Como parte da disputa política entre Bolsonaro e Doria em torno da vacina contra a covid-19, mais um militar é indicado pelo presidente para cargo de direção em órgão do governo. Não por acaso, agora Bolsonaro quer colocar a Anvisa sob seu controle, indicando o tenente-coronel Jorge Kormann para vaga na diretoria.
quinta-feira 12 de novembro de 2020 | Edição do dia
Foto: Carolina Antunes/PR
O presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro encaminhou ao Senado a indicação de mais um militar para chefia de órgão de governo, sendo a Anvisa o atual alvo de sua tentativa de controle.
A indicação do tenente-coronel Jorge Kormann para vaga na diretoria se dá em decorrência do fim do mandato da farmacêutica Alessandra Bastos Soares, que termina em 19 de dezembro deste ano. Sua trajetória é toda ligada ao serviço de inteligência e estratégia militar, sem nenhuma menção em seu currículo a qualquer tipo de ligação com a área da saúde ou bioquímica.
Segundo a Agência Senado, o Senado aprovou em outubro outras quatro indicações de Bolsonaro à Anvisa, sendo uma deles de outro militar, o contra-almirante da Marinha Antônio Barra Torres, para diretor-presidente da agência.
Toda essa busca do presidente para controlar a Anvisa de perto, juntamente com a busca por aumentar os militares nos cargos de confiança de seu governo, se dá no contexto da disputa política com João Doria, governador de SP, em torno da vacina contra a Covid-19. Na última semana, os testes da vacina foram suspensos e Bolsonaro chegou ao absurdo de comemorar a morte de um voluntário, que depois foi indicado que não possuía ligação com a vacina.
Ambos disputam quem mais irá fazer demagogia em cima dessa vacina, mas a realidade é que nenhum dos dois irá garantir seu acesso massivo a todos que queiram, de maneira gratuita, tal como nenhum dos dois vem atuando ao longo dessa pandemia para de fato prevenir os contágios e as mortes, que já passam de 163 mil no país.
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