terça-feira 17 de maio de 2016 | Edição do dia
Ocorrida no final desta terça-feira (17), a sessão de gala de “Aquarius”, filme brasileiro que concorre à Palma de Ouro do 69° Festival de Cannes, foi marcada por protesto e denúncias ao atual cenário político golpista que segue em curso no Brasil.
Durante a passagem pelo tapete vermelho, a equipe do filme do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, parou ao topo da escadaria que leva a entrada do Grand Théàtre Lumière, principal cinema da maratona francesa, para abrir cartazes com dizeres em francês e inglês, contra a posse ilegítima do governo Michel Temer:
“O mundo não pode aceitar a ilegalidade desse governo”, “Um golpe aconteceu no Brasil”, “54.501.118 de votos foram queimados!”, “Chauvinistas, racistas e trambiqueiros como ministros”, “Nós resistiremos!”, “O Brasil não é mais uma democracia”, diziam os cartazes dos integrantes do longa-metragem.
O protesto silencioso se prolongou para dentro da imensa sala de projeção, onde tinham lotados os 2.300 lugares, e o diretor Kleber Mendonça e sua equipe, lideradas pelas atrizes Sônia Braga e Maeve Jinkings, voltaram a abrir os cartazes para os fotógrafos e cinegrafistas do mundo todo, e tornou-se ainda mais notório o apoio a aplausos de brasileiros, que gritaram inclusive “Fora Temer!”
O Festival de Cannes vem sendo palcos de diferentes protestos, e no dia anterior mesmo o diretor Eryk Rocha, filho do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), também aproveitou a abertura de seu novo documentário, “Cinema Novo”, exibido na mostra Cannes Classics, para denunciar “um outro momento de ruptura na democracia brasileira”.
Longe de conseguir a rápida "pacificação" do país como declara Temer sua tomada do poder por meio de um golpe institucional tem encontrado resistência. As primeiras medidas de seu governo, entre elas o fim do ministério da Cultura tem mobilizado artistas contra seu governo. A exemplo da juventude que ocupa escolas em vários estados do país e setores de trabalhadores em luta como os trabalhadores da USP que estão em greve contra os ajustes, diversas unidades relativas ao extinto MinC tem sido ocupadas por artistas e setores simpatizantes.
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