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CRISE SANITÁRIA E ECONÔMICA | Não podemos esperar 2022! Organizar nossa classe contra Bolsonaro, Mourão e os golpistas

segunda-feira 29 de março de 2021 | Edição do dia

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Bolsonaro e seu negacionismo é tão responsável quanto Dória, os governadores e outros atores golpistas do regime pelo estágio tenebroso da pandemia que vive hoje o Brasil.

Mas, mesmo frente a este cenário, as alternativas que os partidos de esquerda apresentam para os trabalhadores são, no mínimo, muito insuficientes.

Seja a politica do impeachment, inflada durante boa parte de 2020, e que encarava Rodrigo Maia, então presidente da Câmara, o STF, e governadores como Dória como aliados, e que aceitava colocar Mourão como presidente, ou seja então agora a esperança que está por trás da política de muitos após a liberacao dos direitos políticos de Lula, não respondem a realidade.

Afinal, a resposta do próprio Lula em sua fala após a liberacao dos direitos políticos expressava que a resposta ao enfrentamento da pandemia e do Bolsonarismo passa por esperar 2022, e tirar Bolsonaro no voto.

O Brasil vive o caos, com o colapso dos hospitais, com mais de 3 mil mortes diárias pela Covid, desemprego atingindo níveis estratosféricos, uma alta de preços que destrói as condições de vida dos trabalhadores, e como conjunto da obra, nenhuma garantia de segurança para a classe trabalhadora, muito menos medidas sanitárias eficazes para o combate à pandemia.

Não podemos esperar 2022 para se enfrentar com o negacionismo Bolsonarista e com os golpistas.

Lula e o PT depositam sua confiança no STF, como ficou claro no processo de reabilitação de seus direitos políticos. E isso expressa a estratégia passiva do PT de espera das eleições de 2022.

Afinal, no meio do discurso verborrágico de Lula após a decisão de Fachin, não houve qualquer fala direcionada às Centrais Sindicais, como a CUT e a CTB, que são dirigidas por PT e PCdoB, para que rompam a paralisia que tem com os governos, e organizem os trabalhadores para batalhar por um programa emergencial para a crise sanitária e econômica.

O Consóricio de Governadores do Nordeste aponta o mesmo caminho do PT de confiança no regime do golpe, buscando encontrar seu lugar ao sol em um regime cada vez mais reacionário e autoritário, se aliando com golpistas e partidos de direita que hoje são opositores de Bolsonaro. A via utilizada pelo PT, com seus governadores, é consolidar diferentes exemplos de atuação para apresentar-se mais viável para a burguesia.

O recuo discursivo de Bolsonaro na última semana, e a criação do Comitê pelo presidente foram tratados pelo Petismo como um “efeito Lula”. No entanto os interesses do PT não passam pela garantia de medidas emergenciais como testes massivos para mapear o vírus, contratação de trabalhadoras e trabalhadores da saúde, ou por um auxílio emergencial de, ao menos, um salário mínimo.

Muito menos então passa por questionar o Teto de Gastos, usado por todos os governantes como justificativa para ausência de investimentos robustos em medidas como essas. Ou então pela anulação das reformas e de toda a obra do golpe institucional que agora recai ainda mais duramente sob os trabalhadores, com ataques aos direitos trabalhistas e às aposentadorias.

O dia 24 de Março, que poderia ser um grande dia de luta da classe trabalhadora, se tornou um chamado das centrais sindicais por um “lockdown da classe trabalhadora”. Um dia que devia ser organizado em cada sindicato dirigido pela CUT (PT), para mobilizar os trabalhadores em paralisações e greves, foi, pelo contrário, uma completa passividade a serviço da desmoralização da classe trabalhadora, refletido tão somente para canalizar a revolta no processo eleitoral.

Por isso é fundamental questionar e exigir que CUT e CTB larguem imediatamente essa paralisia. Que organizem assembleias por todas as vias necessárias, virtuais e não virtuais, para organizar trabalhadores de serviços essenciais e não essenciais, que estejam trabalhando de suas casas, ou se arriscando diariamente nas ruas, para se enfrentar não apenas contra Bolsonaro, mas contra Mourão e todos os golpistas, contra todo o regime político e sua obra de ataques, intensificados durante a pandemia.

Isso só será possível com a auto-organização dos trabalhadores. Para desenvolver as melhores medidas de segurança em cada local de trabalho essencial. Para definir medidas de reorganização da indústria em função da produção do que é necessário para combater a pandemia.

Por isso é importante também fazer um chamado ao PSOL, que coloque seus mandatos nas câmaras legislativas de municípios, estados e nacional, suas figuras públicas e seu partido, nesta direção, e que seja parte também de conformar um pólo anti-burocrático que se contraponha às Centrais Sindicais e sua paralisia, batalhando pela organização dos trabalhadores.

Não será nas urnas que derrotamos o conjunto da obra do golpe que colocou Bolsonaro no poder, e nem o próprio bolsonarismo. Mas sim, na luta organizada dos trabalhadores contra esse regime golpista de conjunto.




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