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CRISE CLIMÁTICA | O consumo do 1% mais rico do mundo emitiu o dobro de carbono que a metade mais pobre

Se trata de 63 milhões de pessoas com renda maior do que 109.000 dólares. A Oxfam exige mais impostos para os ricos para investir "em serviços públicos e setores de baixas emissões para criar postos de trabalho e contribuir com a erradicação da pobreza.

quarta-feira 7 de outubro de 2020 | Edição do dia

O 1% mais rico da população mundial (63 milhões de pessoas com renda maior que 109.000 dólares) foi responsável de mais do dobro da contaminação por carbono que os 3.100 milhões de pessoas que conformam a metade mais pobre da humanidade, durante um período de 25 anos no qual as emissões alcançaram níveis sem precedentes, informou o Oxfam em seu novo informe Confronting Carbon Inequality: Putting climate justice at the heart of the covid-19 recovery, publicado no último 21 de setembro.

"O consumo excessivo de uma minoria rica está exacerbando a crise climática, mas são as comunidades em situação de pobreza e as pessoas jovens que estão pagando preço", declarou Tim Gore, responsável de Política Climática do Oxfam e autor do informe. "esta desigualdade extrema de emissões de carbono é uma consequência direta do afã de décadas de nossos governos por fomentar um crescimento econômico extremamente desigual e baseado em carbono.

Apesar das fortes quedas nas emissões de gás de efeito estufa em 2020 vinculadas à pandemia de covid-19, a crise climática, impulsionada pela acumulação de emissões na atmosfera ao longo do tempo, continuou crescendo.

"Limitar-nos a reiniciar nossas economias antiquadas, injustas e contaminantes pré-covid já não é uma opção viável. Os governos devem aproveitar essa oportunidade para remodelar nossas economias e construir um futuro melhor para todo o mundo.

Gore apelou para frear as emissões através de maiores impostos e restrições aos mais ricos e seus luxos, para investir na arrecadação "em serviços públicos e em setores de baixas emissões de carbono para criar postos de trabalho e contribuir para erradicar a pobreza.

Em 2020, um aquecimento global que alcançou 1º C, a crise climática provocou ciclones mortais na Índia e Bangladesh, enormes pragas de gafanhotos que arrasaram com plantações na África e ondas de calor e incêndios florestais sem precedentes na Austrália e Estados Unidos.

"Ninguém é imune, mas as pessoas em maior situação de pobreza e exclusão são as mais afetadas. Por exemplo, as mulheres correm um maior risco de experimentar violências e abusos depois de um desastre", asseguram.

O informe, que se baseia em uma investigação levada a cabo com o Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo, avalia as emissões de consumo dos diferentes grupos de renda entre 1990 e 2015, 25 anos nos quais a humanidade duplicou a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Sua recente publicação busca incidir na próxima reunião da Assembléia Geral das Nações Unidas.

Dados chave

• As emissões anuais cresceram em 60% entre 1990 e 2015. O 5% mais rico da população foi responsável por mais de um terço (37%) deste aumento. O aumento total das emissões do 1% mais rico foi três vezes maior que os 50% mais pobre da humanidade.

• Os 10% mais rico da humanidade (630 milhões de pessoas com renda superior a 30.000 dólares) foi responsável por mais da metade (52%) das emissões acumuladas na atmosfera entre 1990 e 2015.

• O 1% mais rico foi responsável por 15% das emissões durante esse período, mais que toda a população da União Européia e o dobro da metade mais pobre da humanidade (responsável por 7%)

• Durante esse período, os 10% mais rico dilapidaram um terço do crédito global de carbono restante para manter ao aquecimento global abaixo de 1,5º C, em comparação com a apenas 4% da metade mais pobre da população mundial.

• O crédito de carbono é a quantidade de dióxido de carbono que se pode lançar na atmosfera sem provocar que a temperatura média global se eleve acima de 1,5º C, o objetivo estabelecido pelos Governos no Acordo de Paris para evitar os piores impactos de uma mudança climática descontrolada.

Oxfam é uma confederação internacional formada por 19 organizações não governamentais, dedicada a trabalhos humanitários em 90 países. Foi fundada originalmente em Oxford em 1942 durante a II Guerra Mundial para lutar contra a fome na Grécia, ,daí o seu primeiro nome Orford Committee for Famine Reliefe (Comitê de Oxford para combater a fome).




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