A criação do sindicato Alphabet Workers Union é uma raridade no Silicon Valley, fundado após anos de tentativas por parte dos trabalhadores da Google.
Juan Cruz FerreLeft Voice, EUA
segunda-feira 4 de janeiro de 2021 | Edição do dia
Mais de 225 engenheiros da Google e outros trabalhadores formaram um sindicato, segundo revelou o grupo tecnológico nessa segunda, após vários anos de luta numa das maiores empresas do mundo sendo um importante precedente para a organização de sindicatos no Silicon Valley, uma cidade antisindical por excelência.
A criação do sindicato é a ponta de lança incomum para a indústria tecnológica que tem fortes vínculos com a globalização. Durante muito tempo tinha colocado enormes obstáculos para os trabalhadores se organizarem, a maioria de colarinho branco. A fundação do sindicato é produto também das crescentes demandas dos empregados de Google sobra as políticas salariais, assédio e ética, e é provável que aumente as tensões com as patronais.
O novo sindicato, chamado Alphabet Workers Union depois que a empresa central de Google, Alphabet, vinha se organizando secretamente durante a maior parte do ano e elegeu a sua liderança no mês passado. O grupo está filiado ao Communications Workers of America, um sindicato que representa aos trabalhadores das telecomunicações e dos meios de comunicação nos Estados Unidos e Canada.
We're Alphabet workers. We’ve been organizing for over a year, & we’re finally ready to share why.
This morning, we're announcing #AWU, the first union open to *all* workers at any Alphabet company.
Every worker deserves a union—including tech workers.https://t.co/m2Qmjwz32V— Alphabet Workers Union (@AlphabetWorkers) January 4, 2021
Mas diferentemente de um sindicato tradicional, que exige que um empregador venha na mesa de negociações para fechar um contrato, o Alphabet Workers Union é um chamado sindicato minoritário que representa uma fração dos mais de 260 mil trabalhadores efetivos e terceirizados da companhia. Os trabalhadores disseram que era principalmente um esforço para dar estrutura e sustentabilidade ao ativismo na Google.
O novo sindicato é o mais claro sinal de que o ativismo entre os trabalhadores tem se espalhado no Silicon Valley nos últimos anos. Enquanto os engenheiros de software e outros trabalhadores tecnológicos mantiveram-se calados no passado sobre questões sociais e políticas, os empregados da Amazon, Salesforçe, Pinterest e outros tem feito mais barulho em assuntos sobre a diversidade, a discriminação salarial e o assédio sexual.
Em nenhuma empresa de tecnologia a voz dos trabalhadores tem sido mais alta do que no Google. Em 2018, mais de 20 mil empregados realizaram uma greve para protestar contra como a empresa lida com o assédio sexual. Outros tem se enfrentado às decisões comerciais que consideravam pouco éticas, como desenvolver inteligência artificial para o Departamento de Defesa e proporcionar tecnologia para Alfandegas e Proteção de Fronteiras dos EUA.
A estrutura também dá ao sindicato a liberdade de incluir os terceirizados da Google, que superam em número aos trabalhadores efetivos e que seriam excluídos de um sindicato tradicional. Alguns empregados da Google tem considerado estabelecer um sindicato minoritário ou solidário durante vários anos, e os motoristas de transporte privado também formaram grupos similares.
Com informações do New York Times.