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ELEIÇÕES PORTO ALEGRE | “Nessas eleições não temos, infelizmente, uma alternativa que realmente represente nossos interesses”

terça-feira 27 de setembro de 2016 | Edição do dia

Entrevistamos Adailson Rodoviário sobre as eleições em Porto Alegre.

ED: Qual a sua visão sobre as eleições em Porto Alegre?

Adailson Rodoviário: Infelizmente não existe uma combinação de resultados possíveis que possam garantir uma candidatura voltada aos trabalhadores nessa eleição.

Uma eleição diferente das anteriores, com menos visibilidade, menor tempo de campanha e com uma lista limitada de opções, mas que conserva algumas regras que mantém os peão longe de qualquer espaço na política, reservando a ele apenas o que lhes reservam a cada 2 anos: escolher um candidato entre tantos ofertados pela democracia burguesa.

Aos trabalhadores de porto alegre, aos meus colegas rodoviários deixo a reflexão sobre a atual gestão de Melo e Fortunati, que deram sequência ao mandato de Fogaça, somando mais de uma década de desperdício de dinheiro público, loteamento de secretarias, inchaço de CCs por toda parte, sucateamento da Carris, negociatas com empreiteiras, velhas financiadoras de campanha. Um mandato de um partido subalterno da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre), amigo das empresas de transporte, um partido que explora trabalhadores terceirizados, que fomenta a terceirização, de maneira que sequer fiscaliza a que são submetidos os trabalhadores, que assina planilha de serviços e os paga sem sequer ser realizado, e que agora lança Sebastião Melo com o slogan " governar do meu jeito", fazendo um jogo de palavras para que passe ao eleitor a ideia de que fará diferente de Fortunati, o que sabemos ser uma das tantas mentiras que nos conta o homem que sequer entregou as obras da copa mesmo mais de 2 anos após a realização do evento.

ED: E os rodoviários, o que podem esperar desses candidatos?

AD: Aos companheiros rodoviários não posso entregar a mentira de que qualquer candidato que ganhar o pleito terá as respostas que a categoria busca nestas eleições.
De Marchezan, que mal conhece esta cidade e promete entre outros absurdos, entregar a Carris ao sistema privado, não se pode esperar nada. De Sebastião Melo muito menos, seu governo atesta qualquer crítica que receba.

Maurício é quase um híbrido entre os outros dois na forma de governar, já que é tão jovem como Marchezan e tão ligado ao programa liberal de um partido com tradição em atacar direitos dos peão, vendendo a ideia de ser um partido trabalhista.

ED: E o Raul Pont, do PT, seria uma alternativa?

AD: Sobre Raul Pont, o homem acima de qualquer suspeita no PT gaúcho, um dos supostos bastiões da moralidade ao lado de Olívio Dutra, é respeitado pelo povo gaúcho, muito além da militância do PT.

O cachorrão, como é chamado, é um veterano na politica, que vai aos atos fora Temer, é o tiozão das massas e que nunca esteve em casos de corrupção até onde se sabe, mas ignora a corrupção do seu partido, como se fosse um universo paralelo a nossa realidade atual.

Mas não. O PT, o mesmo de Raul, está vivo na memória da classe trabalhadora. Sofreu um golpe, mas esta em centenas de candidaturas coligado aos partidos golpistas. Golpistas que golpearam a nós todos enquanto trabalhadores e nos fazem vítimas dos ataques de Temer e sua equipe de achacadores.

Embora em Porto Alegre uma parcela significativa da sociedade reivindique o governo petista como um dos melhores na prefeitura, inclusive entre os rodoviários, sabemos que tanto no discurso quanto na prática o PT governa voltado mais aos empresários do que para o povo. Aplica privatizações, terceirização e precarização do trabalho assim como os outros. Critica as medidas de Temer, mas estavam aplicando seu próprio ajuste contra os trabalhadores. Isso não é uma opção para seus candidatos, mas o jeito próprio do PT governar.

Na regra do menos pior, Raul ganha destaque nessas eleições, mas nenhuma confiança deve ser colocada nele diante de tais fatos recentes envolvendo o partido dos trabalhadores e a forma como trabalha em busca da tal governabilidade.

ED. E sobre a Luciana Genro, qual a sua opinião?

AD: Sobre a Luciana Genro, devo alertar sobre a sua postura nos debates que embora firme e que tenta o tempo todo que não está envolvida em corrupção, tem cedido aos encantos da possibilidade de chegar ao segundo turno, mesmo que tenha de adaptar o discurso conforme se desloca nas pesquisas.

Realmente muito me alegra saber que meus companheiros rodoviários estão rejeitando os velhos partidos da direita, e nesse ponto de vista, o voto que muitos declaram a candidata Luciana é sim progressista e mostra uma nova consciência entre os trabalhadores, mas não se deixem levar pela ideia de que se ela for ao segundo turno ou vencer as eleições teremos nossas demandas atendidas.

Questões como o empoderamento da guarda municipal e EPTC, ao cabo, trazem ainda mais repressão aos trabalhadores rodoviários, únicas vítimas da pressão exercidas pela fiscalização, já que em geral as empresas passam incólumes pelas sanções a elas impostas e redirecionam a nós os peões. Também vale lembrar que nos debates Luciana Genro tem deixado de criticar a política de PPPs e até defendido parcerias público-privadas, uma forma mascarada de privatização. E que apesar de não ter envolvimento com corrupção, Luciana Genro está aliada a um partido de patrão como o PPL, envolvido sim em escândalos de corrupção.

Então voltando, é uma nova visão política dos colegas rodoviários, mas que saibam que somente a própria categoria, os trabalhadores, terão como mudar o quadro em que vivem, discutindo e fazendo a própria política e que nessas eleições não temos, infelizmente, uma alternativa que realmente represente nossos interesses.

Alguns exemplos de candidatura dos trabalhadores está em São Paulo, como a candidata Diana Assunção, com Danilo Magrão em Campinas, Flavia Valle em Contagem, ou Carolina Cacau no Rio de Janeiro, que defendem entre outras coisas, que todo político ganhe salário de professor, no Rio de Janeiro com Carolina.

Que a cada eleição, o voto a cabresto, o voto por troca de favores, por obrigação, por amizade ou sorriso fácil fique de fora e mais e mais candidatos honestos surjam entre os peões que tendem a fazer sua própria política e lançar seus candidatos, numa campanha classista e de alto nível como a da Diana e de outros companheiros do MRT em São Paulo e outros estados.




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