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CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NOS EUA | Nem só de Trump vem os campos de concentração, Obama prendeu 100 crianças brasileiras

sexta-feira 22 de junho de 2018 | Edição do dia

Imagem: Jack Gruber-Pool/Getty Images

As chocantes imagens dos campos de detenção para imigrantes nos Estados Unidos de Donald Trump tem causado impacto e revolta mundo afora. Milhares de crianças estão presas, separadas de suas famílias, como consequência da política de “tolerância zero” do governo Trump. Essa situação cruel e escandalosa, que tem sido comparada com as políticas Nazistas que precederam o Holocausto, não é uma novidade do revanchismo nacionalista de Trump, pelo contrário. Barack Obama, seu antecessor, foi até hoje, o presidente que mais deportou imigrantes clandestinos na história dos Estados Unidos.

Foi também o governo Obama que implementou uma política de prender imigrantes nos chamados “centros de detenção familiares” explicitamente como uma forma de desestimular a entrada de refugiados da América Central. Centenas de milhares de imigrantes foram detidos em presídios privados, atendendo diretamente aos lucros dos imperialistas às custas das vidas dos imigrantes latino-americanos. Em 2016, sob o governo Obama, cerca de 100 brasileiros menores de idade foram enviados a campos de concentração nos EUA, número que supera os 49 que estão na mesma situação agora.

"As razões foram distintas, mas as consequências foram as mesmas", afirmou Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty. Entre os motivos para a separação estava a suspeita de que o adulto que acompanhava o menor não era seu pai ou mãe. A embaixadora se lembra um caso em que isso se comprovou verdadeiro. Os que estavam sozinhos também eram enviados para abrigos, assim como os que indicavam que pretendiam ficar nos EUA de maneira irregular.

Casos do tipo eram praticamente inexistentes antes de 2016, observou Lopes, mas estavam em ascensão. Em 2014, 11 menores foram enviados a campos de detenção, quase o dobro dos seis que enfrentaram a mesma situação no ano anterior. O número subiu para 30, em 2015, e saltou para 100, no primeiro semestre de 2016.
Mas a situação perdurou em 2017, no primeiro ano do governo Trump. Entre janeiro e dezembro, 74 menores brasileiros que cruzaram a fronteira a partir do México foram enviados aos "Esse número foi registrado no ano todo. Agora, nós tivemos 49 em um curto espaço de tempo", ressaltou a embaixadora.

Em 2016, quase todos os brasileiros foram enviados para presídios em Chicago, considerados os melhores do país. Mas, com a política de Trump, as instituições ficaram sobrecarregadas. Dos 49 brasileiros, 29 estão em Chicago. Os demais se dividem entre Arizona, Texas, Flórida e Nova York.

Como agora, as idades dos menores também variavam. Em junho de 2017, por exemplo, Lopes recebeu do consulado em Chicago o relato da chegada de três menores a um dos abrigos da cidade, com idades de cinco, nove e 16 anos.

Segundo a embaixadora, as separações que ocorreram antes da "tolerância zero" de Trump seguiam determinações legais muito claras e ocorriam em casos específicos. "Agora, os casos deixaram de ser limitados à questão de suspeita de tráfico e passaram a ser prática absolutamente generalizada."

As declarações do governo Obama e Trump são claras. Trata-se de políticas destinadas a desestimular a imigração e garantir os lucros dos donos dos presídios privados, e não combater o tráfico humano. Deve-se lembrar que a maior parte dos imigrantes clandestinos provem dos países centro-americanos, que historicamente, desde o século XIX, tem sido as principais vítimas do imperialismo ianque. As famílias que hoje sofrem prisões arbitrárias, separações cruéis, e torturas hediondas, são as vítimas das condições produzidas pelo imperialismo norte-americano.




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