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GRAFITE | "Não concordo com esse tipo de ação do poder público com a arte de rua”, disse o muralista Kobra

Doria cita diariamente o famoso muralista Kobra como um coordenador de seu projeto para transformar "pixadores" em "artistas" e organizar os grafites em áreas pre-estabelecidas da cidade. Na última entrevista publicada com Kobra, ele negou taxativamente que participaria de projeto do prefeito.

quinta-feira 26 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Doria tentou usar ainda em dezembro o famoso grafiteiro Kobra para acalmar os ânimos das milhares de críticas que previa que aconteceriam a seu projeto “Cidade Linda”. Foi o que aconteceu ao destruir o maior mural de grafite da América Latina.

A tentativa de usar o renomado artista não deu certo, Kobra desmentiu o prefeito ainda em Dezembro sobre sua participação no programa. "Não recebi convite para trabalhar com Doria. E se tivesse recebido, não aceitaria. Não concordo com esse tipo de ação do poder público com a arte de rua", disse Kobra ao site Catraca Livre. A mesma entrevista também foi publicada no Estadão. Na mesma entrevista ele afirmou que não concorda com a concepção de Doria de que grafiteiros são uma "evolução" da pichação. “Eu já fui pichador e nunca vou criticar a pichação”, diz ele.

Após uma enxurrada de críticas, Doria anunciou a criação de uma comissão do programa para escolher os artistas, que não precisarão dizer como será o desenho, mas serão obrigados a enviar currículo e informações sobre sua arte para que possam grafitar apenas nos locais designados pela prefeitura, ou seja, a arte será permitida apenas com autorização da prefeitura. Em espaços que serão chamados de “Museus de Arte de Rua”.

Após o grafiteiro Eduardo Kobra ser citado como "coordenador" desse projeto, uma intervenção em protesto a Doria foi realizada em um de seus grafites. O grafiteiro não confirmou sua participação no programa a nenhuma mídia ou se pronunciou sobre o assunto nas redes sociais. Em dezembro ele havia desmentido taxativamente essa informação.

Grandes mídias como Folha e G1 se apropriaram do acontecido com um dos murais do artista para atacar os que intervêm nos muros da cidade, ameaçados por uma lei que Doria pretende aprovar multando aqueles que pintem muros sem autorização. O tucano afirma que vai discutir com a Câmara Municipal a criação dessa lei. "São agressores, são destruidores. Não vamos fraquejar contra os pichadores. Ou mudam de profissão ou mudam de cidade". No projeto de lei que discutirá com os vereadores diz querer uma "multa pesada" para a pichação.

O pixo e o grafite são arte urbana sem diferenciação, surgiram juntos com a cultura do hip hop e um não é menos arte que o outro, os dois são maneiras da juventude se expressar e buscar ser parte integrante da cidade. Quando Doria tenta fazer uma diferenciação barata e manda que os grafiteiros ocupem os museus ele está mostrando a sua visão elitista de que só é arte o que está nas grandes galerias burguesas. Do muralismo de Kobra aos pixos, passando pela arte de Lais Lenne, são todos artistas; a lata vai revidar e a política Cidade Linda não terá vez.




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