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LGBT | Nota de Esclarecimento sobre a saída da Faísca ABC do Coletivo LGBT Prisma

Nesta sexta-feira (02/02), nós da Faísca - Anticapitalista e Revolucionária decidimos por sair do Coletivo LGBT Prisma da UFABC com quem compartilhamos há alguns anos lutas importantes como as greves gerais do ano passado, a luta pelo direito ao uso do banheiro pelas pessoas trans na UFABC e por cotas trans nas universidades.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

sábado 3 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

Apesar de muitos acordos que acumulamos ao longo dos anos, também se acumularam importantes diferenças. Ano passado abrimos uma discussão com o Coletivo à respeito do financiamento do III Festival de Diversidade Sexual pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O que apesar de ser uma organização de trabalhadores é atualmente dirigida por uma burocracia que vem sistematicamente traindo a luta dos trabalhadores da região e impedindo o surgimento de um ativismo operário nas principais metalúrgicas do país.
Novamente o problema do financiamento do coletivo apareceu a partir da proposta de buscar um edital da ONU (Organização das Nações Unidas) para realizar um projeto de alfabetização de travestis e transsexuais.

Na reunião junto aos companheiros do Coletivo explicamos que para nossa organização é inadmissível compartilhar de qualquer projeto com a ONU que entendemos como uma organização imperialista surgida após a II Guerra Mundial e é diretamente responsável pelas "tropas da paz" no Haiti que estupra e assassina mulheres negras todos os dias, assim como a sua legitimação da opressão ao povo palestino através de reconhecer o Estado (ilegitimo) de Israel, entre outras tantas medidas irreconciliáveis com a luta dos trabalhadores e jovens pelo mundo.

Também apontamos que na nossa concepção a principal batalha hoje dentro do movimento LGBT é contra a cooptação que a burguesia vem conseguindo impor retirando qualquer perspectiva anticapitalista e de emancipação humana. Isto fica evidente quando vemos a própria Rede Globo tentando se ligar a este nicho de mercado e abertamente disputando a consciência de muitos LGBT de uma possível inclusão dentro deste sistema que é baseado na desigualdade. Nós que nos preparamos para apoiar os trabalhadores na sua luta decidida contra os patrões e por um governo próprio dos trabalhadores em ruptura com o capitalismo, não podemos depender ou confiar no financiamento que não seja fruto da nossa própria independência, assim como nós da Faísca sempre nos organizamos e garantimos nossa contribuição ao Esquerda Diário e também as luta que participamos. É por essa perspectiva que batalhas em cada universidade, escola e local de trabalho para construir uma juventude revolucionária.

Para nós esta batalha dentro do movimento LGBT pela construção de uma fração revolucionária que sonhe com grandes objetivos de reconstruir a ponte entre os movimentos sociais e a classe trabalhadora para enfrentar o capitalismo, assim como a retomada das bandeiras da liberação sexual e pela livre construção da identidade de gênero são questões fundamentais que não abrimos mão. Assim como a campanha que lançamos por "uma greve geral já contra a reforma da previdência e pelo direito do povo decidir em quem votar" orientam nossas bandeiras para aonde queremos ir e quais as batalhas políticas concretas que nos empenhamos hoje. Nesse sentido, os meios são determinantes para alcançarmos os nossos fins.

Na reunião que tivemos fomos maduros para entender que isso se trata de uma diferença politica e estratégica e não um problema pessoal ou de inimizade entre nós. Com certeza seguiremos juntos em outras tantas lutas, no combate feroz contra os golpistas que querem nos impor ainda mais opressão e também contra os ataques capitalistas. Mas a nossa defesa incondicional pela independência politica dos movimentos sociais e da classe trabalhadora nos impedem de seguirmos juntos num mesmo coletivo.

Nos vemos nas lutas! E sabemos que não serão poucas!
Esperamos que este esclarecimento sirva como um debate rico para o movimento LGBT para que possamos pensar as maneiras mais avançadas para seguir lutando contra a violência capitalista que nos atinge cotidianamente e contra toda a forma de exploração e opressão.




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