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SÃO PAULO | Nenhuma homenagem aos reacionários bandeirantes! Viva Paulo Freire!

Veja declaração de Fernanda Peluci, diretora do sindicato dos metroviários, e da professora Marcella Campos, diretora da Apeoesp, sobre a mudança feita por Tarcísio de Freitas do nome da estação do metrô de Paulo Freire para Fernão Dias

quarta-feira 15 de março de 2023 | Edição do dia

Com menos de três meses de gestão, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, já perdeu o receio de dar os sinais de sua ideologia reacionária e escancarar suas expressões de seu bolsonarismo desprezível. Ontem 14/03 foi anunciado que o Metrô de São Paulo mudará o nome da futura estação da Linha 2- Verde de Estação Paulo Freire para Estação Fernão Dias. Apesar das obras da estação ainda não terem sequer começado, o novo governo já se adiantou em mudar o nome da estação, removendo o nome do patrono da educação brasileira, um dos intelectuais mais reconhecidos mundialmente, e substituindo pelo nome de uma figura execrável da história brasileira, Fernão Dias, o latifundiário bandeirante assassino responsável pelas expedições que expropriaram as riquezas do território dos nativos, que capturou milhares de indígenas para comercializá-los ou escravizá-los nas suas fazendas. Isso poucos dias depois de inúmeras denúncias de trabalho escravo no país.

A escolha pela substituição acontece justamente no momento em que os povos originários são brutalizados em toda a América Latina, haja visto a repressão do governo golpista no Peru, os mapuches reprimidos no Chile, e no Brasil onde passamos por uma crise humanitária sem precedentes com a dizimação de tribos Yanomami, arquitetada em favor dos garimpos ilegais, apoiados por Bolsonaro.

O bandeirante cuja história é frequentemente homenageada em nomes de estradas, avenidas, escolas e todo tipo de instituição que preza pela memória da violenta dominação colonial no Brasil. A substituição de uma figura como do educador Paulo Freire, professor internacionalmente renomado e reconhecido, demonstra mais uma vez que a educação e os professores sempre foram o inimigo número 1 do bolsonarismo e da extrema-direita.

“A justificativa dos dirigentes do Metrô-SP e do governo é a de que foi realizada uma pesquisa com os moradores locais a respeito da preferência do nome a ser homenageado, mas essa pesquisa não foi divulgada, e mesmo que surja qualquer documento sobre isso, homenagear o nome de um assassino e escravagista numa estação de metrô que todos os dias transporta milhões de trabalhadores explorados e que sofrem com a violência do Estado, só pode ser obra de quem tem muitas afinidades com o que tem de mais reacionário no país e nesse estado em que a violência policial só aumenta desde a posse do governador”, disse Fernanda Peluci, diretora do sindicato dos metroviários de SP e militante do Nossa Classe.

Já a professora Marcella Campos, diretora estadual da Apeoesp e também do Movimento Nossa Classe declarou: “Esse é mais um feito pra agradar a burguesia paulista, que se vê como herdeira dos Bandeirantes, por isso temos tantas avenidas, pontes, ruas, o palácio do governo e até escolas, batizados em homenagem aos Bandeirantes, que historicamente significam morte para todos os povos oprimidos de Norte a Sul do país e violência contra os negros e seus heróicos quilombos. A prisão e tortura do ativista Galo, acusado em 2021 por atear fogo à estátua do bandeirante Borba Gato, mostra que é assim que essa elite burguesa paulista e o governo de SP tratam os que lutam contra a memória dos assassinos do nosso povo”.

Manifestamos nosso repúdio a essa absurda mudança e homenagem, que fere e desrespeita a população negra, indígena e a história de luta desses povos. Nenhuma tolerância às homenagens aos violentadores, escravizadores, torturadores e falsos heróis de nossa história! Viva ao educador Paulo Freire!

Imagem: Reprodução




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