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CAMPINA GRANDE (PB) | Novo modelo de racionamento de água é implantado em Campina Grande

Shimenny Wanderley Campina Grande

domingo 17 de julho de 2016 | Edição do dia

Foto reprodução/TV Paraíba

Após os 31 dias de festa no chamado Maior São João do mundo em Campina Grande (PB) no marco da maior crise hídrica da história da cidade, um novo modelo de racionamento de água será implantado a partir do dia 18 de julho para Campina Grande e mais 18 municípios abastecidos pelo Açude Epitácio Pessoa, conhecido como Açude de Boqueirão. Já anunciamos isto numa matéria publicada neste jornal no domingo 03 de julho intitulada: “Crise Hídrica Paraíba. O maior São João do Mundo e a maior crise hídrica de sua história”.

Depois de um evento que do ponto de vista artístico e cultural, proporciona pouco espaço para o genuíno forró, privilegiando um forró de plástico, misturados com os padres pops, com seus cachês exorbitantes, com suas letras fúteis, comerciais ou religiosas, em sua grande parte com um machismo inaceitável, a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (CAGEPA)anuncia que em Campina Grande o racionamento de água será ampliado. Para isso,acidade foi dividida em duas zonas, onde a zona 1 terá água das 5h da segunda-feira até a meia noite da quarta-feira e já na Zona 2, a distribuição acontecerá das 5h da quinta-feira às 13h do sábado.A zona 1 terá 67 horas de água e a Zona 2 terá somente 56 horas, de acordo com a CAGEPA, essa diferença se dá devido a Zona 1 ter maior densidade populacional e maior rede hidráulica em ralação a Zona 2.

Do nosso ponto de vista sequer é capaz de elaborar uma explicação real sobre os critérios que justificam e determinam um bairro estar em uma zona. A situação é ainda pior nos outros municípios, que terão abastecimento de apenas 48 horas de 15 em 15 dias. No site da CAGEPA aparece a mencionada divisão em zonas em Campina Grande e os eixos tanto no sistema do Brejo como no Sistema do Cariri. Ver site da CAGEPA.

Apresentaremos três quadros que ilustram melhor a situação de calamidade social a qual pretendem nos meter e esclarecemos e reiteramos que tanto as informações como observações nos quadros são da própria CAGEPA.

No quadro 1 apresentamos as zonas de racionamento em Campina Grande (PB) e os bairros a partir da segunda-feira 18 de julho de 2016.

Zonas de racionamento em Campina Grande (PB) a partir do 18/07/2016

Neste segundo quadro apresentamos os eixos de racionamento do Sistema do Brejo (PB) a partir do 18 de julho de 2016 que incluem quatro cidades: Lagoa Seca, Alagoa Nova, Matinhas e São Sebastião de Lagoa de Roça.

Por fim, no Quadro 3 apresentamos os Eixos de racionamento do Sistema Adutor do Cariri (PB) a partir do 18 de julho de que inclui dez cidades.

Campina Grande vive atualmente a maior crise hídrica de sua história, onde o manancial responsável pelo abastecimento, o Açude de Boqueirão, está em torno de 8,4% de sua capacidade total, no entanto,essa é mais uma tragédia anunciada, pois a região sempre sofreu com períodos de estiagens e desde 2014 que a cidade convive com o racionamento de água, porém, apesar dos alertas, nem a prefeitura, sob a gestão do tucano Romero Rodrigues (PSDB) nem o governo do estado sob gestão de Ricardo Coutinho (PSB) nada fizeram para evitar chegar a esse ponto, pois não houve nenhum planejamento, nenhum projeto para enfrentar a situação, pelo contrário, só se aprofunda com a devastação das matas ciliares nas nascentes dos rios que desembocam em Boqueirão, que é um problema ambiental geral.

Do nosso ponto de vista, fica claro que a falta de água não é um problema causado somente pela seca, mas também pela falta de planejamento por parte do governo, que embora cientes da possibilidade de escassez de água, nada fizeram, escancarando o descaso do governo com a população.

O fato é que as autoridades afirmam que o problema foi a falta de chuva, a culpa seria de “São Pedro”, porém, somado aos fatores já citados, o fato que agravou ainda mais a situação é que a CAGEPA passa por um visível processo de desmonte, a questão é que não há projetos para tentar resolver a crise hídrica, não há investimentos e nos noticiários locais sempre há denúncias de desperdício de água tratada devido a vazamentos da própria rede, evidenciando a falta de manutenção das tubulações entre outros problemas. A realidade é que até o momento as consequências de todas as medidas implementadas pela Prefeitura e pelo Governo do Estado para tentar frear a crise hídrica recaem sobre o povo, principalmente os mais pobres, prova disso é que nos bairros mais pobres a água não chega sequer com a devida regularidade decorrente da baixa pressão da rede.

Interessante perceber que o noticiário local mostra que empresários e comerciantes, como dançando sobre o Titanic, comemoram o recorde de vendas de caixas d’água e demais reservatórios, porém, não falam da população mais pobre que não podem adquirir esses produtos, não falam das escolas públicas que sofre com a falta de água onde muitos alunos ficam sem água para beber e para usarem o banheiro.
Outro fato relevante é que,de acordo com o G1 Paraíba, tivemos reajuste na conta de água de 21, 7% este ano,embora o consumo tenha diminuído devido ao racionamento e sem contar a duvidosa qualidade da água devido ao baixo nível do reservatório, evidenciando que quem está pagando pela crise hídrica são os trabalhadores e a população mais pobre.

Diante desse quadro não dá pra ficar apenas esperando a transposição do Rio São Francisco com suas brutais consequências no mínimo para o ecossistema, nem fazendo racionamentos, é urgente que a Prefeitura e o Governo do Estado, desenvolvam políticas públicas para enfrentar a crise hídrica, a começar com a elaboração de um plano emergencial que deve contar com a intervenção direta e consciente da classe trabalhadora a partir dos seus sindicatos e de associações de bairro, com a construção de poços artesianos nos bairros pobres e pôr um fim ao processo de desmonte da CAGEPA. Mas eles estão com outras preocupações, manter seus privilégios independentemente do sofrimento da população.

É preciso sim um plano emergencial para enfrentar a crise da água, com uma saída de fundo: que entre outras medidas inclua colocar à disposição dos bairros pobres a água dos gastos supérfluos, de piscinas e clubes, implementar um plano de obras públicas controlado pelos trabalhadores, sindicatos e associações de bairros para construir poços artesianos nos bairros pobres e construir novos sistemas de abastecimento e tratamento,estatizando no plano nacional todas as empresas de coleta, tratamento e distribuição de água, colocando-as sob a administração dos trabalhadores que as fazem funcionar em aliança com a população de cada região.

Os problemas que enfrentamos não tem como serem resolvidos em um sistema que visa apenas o lucro a partir de acordos entre políticos e empresários, deixando de lado as necessidades dos trabalhadores e a população pobre, a crise hídrica não é um problema natural, como nos querem fazer acreditar estes e mídia, senão que é um problema político, econômico e social, que nos mostra um elemento mais da irracionalidade capitalista que superaremos com a luta de nossa classe.




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