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OPINIÃO | O lado oculto do ’conta gotas’ das delações da Odebrecht frente ao governo Temer

Como uma “história mal contada”, as delações da Odebrecht sobre a chapa Dilma e Temer vem sendo noticiadas pela mídia, alguns fatos e opiniões tratados a conta gotas tendenciosas buscam dificultar qualquer compreensão real dos fatos, enquanto se desenvolvem os jogos políticos de poder. O conjunto de vazamentos, pressões via mídia e judiciário renovam a corda no pescoço do governo Temer para que acelere a votação da reforma da previdência.

Isabel Inês São Paulo

sábado 4 de março de 2017 | Edição do dia

Temer perdeu seus principais nomes de governo no último período e agora seu braço direito Padilha está sob ameaça a partir do depoimento "espontâneo" do amigo de Temer, Yunes que o incriminou e salvou o presidente da República. As delações da maior empreiteira do país podem colocar em risco sua já precária popularidade e mesmo a governabilidade. Contudo os tempo e cenários ainda estão abertos, a depender da capacidade de Temer realizar a reforma da previdência, principal ajuste exigido pelos empresários.

Estando cada vez mais com a corda no pescoço, o governo esta correndo para aprovar a reforma da previdência, com votação prevista entre abril e maio. Esse fato que corre em paralelo as delações é uma das peças principais do enredo, o golpe institucional colocou Temer para aplicar ajustes mais duros que o PT vinha fazendo, e a reforma da previdência é uma das suas principais “tarefas”, e uma das medidas mais impopulares que um governo débil com alta rejeição deve realizar para agradar os empresários.

Assim as delações da Odebrecht são uma cartada para pressionar o governo, e abrem um leque de possibilidades dentro da crise política e dos jogos de poder, que aumentam incertezas, onde a grande mídia levanta fatos e noticias parciais e tendenciosas. Como a Lava Jato está longe de querer “fazer justiça” contra a corrupção e a população não tem o mínimo acesso as delações ou qualquer controle da justiça, cada vez mais autoritária e arbitrária, a principal chave é buscar ver os interesses ocultos. Por um lado aplicar os ajustes impedindo qualquer tipo de luta de classes, por outro, reconstruir um regime político com respaldo frente a enorme crise de representatividade.

Nas atuais delações Aécio Neves (PSDB) é acusado de pedir 15 milhões para as eleições na reta final do primeiro turno e com o crescimento de Marina Silva, o mineiro é um dos principais tucanos que aparecem nas delações. Já o Alckmin, do PSDB paulista, essa semana disse que se fosse ele já teria realizado a reforma da previdência, querendo aparecer como alternativa burguesa dura. Sem conseguirmos afirmar ainda entre as alas tucanas qual pode ser mais desgastadas, é continuamente reafirmado em cada processo da lava jato, sua intenção de preservar o PSDB, ou nesse caso respingar sem sujar completamente os tucanos agora os acusando de caixa dois (um crime que o Congresso pretende anistiar).

Já Temer vive um governo de sobressaltos, com a pior avaliação e no recente período perdendo seus aliados, ainda que tenha conseguido emplacar com a candidatura de Alexandre de Morais no STF, perdeu Geddel, agora Padilha que supostamente se afastou por enfermidade, contudo já fica implícito um possível afastamento já premeditando o resultado das delações e buscando uma saída menos caótica. Padilha é um dos principais acusados, na delação de Marcelo Odebrecht ele acusa Padilha de ter transferido 10 milhões ao PMDB de Michel Temer.

O advogado José Yunes, também amigo pessoal de Temer, está usando desse elemento para tentar blindar o presidente e separa-lo dos casos de caixa dois e suborno. Contudo, é no mínimo uma provocação a inteligência da população pensar que Temer não saberia dos milhões que seus amigos próximos negociavam depois de reuniões de Temer com a cúpula da Odebrecht. Apesar do Palácio do Planalto declarar que recebeu com “alivio” as delações, a situação se complica para Temer, entre ser obrigado a sair pela crise política caso não consiga realizar os ajustes, ou ficar pendurado no ar desgastado e sob ameaça.

Nessas escolhas de cenário não há opção "menos pior" para os trabalhadores, o próprio PT, também acusado na Lava Jato, esta usando da sua localização pós golpe para aparecer como vitima e se reerguer, contudo em recente declaração Lula afirmou que é necessário um presidente respaldado pelos votos para implementar a reforma da previdência. Enquanto as centrais sindicais petistas seguem a trégua sem organizar a resistência aos ajustes, esse é parte do jogo duplo petista que não pode dar qualquer alternativa frente a crise.

As centrais sindicais e estudantis, CUT, CTB e UNE precisam romper a paralisia e organizar ações de massas da classe trabalhadora e juventude para impedir a aprovação da reforma da previdência e todos os planos de ajustes.




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