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Por ser o primeiro, tem que ter um quê de especial. Por ser o primeiro surgem dúvidas das mais diversas. Junta a inexperiência com a insegurança e a gente trava.
Dá vontade de se basear no primeiro dos outros. Dá medo do que, não eu ou você, mas um terceiro vai achar. E antes mesmo de se concretizar o tal do primeiro, já imaginamos como serão os próximos.

Lara ZaramellaEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

quarta-feira 27 de julho de 2016 | Edição do dia

A gente passa por inúmeras primeiras vezes. Uma das mais antigas que eu tenho na memória foi quando eu era criança e escrevi pela primeira vez uma palavra grande. A palavra era “assinado”. Antes disso, sempre que eu queria dar algo para alguém eu escrevia “ass.” e meu nome, porque assim me ensinaram que deveria estar no final de um desenho ou, mais futuramente, uma carta ou texto.

Quando eu realmente comecei a escrever e entender o que eu escrevia, resolvi descobrir o que aquele “ass.” significava. “Assinado” era uma palavra grande, com dois ‘s’ e difícil, tanto que tinham até inventado uma abreviação. Era também como eu me apresentava e me despedia em tudo o que eu escrevia. Por ser a minha primeira palavra grande, eu sentia vontade de escrever ela toda hora, deixando a primeira vez lá pra trás.

Agora é o primeiro texto que eu escrevo aqui. E me vem todas as sensações de uma primeira vez. Parece ser mais difícil do que serão as próximas. Por ser o primeiro, tem que ter um quê de especial. E é agora e aqui que eu me apresento.

É este o primeiro de alguns que escreverei. E como com a minha primeira palavra grande, uma vez escrito o primeiro, vem uma vontade de escrever os próximos sem parar.


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