×

SÃO PAULO | O higienismo de Doria atinge também a arte: apagando grafiti pela cidade

Tomando como mote a limpeza o prefeito vai anunciando medidas repressivas, primeiro com os moradores de rua, depois com vendedores de mercadorias na Avenida Paulista e agora contra grafiteiros e pixadores.

domingo 15 de janeiro de 2017 | Edição do dia

O prefeito milionário João Doria, seguindo o roteiro higienista que adotou nos primeiros dias de seu governo agora tem como alvo a arte. Os grafiti que dão vida à cinzenta Avenida 23 de Maio, e em especial nos "arcos do Jânio" começaram a ser apagados.

Depois de recolher material de moradores de rua e os confinar em espaço, depois de atacar os artistas e vendedores de mercadorias na Avenida Paulista, agora o alvo são grafiteiros e pixadores.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou neste sábado, que vai retirar todos os grafites na área conhecida como "Arcos do Jânio" e também limitar as obras expostas na Avenida 23 de Maio, na zona sul da capital paulista, onde participou da terceira ação do Cidade Linda, programa de zeladoria da gestão. Desta vez, o prefeito deixou a vassoura de lado e se vestiu de operador de motocompressor.

Doria trocou o uniforme verde de gari, usado nos dois atos anteriores, pelo laranja. Com o motocompressor, óculos de proteção, máscara e avental, apagou pichações de uma mureta da 23 de Maio. "Pintei com enorme prazer três vezes mais a área que estava prevista para pintar exatamente para dar a demonstração de apoio à cidade e repúdio aos pichadores", disse. Seus sapatos de quase mil reais completavam a vestimenta do "João Trabalhador de faz-de-conta".

Arte de rua enjaulada

"Os grafites serão mantidos em oito espaços já definidos previamente pela Secretaria de Cultura."

Questionado sobre os Arcos do Jânio, Doria afirmou que vai retirar o mural pintado no espaço. "Ali tem um projeto que vai ser feito, mas não haverá mais grafite", disse. Em 2015, uma pintura do artista plástico Rafael Hayashi causou polêmica e acabou alvo de pichações. Opositores acusaram a obra de homenagear o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. À época, o artista disse que queria retratar um africano - e não um político.

Doria também voltou a falar no "grafitódromo", espaço que quer reservar para paineis e murais na cidade, mas não informou em que região vai ser instalado. Segundo o prefeito, a área terá lojas de itens licenciados para viabilizar o negócio e será inspirada em "um bairro de Miami Beach".

Durante o ato, o prefeito pediu para os moradores de São Paulo filmarem, fotografarem e denunciarem pichadores. "Se preferirem continuar pichando a cidade, terão o rigor da lei. É tolerância zero", disse.

Tolerância zero e um possível próximo alvo

Ao completar o discurso higienista com "tolerância zero", dá mostras do tom que pretende dar a sua gestão que tem como marketing político a "limpeza" mas que o verdadeiro tom se dá pela repressão aos pobres, marca registrada das políticas de "tolerância zero". O primeiro alvo foram os moradores de rua, agora os grafiteiros e pixadores, não há de se estranhar que o próximo alvo "em nome da limpeza" sejam os movimento de luta por moradia.

Com informações da Agência Estado




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias