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Declaração | “Não adianta falar de greve geral e não apoiar as lutas em curso" diz Marcello Pablito

O Esquerda Diário conversou com o dirigente do MRT, Marcello Pablito, sobre rumos da luta contra Bolsonaro e Mourão no país, em meio à uma escalada da retórica golpista por parte dos bolsonaristas e medidas autoritárias por parte do STF, além do caminhão de ataques contra a classe trabalhadora.

terça-feira 24 de agosto de 2021 | Edição do dia

Marcello Pablito e Letícia Parks em ato contra a privatização dos Correios

Esquerda Diário: Pablito, como vê a situação do país hoje?

Pablito: Tá complicada para classe trabalhadora e pro povo pobre, enquanto os ricos e políticos só ficam mais ricos e garantem seus privilégios, existe um retrato da fome crescendo no nosso país, enquanto as notícias falam de um aumento das vendas de soja, deixando o agronegócio mais rico, o povo mais pobre e os indígenas com menos terra. O desemprego se mantém nas alturas no país, sem um auxílio digno por parte do governo e enquanto a vacinação vem ocorrendo, existe aí a possibilidade da variante delta e sabemos bem que quem pode morrer pela covid são explorados por esse sistema de miséria. Enquanto isso Bolsonaro vem aumentando seu tom golpista para tentar recompor e mobilizar sua base militante, depois de sofrer duros ataques e estar bem debilitado na opinião pública, conseguiu que o Centrão(esse mesmo que ele falou que nunca ia apoiar) apoiasse ele, junto com Lira e as Forças Armadas. Enquanto isso o STF não aceita as declarações e intenções bolsonaristas e responde contra figuras como Sérgio Reis, como se tivesse defendendo a democracia, mas vemos que esse mesmo judiciário prendeu Galo, quer prender Macapá, ataca a greve de Betim em Minas Gerais e agora pode passar um grande ataque contra os povos indígenas do país. E no meio de tudo isso, o Congresso vem passando com Lira na frente e sem nenhuma declaração do STF, uma nova reforma trabalhista, a privatização dos Correios e Eletrobras, a reforma administrativa, são grandes ataques contra a classe trabalhadora.

ED: E como estão as respostas da esquerda e dos trabalhadores sobre tudo isso?

Pablito: Acho que a principal luta do país hoje é o acampamento dos povos indígenas em Brasília contra o Marco Temporal, e aqui é importante esta é uma luta diretamente contra o STF, esse que para alguns é defensor da democracia. Uma luta histórica, nunca houveram tantos povos reunidos em só lugar e já passam de mais de 10 mil pessoas acampadas, isso de acordo com eles mesmos. É dever da esquerda não deixar que essa luta fique isolada das outras, a pauta indígena tem que ser uma das pautas da classe trabalhadora para conseguirmos derrotar Bolsonaro, Mourão e todos os ataques. E daí existem outras lutas em curso no país, além dos atos esporádicos contra Bolsonaro, existe uma greve na MRV de Campinas há mais de um mês, em que o jornalista esportivo Juca Kfouri dedicou dois textos, mas correntes como PCB, UP que falam em greve geral, nem mesmo uma nota sequer. Precisamos de uma esquerda que queira a greve geral saindo do desenvolvimento de lutas existentes, para pressionar com ainda mais força a burocracia sindical por paralisações em cada local de trabalho, assembleias e a auto-organização da classe trabalhadora contra Bolsonaro e Mourão. Não adianta falar de greve geral e não apoiar as lutas em curso. Por outro lado, não existe um quietismo do PT como gostam de dizer os companheiros da Resistência/PSOL, o partido de Lula dirige a maior central sindical da América Latina, seria contraditório para a já corrida eleitoral lulista de administrar o que sobrar do Brasil pós Bolsonaro, inflar lutas que saiam do controle da burocracia das centrais sindicais. Por isso, isolam e abafam cada respiro da classe trabalhadora contra os ataques do capitalismo porque já estão preparados para administrar a miséria. Uma esquerda que se postule à esquerda do PT tem que ter isso claro, para construir a greve geral e impor outra agenda política no país, temos que nos enfrentar com a burocracia sindical, dando exemplo em cada local de trabalho, exigindo que a burocracia também se movimente e denunciando que cada passo não dado por seus sindicatos é um passo para Lula administrar as derrotas de hoje, a tutela dos militares e do judiciário em 2022.




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