O sistema carcerário brasileiro, incluindo as chamadas unidades socioeducativas para adolescentes, registra um aumento de 190% nas mortes por covid-19 entre presos e servidores. A superlotação do sistema e as baixas condições sanitárias não são novidade em um Estado racista onde a maior parte dos presos são negros.
sexta-feira 12 de março de 2021 | Edição do dia
Foto: Bruno Cecin/Ag Pará
Somente nos primeiros 67 dias do ano foram registradas 58 mortes por covid-19, quase uma por dia. No total de óbitos no sistema prisional desde o início da pandemia é de 308 pessoas entre detentos e servidores. Para entender o quão graves são esses números basta comparar com uma cidade de 710 mil habitantes, que é a quantidade de presos no Brasil divulgado em fevereiro de 2020. Palhoça em SC por exemplo, na grande Florianópolis, possui em torno de 710 mil habitantes, onde desde o início da pandemia foram notificadas 163 mortes decorrentes do novo coronavírus. Ou seja, no sistema prisional o novo coronavírus mata 47% a mais do que fora.
O levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revela 71.343 casos em todo o sistema carcerário, para seguir na comparação, em Palhoça foram 21.609 casos registrados. Detentos e defensores públicos reclamam principalmente de falta de profissionais de saúde e de medicamentos, e, além disso, denunciam que em alguns casos as pessoas morrem agonizando sem que sejam levadas para atendimento de saúde. A escolta para atendimento de saúde externo foi reduzida durante a pandemia.
Em condições totalmente desumanas, em celas superlotadas, com iluminação precária, onde falta itens básicos como sabão, roupa, colchões os presos relatam até a água é racionada. Essas condições são evidentes violações de direitos humanos básicos. É isso que o capitalismo oferece para a juventude pobre, nas favelas o Estado entra basicamente só como polícia, não entra como educação, cultura, saneamento e habitação, e, quando não deixa corpos no chão o destino da juventude negra e desempregada é esse.
