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OPINIÃO | O governador milionário e o despejo no DF

#ocupaCCBBresiste

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quarta-feira 7 de abril de 2021 | Edição do dia

Foto: Scarlett Rocha

Essa é a imagem da dor de uma mulher negra, provavelmente uma mãe trabalhadora, ao ser despejada[ela e outras 33 famílias], de forma extremamente violenta por parte da polícia racista e pau mandada de Ibaneis Rocha, o governador milionário e racista do Distrito Federal.

No pior momento da pandemia nacionalmente, o DF alcançou sua mais alta média móvel de mortes por covid desde o início da pandemia, ultrapassando um total de 6300 mortos pelo vírus. Esse não é apenas um número, é a representação grotesca da política que Ibaneis levou a frente desde o início, ora negacionista, ora demagógica, parecendo até que dependia de seu humor com Bolsonaro. Política essa que não garante testes massivos à população, EPIs, vacinas, liberação com remuneração dos serviços não essenciais...Chegando em um cenário de 97% de ocupação dos leitos de UTI na rede pública e quase 100% na rede privada. E qual a prioridade de Ibaneis Rocha nesse momento?

Isso mesmo, despejar famílias trabalhadoras e moradoras da ocupação perto do CCBB Brasília.

Segunda ocorreu o terceiro despejo na ocupação por parte do governo racista e higienista do DF, desta vez a brutalidade policial foi ainda mais escancarada, os agentes fardados da burguesia não mediram esforços, espancaram, bateram, chutaram os moradores da ocupação - uma maioria negra e trabalhadora - e derrubaram suas casas, querendo derrubar também [sem sucesso], a “Escolinha do Cerrado”, escola construída pela comunidade e que está funcionando em meio a pandemia para a educação de mais de 15 crianças que não tem acesso ao [excludente] ensino remoto e a educação de qualidade.

De fato, as mulheres, a juventude, o povo pobre, negro e sem teto andam com um alvo nas costas, alvo esse sistematicamente atingido pelo capitalismo e seus agentes que visam apenas os lucros, e não as vidas.

Na capital do apartheid social, Brasília, uma cidade arquitetada para excluir as massas trabalhadoras do centro político do Brasil, tendo seu governantes à serviço do capital impondo políticas higienistas, anti-operárias e racistas constantemente. Uma tentativa de elitizar e apagar as massas pobres e negras da “moderna e impecável “ paisagem arquitetônica da capital. Não à toa que vimos a pouco tempo ambulantes da rodoviária do Plano Piloto serem atacados e despejados; recorrentes agressões e/ou assassinatos de moradores de ruas; e agora o despejo dos moradores da ocupação CCBB, etc. Esse último não é um ponto fora da curva, são todos pontos de uma mesma “curva” que se baseia na exploração e opressão de milhares todos os dias, que não é capaz de conter um vírus e segue ceifando a vida de milhares de trabalhadores, segue os deixando na miséria, passando fome, sem emprego, acesso à moradia, servindo de saco de pancada da polícia assassina.

Enquanto Inganeis, ops..corretor..Enquanto Ibaneis mora na mansão mais cara do DF no Lago Sul e as grandes imobiliárias e empresas seguem lucrando aos custos do suor dos trabalhadores, da juventude precarizada e do povo sem teto - que não possuem o mínimo, em uma situação de crise sanitária[política e econômica] dessa proporção, que é o direito à moradia, alimentação, educação, condições sanitárias -, vários imóveis e terras [grande parte dessas terras são propriedade militar] estão desocupados à serviço da especulação imobiliária e ao lucro dessas empresas.

Revoltante, né?

Como conquistar esses direitos mínimos e lutar contra a polícia, Bolsonaro, Ibaneis, os militares e todo o regime golpista? Isso só pode ser obra da própria classe trabalhadora, utilizando dos seus métodos mais avançados de luta que historicamente já fizeram os capitalistas tremer as bases quando se levantou aliada, também, aos setores oprimidos.

Não vou voltar tão longe. Ano passado, todos vimos o levante massivo e histórico nos Estados Unidos com a juventude e as mulheres à frente pelo grito do Black Lives Matter e contra a violência policial, questionando como nunca se tinha visto a instituição policial. Um movimento que mostrou a potência e explosividade do povo negro e trabalhador, que fez o capitalismo tremer.

Do coração do imperialismo norte-americano ao Brasil, a brutalidade policial à serviço do capital e da propriedade privada é a mesma, vimos ontem, e a resposta também.

É inspirados na força e revolta da juventude estadunidense que combateremos a miséria que o capitalismo nos impõe. Mas isso não é possível por fora da luta de classes, não é possível por dentro das instituições golpistas, não é possível esperando 2022, só com a nossa organização independente poderemos dar uma resposta à pandemia, à fome, ao desemprego e garantir o acesso à moradia, amplo e irrestrito, assim como uma reforma urbana radical, a expropriação das terras, um plano emergencial de combate à crise sanitária…

Para isso é fundamental que as centrais sindicais e as entidades estudantis, nas quais as burocracias que estão instaladas nelas entorpecem a nossa luta, rompam com seu imobilismo e organizem a nossa luta unificada agora para virarmos as regras do jogo, com uma nova constituinte livre e soberana que revogue todos os ataques, reformas, mas que também garanta todos esses direitos mínimos que os capitalistas não são capazes de nos garantir. O PSOL, os movimentos sociais e estudantes da UnB que atuaram ativamente contra o despejo no CCBB deveriam se embandeirar e lutar por um polo anti-burocrático em relação o imobilismo das centrais e da burocracia nos sindicatos, que no DF são, principalmente, dirigidos pelo PT.

Em um momento tão reacionário onde vemos uma dança das cadeiras dos ministros e a briga entre os de cima brigando, há um espaço para os debaixo lutarem, se levantarem e mostrarem, através do marxismo revolucionário, as maravilhas que a classe trabalhadora pode fazer. Faço um convite para todes, em especial às mulheres, a virem debater conosco a perspectiva do nosso marxismo, revolucionário e socialista, no novo curso do Campus Virtual do Esquerda Diário “Mulheres Negras e Marxismo”, uma ferramenta para guiar a nossa luta para varrer esse sistema.

Todo apoio e solidariedade às famílias e às mães da ocupação do CCBB! Nossas vidas valem mais que os lucros deles!




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