racismo anti-branco, quando nesta semanas vimos o assassinato bárbaro de Moïse Kabagambe, trabalhador negro, imigrante, por apenas cobrar seu salário atrasado, algo de seu direito. Esse revoltante caso, que não teve o espaço na mídia pelo nível de barbárie racista e xenófoba que esta representa, contrasta com o espaço dado para estes racistas tentarem reafirmar a visão do individuo negro enquanto violento, principalmente sua juventude, enquanto estes assassinatos sistemático da população negra são minimizados.

O mau-caratismo dos intelectuais burgueses sempre procura deslegitimar a história do movimento negro e reduzi-lo a produção de um “identitarismo” . Ao maior estilo da miséria intelectual da nossa burguesia herdeira dos senhores escravos, o antropólogo fala de um racismo ahistórico, um racismo como um afeto irrisório, que separa o gênero humano e que as estratégias de autodefesa das massa negras na década de 30 nos EUA , que se defendiam conta os ataques sistemáticos de racistas e reacionários, seria um traço de um racismo contra os brancos. Apenas vê dessa forma a violência que é o racismo, quando não entende sua origem junto com o próprio sistema capitalista, ou quando não o deseja que seja desta forma. O racismo não se trata de apenas um afeto, mas sim de uma arma de um sistema e de seus aparatos econômicos, que aumentam a exploração da população negra e ainda separa as fileiras do movimento operário, além de buscar anular a intervenção política dos negros e negras na realidade. Não entender a relação entre o modo de produção capitalista e a condição da população negra e do racismo na modernidade serve apenas para um propósito: esconder a história da luta negra e sua potência subversiva.

Toda vez em que o termo “identitarismo” entra em jogo, sabemos que é uma forma da direita deslegitimar a luta dos povos oprimidos. É este adjetivo que aparece quando falam dos movimentos feministas, dos movimentos LGBTQIA+, e indígena. A relação entre exploração ( oriundos do modo de produção capitalista) e opressão (identidades culturais) é essencial para entendermos como se dá a forma perversa como o capitalismo divide a força do movimento, e rebaixa de conjunto a condição de vida dos trabalhadores.

O Bolsonarismo representou um choque à direita nas relações raciais, o que representa uma superação à direita do mito da democracia racial. Esse panorama abriu espaço para que a direita tivesse mais espaço para esbanjar o seu racismo. A Folha de São Paulo, que cresceu na ditadura militar espalhando ideologia burguesa e anticomunismo diariamente para o país, utiliza-se do argumento da liberdade de imprensa para dar espaço a negacionistas históricos no nível de Risério e Narloch. Serve para a Burguesia reacionária brasileira desatrelar a história de opressão e exploração da população negra, da luta do povo negro por liberdade por melhores condições de vida, contra a violência policial e contra o racismo que diariamente esmaga nossas subjetividades.

A identidade negra, através dos esforços de décadas do movimento negro, e de figuras como de Lélia Gonzales, deve ser entendida como uma identidade politica. O lugar constituído pelo imaginário racista da burguesia, que coloca o negro em lugares subalternos desde a sus entrada no capitalismo, tem espaço nestes grandes veículos de mídia para perpetuarem essa visão, e tentarem apaziguar a fúria de séculos de exploração e apagar a importância de diversas figuras históricas. Mas nos resta como revolucionários, já teria dito Walter Benjamin, a contar a história a contrapelo portanto, devemos sempre estarmos prontos para trazermos à tona essa história. Agora, em que uma nova geração de uma juventude negra que abraça a sua história de luta, sua identidade e que começam a levantarem as suas vozes contra as violências do cotidiano, estes surgem como um espectro que ronda este país de herança colonialista.

Identidade, não é uma formação parada no tempo, ela se modifica conforme o momento histórico em que vivemos, e sempre herdamos, sem desejarmos, as suas marcas. Entretanto, o futuro não é predeterminado pelo passado, basta àqueles que tomam a história em suas mãos a construírem um novo caminho .A força da identidade negra surge através das figuras de Zumbi dos Palmares e Dandara, que foram inflexíveis na sua luta por liberdade e de autodeterminação do povo negro escravizado. É a herança da luta do povo haitiano que realizou a primeira revolução no continente que assusta essa burguesia. É isto o que nós herdamos e passa a nós, também, retomarmos a história do movimento negro em seus diversos momentos realizando uma revisão crítica, para que possamos retomar seus ensinamentos, além do histórico de luta do movimento operário internacional para continuarmos a nossa batalha pelo fim de qualquer forma de exploração e opressão.

É com essa força que devemos levantar uma forte campanha por justiça pelo brutal assassinato de Moïse Kabagambe, jovem negro espancando com pauladas até a morte pelo dono do quiosque onde trabalhava após exigir o pagamento de seu salário atrasado. Fazemos um chamado para as direções das organizações da esquerda e dos movimentos sociais para que ponhamos de pé fortes atos por todo o país por justiça a mais esse caso absurdo de racismo e xenofobia. É com a intransigência do legado dos maiores símbolos da luta negra e de nossa classe que devemos lutar contra a barbárie racista que é o capitalismo.

Veja também: Toda força na luta por Justiça para Moïse Kabagambe! Abaixo o racismo e a xenofobia!




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