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ESCOLA SEM PARTIDO | O lobby dos evangélicos pelo Escola Sem Partido

Em julho um grupo de bispos, pastores e parlamentares evangélicos se reuniu com o golpista Temer para pressionar pelo Escola Sem Partido. Eles pediram o recolhimento de 25 milhões de apostilas por supostamente levarem conteúdo de "ideologia de gênero" para escolas de ensino fundamental. O MEC, porém, não reconheceu a produção do material.

sábado 30 de julho de 2016 | Edição do dia

Temer afirmou que se alguma "ruptura" no MEC for responsável pelas apostilhas, serão tomadas providências. O presidente golpista, aliás, é bastante receptivo com esse setor. Logo depois da renúncia de Cunha, recebeu pastores para garantir a manutenção da relação, que era tratada principalmente por Cunha. Uma das principais figuras que tem livre trânsito entre os altos cargos da política capitalista é o bispo Robson Rodovalho, ex-deputado federal e estadual, de quem o TSE determinou a perda do mandato por infidelidade partidária.

Um dos setores mais entusiastas do Escola Sem Partido é formado por lideranças evangélicas. Políticos, apresentadores de TV, pastores famosos, todos em combate à ideologia de gênero colocam a solução para a "doutrinação" nas escolas neste autoritário PL. São os mesmos que enriquecem as custas dos fiéis, seja pelas igrejas que não pagam impostos ou pelos cargos públicos para os quais se elegem. Na prática são políticos capitalistas, corruptos e aos serviços dos interesses da burguesia, com um falso véu de benção divina, que arranca votos de milhões de fiéis.

O próprio autor do projeto que visa implantar a lei da Escola Sem Partido em todo país, Magno Malta (PR-ES), é pastor evangélico. A "lei da mordaça" parece conveniente para a difusão da ideologia conservadora e reacionária que pregam as lideranças evangélicas. Com um gigante aparato de emissoras de televisão, rádio, empresas, editoras, uma bancada federal com 75 deputados e 3 senadores, além de uma legião de seguidores que indiscriminadamente dão partes de seus salários à igreja, os evangélicos conformam uma importante força política e social no país.

É bastante característico das famosas figuras evangélicas, como Silas Malafaia e Marco Feliciano, declarações absurdas, com o pior dos discursos de ódio que conhecemos. Sob a máscara de "defender a família" a bancada evangélica, junto com outras como a bancada da bala, garante a tramitação e em alguns casos até aprovação de duros ataques, como o Estatuto da Família, Estatuto do Nascituro, Redução da Maioridade Penal, e o próprio Escola Sem Partido. Boa parte deles é também apoiador dos projetos da bancada dos empresários, como o PL 4330, que amplia a terceirização e a precarização do trabalho.

Todo o moralismo que pregam em seus inflamados discursos não passa de uma maneira mais emocionada de defender a moral burguesa. Prova disso é que nem de longe os políticos evangélicos são modelos de honestidade com o dinheiro público. Exemplo máximo é Eduardo Cunha, conhecido por seu vasto envolvimento com escândalos de corrupção e afastado de seu cargo numa tentativa de limpar o golpe. O próprio Magno Malta foi indiciado em 2007 na CPI das Sanguessugas, que investigava desvio de dinheiro em compra de ambulâncias. Na época foi inocentado pelo Conselho de Ética, formado por outros parlamentares capitalistas como ele. Além deles, a maioria dos componentes da frente parlamentar evangélica responde processos na justiça por esquemas na Câmara Federal, no Senado ou nos seus estados de origem.

A perseguição às regiões de origem africana por parte de setores dos evangélicos, como denunciamos aqui, também é crescente. Por trás das justificativas de diferença nas crenças e nos deuses, está o racismo e a intolerância, que gera ataques aos espaços e às pessoas ligadas a essas religiões. Assim também ocorre com os ataques à população LGBT, muitas vezes motivados pelo discurso de ódio de lideranças evangélicas, seja das igrejas ou dos palanques parlamentares.

É necessário combater decididamente qualquer manifestação de racismo, LGBTfobia e machismo que venha deste setor. É necessário também ter em mente que milhões de trabalhadoras e trabalhadores são seduzidos pelo charlatanismo dos pastores e bispos, que de cima de seus altares dizem fazer milagres na vida das pessoas, enquanto enriquecem as custas do suado dinheiro dos fiéis. É necessário desmascarar os políticos evangélicos de seu moralismo e seus discursos de direita, e mostrar que projetos como o Escola Sem Partido se confrontam com uma educação pública, gratuita e de qualidade, uma necessidade urgente que deveria ser direito da classe trabalhadora.




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