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GUERNICA E A LUTA POR MORADIA | Argentina: Todo apoio à Ocupação Guernica! Contra a repressão kirchnerista!

A primeira grande repressão do governo argentino de Alberto Fernández, do Frente de Todos, foi contra as famílias pobres da ocupação de Guernica nesta madrugada. O progressismo ficou na memória e esquecimento, demonstrando que neste governo, aparece somente no discurso, enquanto vemos O “acordo nacional” dito por Cristina Kirchner entrar em prática.

quinta-feira 29 de outubro de 2020 | Edição do dia

Nesta madrugada, 29, com milhares de policiais liderados por Sergio Berni, ministro de segurança da província de Buenos Aires, a polícia militar, chamada Polícia Bonaerense e demais outras forças, reprimiram milhares de famílias que reivindicam terra para viver.

Parece mentira, mas a diferença de trato e prioridade é chamativa. Quando a Polícia Bonaerense pediu aumento, em três dias foi concedido tudo o que pediam. Para os bancos, durante a pandemia foram atendidos os aumentos necessários para que seguissem lucrando. Para os patrões da soja, o governo baixou os impostos de retenção para “incentivar” as empresas a liquidarem dólares.

O acordo com os grandes credores internacionais, da dívida macrista classificada como “ilegal” na campanha eleitoral do atual governo, evidenciou o alinhamento aberto de Fernández com o grande capital financeiro internacional. O Orçamento de 2021, que será votado nesta manhã de quinta-feira, 29, no Congresso argentino, construído em função dos desejos e interesses do FMI, é outro exemplo das prioridades que o governo atende.

Enquanto isso, Cristina Kirchner deu sinal positivo faz 72 horas para a repressão na área de Guernica. Fez isso mediante uma carta em que pedia um “grande acordo nacional” com todos “os setores políticos, econômicos, midiáticos e sociais”. Ou seja, um acordo com os principais meios de comunicação e econômicos da Argentina.

Os discursos bonitos ficaram no passado. A única verdade é a realidade. E a realidade é que estão reprimindo famílias pobres que pedem somente terra para viver. Tudo isso em função de garantir os interesses negociados dos grandes capitalistas imobiliários.

Diante dessa repressão agora na Argentina ocorrem paralisações e cortes de importantes avenidas e regiões, como no Obelisco, Puente Pueyrredón e outros pontos da capital argentina, convocados e impulsionados por organizações sociais, sindicais, políticas e de direitos humanos, repudiando a repressão e defendendo o #NoAlDesalojoEnGuernica (“Não ao desalojamento em Guernica”, traduzido do espanhol).

A alguns quilômetros do Congresso que vota nesta manhã de quinta-feira, 29, o plano orçamentário de 2021, e portanto, os planos de ajustes do próximo ano, o governo de Kicillof já está defendendo a orientação política de ajuste com repressão, gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O deputado Nicolás Del Caño da FIT-Unidad (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores - Unidade, traduzido do espanhol) pediu a palavra no Congresso e declarou que repudia a repressão em curso e que isso demonstra como “começou o ‘acordo nacional’ proposto por Cristina Kirchner agora com o desalojamento das famílias de Guernica”. Abaixo, confira a tradução de trechos do que Del Caño falou no Congresso argentino:

“Neste momento um verdadeiro exército da Polícia Bonaerense está entrando em Guernica, onde estão famílias reivindicando por terra e moradia. Essas famílias não têm para onde ir. Ontem o Governo rompeu com toda negociação, e agora o que faz é mandar a Polícia de Berni atacar os setores populares.

A polícia está ingressando onde há crianças e o governo vem nos falar do que o presidente disse em sua campanha eleitoral “em primeiro lugar, os últimos”. O que se vê aqui é que foi um grande jogo eleitoral de Frente de Todos, porque em poucos minutos vão votar o orçamento de ajuste a serviço do FMI.

Lembrem-se de toda a campanha que o governador Kicillof e Larroque fizeram estigmatizando as famílias, atacando as organizações de esquerda que apoiam essas famílias. É o que fez Duhalde antes do massacre de Avellaneda, quando mataram Kosteki e Santillán. É isso que querem?

É revoltante que o ministro Larroque diga que as organizações que estão apoiando Guernica buscam um morto. O que buscamos é que essas famílias tenham um teto para seus filhos. É isso que estamos buscando ao apoiar essa reivindicação genuína. É esta a saída que têm? Esta é a solução que têm?

Seguramente estão satisfeitos, pois vão às mídias dizendo que é necessário desalojar essas famílias. Seguramente muitos de Cambiemos e setores da Frente de Todos estarão satisfeitos. Disseram abertamente que deveria desalojar as famílias. Sim, é verdade. E o que vão dizer agora, que não disseram isso? O que vão dizer a essas famílias, que estão privadas de absolutamente tudo, inclusive de ter um teto.

Queremos deixar aqui declarado essa moção de privilégio e que declaramos o governador Kicillof, o Governo Nacional responsáveis pela integridade física das famílias que estão lá e de todas as pessoas, como muitos estudantes de distintos centros acadêmicos de universidades de Buenos Aires, de La Plata, da região metropolitana, que estão lá defendendo essas famílias. Esses governos são responsáveis por sua integridade física”.

Além da declaração de Del Caño de apoio às famílias de Guernica e repúdio à ação de repressão do governo de Buenos Aires e federal, importantes referentes da Madres de Plaza de Mayo (Mães da Praça de Maio, traduzido do espanhol), declarou apoio às famílias que lutam por um teto, repudiando também a repressão.

A referente Nora Cortiñas declarou que “Nós, Mães de Maio, repudiamos o desalojamento. Ao invés de reprimir, o Governo tem que construir moradias, não deve tentar disciplinar o povo que luta por seus direitos. O dano que estão fazendo a essas crianças, a essas famílias que vivem ali, é absurdo, repudiamos essas repressão e nos dói profundamente”.

Acrescentou sobre os responsáveis desta operação: “Tanto Berni, como Larroque, Kicillof e Alberto Fernández aprovaram esta operação, vinham ameaçando as famílias com repressão já há dias, beneficiando setores privilegiados ao invés de dar soluções de verdade ao problema da moradia. Querem disciplinas o povo, é absurdo. O Estado é responsável pelo dano a essas mais de 1400 famílias!

Penso na quantidade de crianças que foram vítimas de semelhante violência, vendo como as poucas coisas que têm estavam sendo queimadas porque a polícia colocou fogo. Essas imagens não vão ser apagadas jamais. O Governo não tem direito de reprimir assim, sua obrigação é construir moradias para as milhares de famílias que não têm um teto.

Semelhante operação é descomunal, com 4 mil policiais. O Governo não tem direito de fazer isso, é lamentável. Dinheiro para dar teto a essas famílias existe, mas é dado para a polícia, para as Forças Armadas, beneficiando os setores privilegiados. Nós, Mães de Maio, resgatamos a história de cada criança, de cada mulher, de cada família que estão lutando lá por um lugar para viver”.

Nós da Rede Internacional do Esquerda Diário, estamos acompanhando em tempo real as mobilizações na Argentina através do La Izquierda Diario, mantendo as informações atualizadas.




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