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TERCEIRIZAÇÃO | No jogo de empurra entre Metrô e Higilimp, as trabalhadoras que estão pagando a conta

Ficam cada vez mais fortes os indícios de que a Higilimp agiu de má-fé com trabalhadoras. Pela lei, o Metrô e as outras contratantes também são responsáveis. Enquanto os patrões e o governo ficam jogando a culpa um para o outro, os salários permanecem atrasados e muitas famílias passam necessidades. Nessa terça feira, as 09hs as trabalhadoras se concentrarão na Estação Luz para cobrar uma solução e seguir a mobilização.

terça-feira 16 de fevereiro de 2016 | 00:00

Após atrasar os salários e esvaziar as sedes administrativas, a dona da Higilimp (conhecida como Dona Marlene) alega "dificuldades" para cumprir com suas obrigações trabalhistas, pois não vem recebendo o pagamento dos seus clientes (entre eles o Governo e a Prefeitura de SP). Por sua vez, o Metrô alega ter pago para a empresa, e não somente isso, mesmo com todas as irregularidades trabalhistas que a Higilimp cometia há anos, teve seu contrato renovado no final do ano passado.

O Metrô, que rompeu o contrato com a Higilimp, disse que nessa terça feira (16/02) informará se a 2ª colocada da licitação irá assumir os serviços da Linha 1 azul, e se a nova empresa assume a contratação das funcionárias que estão sem trabalho. Caso isso não ocorra, irá manter o remanejamento de outras empresas como a Centro e a Guima que atualmente prestam serviço para as Linhas 2 e 3, deixando as trabalhadoras na mão.

Guarnieri, cipista da Linha 1 Azul e ativista do Metroviários pela Base, diante essa situação declarou: “Na televisão Dona Marlene se faz de vítima, enquanto o Presidente do Metrô e Alckmin tem a cara de pau em dizer que não sabem como as empresas não cumpriram com os contratos. A verdade é que eles estão todos contra as trabalhadoras, há fortes indícios que os familiares da dona da Higilimp já montaram uma nova empresa, e o Metrô mesmo sabendo de tudo isso ainda dá o dinheiro na mão da Dona Marlene e não das trabalhadoras que estão sem receber!”.

Apesar da urgência do caso, o Siemaco (sindicato oficial dos funcionários da empresa) afirma que não há nada que se possa fazer além de entrar na justiça. A via jurídica, porém, ao contrário do que o Siemaco defende, não pode ser o único caminho para que as trabalhadoras façam valer seus direitos. As trabalhadoras da Higilimp na USP mostraram que os direitos vem mais rápido com luta e mobilização.

Com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), as funcionárias mantiveram um piquete e fizeram com que a Reitoria se responsabilizasse ao menos pelo pagamento dos salários atrasados. Aliás, neste aspecto, até mesmo a Justiça dos patrões fala a favor dos trabalhadores. Como explica o juiz Jorge Luiz Souto Maior, na sua declaração de apoio a luta das trabalhadoras da Higilimp: “Aos trabalhadores não importa, juridicamente falando, a discussão do tomador e do prestador de serviços sobre quem deve a quem, pois o direito ao recebimento de salários é um direito fundamental que pode ser exigido tanto de uma quando de outra empresa, vez que beneficiárias do serviço.

Entretanto, até mesmo para fazer cumprir a lei, será necessário continuar a mobilização através da união e a força de todos os funcionários da Higilimp. Como explica Thiago Barba, também da bancada dos trabalhadores da CIPA da Linha 1 e do Metroviários pela Base: “Se for depender apenas da justiça, todos irão demorar muito para receber o que já deveriam ter recebido. O Sindicato dos Metroviários que vem apoiando junto com os cipistas e diversos ativistas da categoria, a luta, e realiza uma importante campanha de solidariedade as trabalhadoras, deve centrar para que nessa terça feira caso haja uma resposta negativa do Metrô, seja preparada uma ação mais enfática contra a Companhia, para que os direitos trabalhistas sejam cumpridos.”

As empresas terceirizadas conseguem seus lucros com roubalheiras e conchavos, enquanto não acabarmos com elas, trabalhadores continuaram a ser enganados e prejudicados. Para resolver isso, é necessário que todos os trabalhadores terceirizados sejam efetivados pelas empresas que contratam o serviço, sem necessidade de concurso público, acabando de uma só vez com os cambalachos e com a divisão entre efetivos e terceirizados.




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