×

SOCIEDADE | Negros são 71% dos encarcerados por falso reconhecimento facial no Brasil de Bolsonaro

No país com a terceira maior população carcerária do mundo, onde Bolsonaro e Mourão negam que exista racismo, 71% da população carcerária que foi presa injustamente por falso reconhecimento facial são negros pobres. A principal causa disso é baseada nas prisões onde apenas apenas as palavras da polícia racista e genocida, que além de exterminar negros nas periferias, também criam situações falsas onde induzem vítimas a reconhecerem o suspeito de forma errada. Isso reforça cada vez mais o fato de que a polícia tem com função exterminar negros e reprimir a classe trabalhadora, e precisa acabar.

quarta-feira 2 de junho de 2021 | Edição do dia

Um levantamento feito pela Folha de São Paulo relata casos absurdos onde a maioria das vítimas de falso reconhecimento facial são negras. Em sua maioria são homens negros e jovens, que muitas vezes acabam passando mais de 20 anos na prisão e tendo a sua vida sabotada pelas mãos da polícia. Segundo os dados, 84% dos negros que vão para os presídios, vítimas desse crime de estado, são homens que foram condenados por investigações onde apenas a palavra da polícia contava.

Exemplo disso foi o caso do vendedor de balas, Wilson Alberto da Rosa, que foi preso na zona sul de São Paulo após ser acusado de participar de um roubo 5 meses antes naquela mesma região. Um policial civil, marido da vítima, implicou com o vendedor de balas e o rendeu, forçando Wilson a ajoelhar no chão enquanto tirava uma foto para enviar para sua esposa. A mulher reconheceu Wilson, e o policial civil levou Wilson para a unidade policial onde trabalhava a 20 quilômetros dali, ao invés de levá-lo para a delegacia distrital que ficava a dois quilômetros de distância.
O resultado disso é que Wilson era o único homem negro dentre 4 homens brancos, e mesmo com a esposa alegando que o suspeito do crime tinha 10 centímetros a menos, Wilson foi encaminhado para a delegacia e ficou 37 dias preso até que fosse solto e reconhecidas as irregularidades da prisão. Wilson não recebeu nem pedidos de desculpas. Outro caso absurdo foi o de Heberson Oliveira que foi preso injustamente por estupro, e na prisão foi estuprado por ao menos 60 pessoas diferentes e contraiu HIV.

São inúmeras histórias absurdas sobre como a polícia e o judiciário atuam para exercer a violência estatal em cima dos corpos pretos, nem que para isso tenham que sabotar suas vidas com a farsa burguesa da justiça, que serve apenas para punir os pobres e pretos, enquanto os capitalistas que roubam os trabalhadores todos os dias e erguem suas fortunas em cima do sangue das mulheres, dos negros e dos LGBTS, são protegidos pelo Estado.

O Estado não está acima das classes, e a justiça nunca foi uma ferramenta para se fazer uma sociedade mais justa. Muito pelo contrário, ela firma as bases legais para a exploração de classe, sob pena de repressão a quem se colocar contra essa ordem. Não é à toa que a polícia e o judiciário são os braços mais fortes do estado quando o assunto é intimidar e reprimir os trabalhadores que não aceitam as condições que os patrões colocam sob o trabalho para enriquecerem cada vez mais.

O Brasil de Bolsonaro e Mourão, em meio a pandemia, escancara ainda mais o caráter repressivo do estado e do choque das relações raciais à direita com o estabelecimento do regime do golpe e da eleição da extrema direita. O que já vinha sendo aplicado pelo PT no que diz respeito ao fortalecimento da polícia, com o aumento da população carcerária, com a implementação das UPP’s no RJ e outros mecanismos de reprimir a população preta, durante o governo Bolsonaro se multiplica cada vez mais com um giro de forças do estado em reprimir a população preta e pobre que pode em qualquer momento ser sujeito de explosões sociais mais fortes exatamente por ser um dos principais alvos das reformas.

É inaceitável o que fazem setores da esquerda como o PSOL, que defendem reformas gradativas na polícia e formações antirracistas aos policiais para que parem de assassinar nossa juventude, tal como propôs a parlamentar Áurea Carolina do PSOL. Não se trata de uma questão de comportamento e sim de uma questão de função. Mesmo que isso fosse possível, a polícia não matar jovens negros diariamente dentro das periferias, é ela que vai atirar nos trabalhadores em suas greves contra os patrões, e isso significa atirar em gente preta, pois a classe trabalhadora é majoritariamente preta no Brasil. A função da polícia e também das milícias, como no caso do Rio de Janeiro, é essa.

Além disso ela cumpre o papel fundamental para a burguesia, de fazer com que negros não liguem suas lutas e demandas históricas com a da classe trabalhadora, uma vez que a repressão, o encarceramento e o extermínio servem para que negros sejam impedidos objetivamente e subjetivamente através do medo de unirem suas demandas com as demandas da classe trabalhadora e venham a se rebelar contra esse sistema de exploração e miséria.

O que o estado capitalista reserva aos negros são todas as opressões visíveis e não tão visíveis. Os homens negros, que são presos devido a supostos enganos, dos quais após sua prisão não recebem nem um pedido de desculpas da justiça, não são presos apenas por acaso, e sim porque o capitalismo é racista e está disposto fazer com que a população preta não se levante contra o sistema de todas as formas, nem que pra isso precise encarcerar nossa juventude enquanto usufrui dos lucros trazidos pelas nossas péssimas condições de empregos.

Todo o racismo é fruto desse sistema que de tempos em tempos precisa descarregar suas crises nas costas do povo preto, mesmo que para isso precise erguer figuras como Bolsonaro. O racismo é um construto dos mais refinados para a manutenção dos lucros dos capitalistas, e somente com o fim do sistema capitalista ele pode acabar, com uma revolução da classe trabalhadora da qual negros estejam na linha de frente lutando pela derrubada desse sistema podre e pela construção de um estado operário socialista.

Fonte: Folha de São Paulo




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias