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Niterói-RJ | ‘Não sabia que oferecer bala era crime’ diz viúva de Hyago, morto brutalmente pela PM

O vendedor de balas, Hyago Macedo, foi morto em frente a estação Araribóia em Niterói por um policial militar fora do horário de serviço. O policial teria feito o disparo após supostamente pensar que o vendedor de balas iria fazer um assalto.

segunda-feira 14 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Nesta segunda feira, mais um jovem negro se tornou vítimas das balas da Polícia. Hyago Macedo, foi morto em frente a estação Araribóia em Niterói (RJ) por um policial militar. Hyago era um vendedor de balas que estava trabalhando quando o policial tirou sua vida alegando que ele iria cometer um assalto.

Em entrevista ao vivo, o primo de Hyago diz que ao oferecer balas para um homem, o mesmo começou a xingá-lo e dizer que os “vendedores de balas são tudo ladrão” em um gesto totalmente preconceituoso e racista. O PM, que estava fora de serviço, estava do lado e viu a situação. Ocorreu uma discussão entre Hyago e o PM que disparou em seguida assassinado na frente de todos que passavam.

A família de Hyago fez declarações mostrando toda sua tristeza e ódio em um caso de tamanha barbárie. “A bala do meu primo custa uma por três e duas por cinco. E quanto custa a vida do meu primo?”. falou seu primo, Tiago.

Taís, esposa de Hyago, também deu entrevista comovente contra a barbaridade feita contra seu marido. “Ele só desceu para trabalhar, como todos os dias. Estava com uma caixa de balas na mão. Não sabia que hoje em dia a gente oferecer bala era um crime. A gente está só trabalhando. Se o ser humano não quer doce, é só não comprar. Um homem sacar uma arma e tirar a vida de um pai de família desnecessariamente? Em que mundo a gente está vivendo?

E continua: “Meu filho que estava com ele contou que a única coisa que o Hyago fez foi oferecer uma bala para o moço. A pessoa não quis, e ele falou: Tá bom, você não é obrigado a comprar”. E o outro já veio dando tapa no peito, agredindo. Em momento algum meu marido reagiu e foi pra cima. Quando viu a arma, ele só perguntou: “Você vai me dar um tiro à toa?”. E ele fez isso, atirou no peito pra matar. No meio de um monte de testemunha”, relatou Taís.

Os relatos dos parentes de Hyago mostra a forma mais nefasta do racismo. Um jovem trabalhador precário, que está vendendo pacote de balas para sustentar a família, e ainda sonhando em garantir dinheiro para a festa de aniversário de sua filha, é tratado é assassinado de forma fria pela PM, que sempre atira primeiro e depois pergunta. Essa morte ocorre semanas após do assassinato de Moïse, trabalhador imigrante que foi morto por cobrar seu pagamento do patrão que estava atrasado. Outro trabalhador precário e negro, morto de forma brutal.

No meio dessa crise e o desemprego em alta, as pessoas só tem opção ao trabalho precário. Trabalhando sem direito e sem segurança financeira, sabendo que ficar um dia sem trabalhar é igual a um dia sem receber. E para esses trabalhos precários, esta reservado lugar para o povo negro e pobre, que sofre com o racismo estrutural que condiciona os negros em empregos precários e mata eles todos os dias pela a bala da polícia.

Essa também é a cara da reforma trabalhista, que diz que veio para gerar mais empregos e oportunidades, o que na verdade resultou em mais desemprego e empregos sem direitos e ultra precários. Uma reforma que tem o intuito apenas de manter os lucros dos empresários enquanto os trabalhadores pagam com pela crise, alguns pagam com a própria vida. Por isso é necessário lutar pela revogação integral da reforma trabalhista e por emprego com direitos para todos, para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Veja também: Um chamado à esquerda para uma campanha unificada pela revogação integral da reforma trabalhista

Nesta terça (15), haverá um ato em protesto contra a morte de Hyago em frente à estação das barcas Araribóia em Niterói, às 16h. Nos juntamos ao chamado e convocamos a todas, todos e todes para esse ato e luta por Justiça a Hyago e contra a violência policial




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