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30 DE JUNHO | O gigante operário superará as direções e golpeará novamente com força Temer e as reformas?

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quarta-feira 28 de junho de 2017 | Edição do dia

O Brasil passa por uma enorme crise econômica, social e política. Deram um golpe institucional para fazer passar ataques ainda mais duros e descarregar a crise nas costas dos trabalhadores. Apesar das vacilações das direções, e em especial do PT, que não lutou contra o golpe e agora não faz uma resistência à altura contra as reformas, os trabalhadores mostraram sua força em diversas jornadas de luta esse ano contra Temer e seus ataques.

A Rede Globo, o judiciário, e parte dos golpistas, passou a considerar que Temer não é o melhor agente para os ataques e está aumentando a crise do governo com novas denúncias de corrupção. Temer quer se manter no poder, resistindo em defesa de si próprio e da casta política corrupta e reacionária, que governa a serviço dos capitalistas. Para isso, quer provar que pode seguir atacando, que é o melhor agente para isso. Por hora, Temer segue se mantendo no poder porque não conseguem encontrar um nome minimamente consensual para colocar no lugar.

Assim, vai se extendendo uma conjuntura em que há uma crise profunda, com tendências de polarização e onde a crise nas alturas permitiria que a classe trabalhadora emergisse como alternativa para responder a crise, fazendo com que os capitalistas a paguem e dando uma saída independente para a crise política.

Nossa classe veio demonstrando desde março que tem disposição de luta, mas as direções vem reiteradamente desmobilizando ou diretamente negociando uma traição por cima. A resposta para a crise vai se dar na medida em que a pressão das bases seja capaz de seguir empurrando as direções a ir além dos seus objetivos, como foi até aqui, e ir forjando uma nova direção independente e revolucionária, e a esquerda tem um papel fundamental nisso. Nós do MRT viemos colocando todos nossos esforços nesse sentido.

O 30 de junho como novo teste

O dia 30 de junho foi convocado pelas centrais sindicais como uma greve geral, mas não a organizaram e, uma semana antes, mudaram o caráter do dia. Algumas centrais estão negociando pelas costas dos trabalhadores e buscando desviar a luta, em particular a Força Sindical, mas há categorias que estão mantendo a greve. A força que terá essa data, como continuidade da luta contra as reformas e Temer, será expressão não da disposição das direções, mas da base.

No dia 28 de abril a classe trabalhadora brasileira protagonizou uma greve geral histórica, a maior em décadas. Os principais serviços de transporte das grandes capitais pararam, e setores da indústria, comércio, professores e diversas outras categorias cruzaram os braços contra o governo de Temer e suas reformas que querem acabar com a aposentadoria e os direitos dos trabalhadores.

Essa contundente greve geral foi seguida por uma marcha de dezenas de milhares em Brasília no dia 24 de maio, que resistiu contra a repressão policial, que chegou a ferir um trabalhador no maxilar com um tiro de arma letal, e contou com um decreto de Temer convocando o exército para a repressão.

Essa disposição de luta, e a capacidade de ir além dos interesses das direções, está sob novo teste agora no dia 30 de junho. Algumas centrais mais diretamente patronais, como a Força Sindical, tem sido mais claras nesse boicote. Estão abertamente traindo a greve do dia 30, desqualificando-a publicamente e defendendo, por meio de seu presidente que é também deputado, o Paulinho, que se sente para negociar as reformas com o governo. Sua única preocupação é manter o imposto sindical compulsório que é cobrado dos trabalhadores, e que enriquece os bolsos de seus dirigentes que há muitos anos não trabalham. Outras centrais, próximas ao PT, como CUT e CTB, não tem organizado assembleias nem mobilizado na maioria das categorias em que dirigem e em que têm grande peso, salvo exceções.

A campanha do MRT por tomar a greve geral nas nossas mãos e o papel da esquerda

Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), junto à juventude Faísca e o grupo de mulheres Pão e Rosas viemos impulsionando uma grande campanha nacional “Tomar a greve nas nossas mãos”, com agitação de massas com o máximo das nossas forças, para estimular a que os trabalhadores sigam aprofundando sua mobilização a partir das bases, sem confiar nas direções, nem em relação ao dia 30, nem em perspectiva. Estamos distribuindo dezenas de milhares de panfletos, cartazes, adesivos em diversas cidades e estados, batalhando por comitês e assembléias de base.

A classe trabalhadora brasileira tem força para parar o país, derrubar Temer e suas reformas e avançar politicamente contra esse regime, levantando a partir da luta uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que possa revogar essas reformas e colocar um fim nesse congresso de corruptos que é controlado por empresários como os Odebrecht ou os Batista, donos da JBS, cuja impunidade foi garantida pelo judiciário.

Ao invés de trabalhar nessa perspectiva, a maioria da esquerda, em especial o PSOL, tem centrado força na campanha “Diretas Já”, numa frente com setores burgueses como o PSB. Essa frente defende hoje a mesma política que Lula e FHC. Ou seja, se adaptam a uma política de recomposição do regime e que nesse momento veio servindo diretamente como desvio do centro da greve geral de 30 de junho. Por sua vez, o PSTU, que se negou a lutar contra o golpe e simpatizou com as mobilizações da direita, fala de “governo dos trabalhadores”, mas na prática já disse que “se não houver soviets” se adapta à política de eleições diretas, que hoje é um verdadeiro “Volta Lula”.

Viemos chamando toda a esquerda a lutar por uma resposta política independente, como a Constituinte, mas em primeiro lugar na necessidade de somar forças no trabalho de base para construir um pólo que possa ser alternativo às direções das grandes centrais, para este dia 30 e em perspectiva. Se os parlamantares do PSOL e os sindicatos da CSP Conlutas somassem força nesse sentido, poderíamos ter uma campanha muito mais forte que estimulasse setores mais amplos a “tomar a greve geral nas nossas mãos”. Não foi isso que se deu, mas segue a batalha para que o dia 30 de junho seja o mais forte possível e seja mais um marco da entrada em cena do gigante operário brasileiro.




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