Fábio NunesVale do Paraíba
sexta-feira 20 de janeiro de 2017 | Edição do dia
Educação Sentimental 1
O capitalismo love kill e a pornografia heterossexual é escolinha de "Jack, O Estripador"
Educação Sentimental 2
O sapo que sonhou ser príncipe virou comida de mosquito
Editorial
Levamo um "gorpe" e os ataques continuam. Crise econômica e política explodindo avião na nossa cara e não tamo conseguindo responder. Se depender da burguesia e da direita tamo fudido. PT e outras conciliações de classes pode até dar um ar de melhora no começo mas no final a gente sabe no que vai dar. Pra responder mesmo só uma alternativa operária e anticapitalista.
Qual é a "onda"?
"Meu pau te ama" é a síntese do romantismo com a putaria? O jovem Werther desencanou da fossa conservadora e foi pro "fluxo" na maior sinceridade? Será? Uma galera fala que é expressão da juventude empoderada pós-Junho de 2013, o artista "sério" se despediu no Facebook, disse que não aguenta mais e vai morar em Veneza, o padre/pastor excomungou, tem gente que nunca ouviu e a família tá perdida.
Enquanto corria a barca dos "omi" na avenida...
No começo da década de setenta a Prefeitura do Rio de Janeiro instalou um emissário submarino na praia de Ipanema para despejar o esgoto no oceano. Para assentar a tubulação sob a areia, foi preciso construir um píer de 300 metros com duas paredes de metal.
A construção causou mudanças no mar e na areia. A areia retirada do fundo do mar foi depositada na beira da praia e formou dunas. Devido às mudanças o mar subiu e apareceram ondas de dois, três metros, coisa rara até então para os surfistas cariocas, que saíram do Arpoador e se instalaram no "Pier de Ipanema" até 1975, ano em que foi desativado.
A maconha veio junto com as pranchas e se juntou a de artistas e intelectuais ligados à contracultura, as famosas ideias "hippie" difundidas nos anos 60. Figuras como Gal Costa, Jards Macalé, Waly Salomão e Caetano Veloso eram frequentadores assíduos.
No ano da construção do emissário submarino Gal Costa apresentava o show "Fa-tal - Gal a todo vapor" no Teatro Teresa Raquel, em Copacabana, próximo à Ipanema. "Fa-tal" foi o show da galera "hippie" em 71. A contracultura ficava o dia inteiro no "píer" e a noite ia para o "Teresao" ver a Gal cantar "Vapor Barato", música de Jards Macalé e Waly Salomão.
Gal morava em Ipanema e frequentava as dunas do "Pier", depois chamadas de "Dunas do Barato" e "Dunas da Gal".
Segundo Jards Macalé, o "Pier" era um pedaço de praia deixado como "válvula de escape", um espaço de loucura liberado pela Ditadura. Conforme Macalé, a polícia ficava da calçada observando o sexo, as drogas e o rock n roll "camuflados" pelas "Dunas do Barato".
Fica o debate.
Entrevista com Artur Barrio
O artista luso-brasileiro Artur Barrio (1945) quebrou tudo em 1969-1970 com as suas "trouxas ensanguentadas" dispensadas em ruas e córregos do país. Barrio também produziu o "Livro de Carne" (1979), outra pedrada no cenário artístico.
Fabio Nunes - Ontem
Artur Barrio - Saí do Brasil em 1974 quando da Revolução dos Cravos em Portugal passando alguns anos depois a viver em Paris. Acompanhei o processo da abertura política nos anos 80. Retornei ao Brasil em 1994.
Fabio Nunes - Hoje
Artur Barrio - Na permanência do momento com os olhos fixos na linha do horizonte na sensação infantil de um dia chegar...
Independência criativa
A criatividade está condenada ao estrangulamento? Dória quer uma SP cinza, ou bem colorida, do tipo bobo Romero Britto. A madeira dando aquela empenada pra arte. Artista pobre é considerado "criminoso" e a Prefeitura de São Paulo só vai apoiar melodrama e musical com happy end.
Massacre nos presídios
O Jornal Nacional anuncia mais um dia de terror no sistema penitenciário e o "cidadão de bem" bate palma e dorme tranquilo.
É o pai bebê
Depois do Marcel Duchamp fica fácil confundir cu com bunda e chamar de "arte conceitual".
Entrevista com a comunidade Psicodelia Nordestina
Fabio Nunes - Sertão 70
Psicodelia Nordestina - A música psicodélica que assolou por aqui foi muito peculiar, pois além de uma certa influência natural da psicodelia que tomou o rock no final dos anos sessenta e começo de setenta a nível mundial (Jimi Hendrix, Janis Joplin etc) o que terminou chegando aqui, existe também uma fusão com toda a cultura nordestina que vem dos cordelistas, violeiros, aboiadores, o baião de Luiz Gonzaga, o balanço de Jackson do Padeiro. Toda essa turma bebeu dessa fonte pra fazer com originalidade a pegada sonora e poética deles. Zé Ramalho, Alceu Valença, Lula Côrtes, Ave Sangria, Flaviola, Notaro, Cátia de França, Ricardo Uchoa, Geraldo Azevedo, Hugo Leão (só pra citar em PE e PB)...Mas o barato deles é que há uma clara originalidade com toda essa fusão de informações, cada um construiu um caminho peculiar que se observa ouvindo os discos iniciais deles.
Fabio Nunes - E hoje?
Psicodelia Nordestina - Quanto ao cenário Psicodélico atual...Noto uma volta de bandas antigas, uma espécie de renascimento e ressurgimento da parada, muito isso graças a força das redes sociais, tendo em vista que nas grandes rádios e tv’s o espaço é ocupado por outros gêneros, nesse sentido os garimpadores, colecionadores, fãs antigos que usam a net ajudaram a impulsionar e anima a volta de conjuntos clássicos como por exemplo o Ave Sangria, Novos Baianos, etc. Muitos jovens que começam a escutar esses sons também entram na onda e vão muito aos shows, etc. O legal é que o público está diverso e de várias faixas etárias, não só fica aquela coisa nostálgica justamente por isso. Quanto a bandas novas tem várias cara, poderia citar por exemplo, em Recife, alguns novos nomes da psicodelia atual: "Anjo Gabriel", Juvenil Silva, Petrônio e as Criaturas, "Caapora", Aninha Martins, Julio Ferraz, etc, etc. A nível nacional noto o "Meta Meta" com muita força muito embora o som deles não seja totalmente Psicodélico, dialoga com vários estilos. Tem em Alagoas a banda "Necro" que faz um som Psicodélico legal, etc.
