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GRAVAÇÕES DE MORO | Moro e seu ’partido’ escolhem quem atacar e quem favorecer

Os fatos do dia 16 só reforçam que não há uma operação de “limpeza ética” de Moro, da justiça, da PF e da mídia, mas sim uma linha de substituir os esquemas de corrupção petistas por outros políticos e capitalistas e renovar a cara do regime político para melhor atacar. Com as gravações de hoje, Moro buscou golpear a nomeação de Lula como ministro e a derrota da oposição no STF que rejeitou os recursos sobre rito do impeachment e manter viva a força expressa pela direita no domingo

Simone IshibashiRio de Janeiro

quinta-feira 17 de março de 2016 | 02:46

Neste dia 16 Moro mostrou uma vez mais seu imenso aparato investigativo policial e poderes sem limites que vem acumulando. Trata-se de uma linha de fortalecer o poder judiciário como alternativa frente ao desgaste do regime político, com poderes para, em base ao rechaço popular à corrupção, justificar o uso inclusive de meios inconstitucionais para renovar uma ilusão na possibilidade de uma limpeza ética dessa democracia dos ricos decadente em que vivemos.

Mais que isso, Moro e o judiciário concentram todas suas denúncias contra o PT com o objetivo de abrir espaço para outros setores capitalistas, ligados ao imperialismo e a outros políticos e esquemas igualmente corruptos. O PT alimentou essa direita, inclusive esse poder do judiciário, construiu esse sistema vigente, mas nada justifica um apoio a essa ofensiva da direita.

É fundamental que os trabalhadores e a juventude tenham total clareza que não se trata, nem os movimentos de Moro, nem as movimentações que estão acontecendo nas ruas estes dias, de movimentos progressistas que vão melhorar o país, nem resolver o problema da corrupção ou da crise econômica que estamos vivendo.

Os novos fatos deste dia 16

O primeiro é a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, que foi interpretado por setores significativos da população meramente como um movimento para bloquear a investigação sobre si, porque como ministro passaria a gozar dos privilégios de todos políticos, o foro privilegiado. A manobra arriscada de Lula aposta no capital político seu para articular algo em favor de salvar o governo, o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) logo tomou os microfones para falar que com Lula será mais fácil negociar a relação de seu partido com o governo.

O segundo se deu com a negativa dos ministros do STF em aceitarem os recursos de Cunha contra o rito do impeachment, o que favorece o governo.

Numa movimentação que obviamente objetivava reverter essas movimentações e conquistas táticas do governo na presente conjuntura, e aproveitar o capital político das manifestações do último final de semana, Sergio Moro vazou, como já é costume na hora que é conveniente, uma conversa entre Dilma e Lula, e de Lula com outros setores em que critica a Lava Jato.

Para além de que o conteúdo em si da conversa entre Lula e Dilma não tenha absolutamente nada demais, é mais do que óbvio que Sérgio Moro não utiliza todo esse aparato investigativo contra FHC, Alckmin, Serra, Aécio, Cunha, sendo que já há inclusive denúncias com provas de corrupção de alguns deles.

Mas não são só seletivas as investigações do Moro. Também são as manifestações da direita, que ainda que um setor minoritário começa a citar outros políticos, é impressionante como nem mesmo o execrável Cunha recebe tamanho repúdio. Também é seletiva a crítica petista a Moro e o judiciário criticando as medidas arbitrárias de Moro e dos MPs para buscar defender uma impunidade geral que lhes salve a pele. Não precisamos dos arbítrios de Moro para saber que estão todos enlameados na corrupção, inclusive o próprio Moro que oculta interesses imperialistas em suas ações.

Basta de ilusão em Moro e no judiciário

Alçado à condição de herói nacional pela mídia e depois saudado pelas manifestações, convocadas pela mídia e compostas pela classe média de 13 de março, Sergio Moro e o “partido judiciário” que já vinham avançando em arbitrar sobre as classes e grupos em disputa, e impor métodos autoritários e interessados, como o vazamento seletivo das informações à imprensa, agora grampeou uma conversa entre Dilma e Lula hoje mesmo e hoje mesmo já as disponibilizou.

Nesse sentido, como já viemos debatendo em vários artigos, se trata de mais uma demonstração de que nada mais longe de Sergio Moro que ser um “paladino da democracia e da luta contra corrupção”, mas se constitui como mais uma demonstração explícita de que se trataria de um representante de interesses e setores nada progressistas.

Moro e o “partido do judiciário, bem como o “partido mídia” da Globo, não são nada neutros, mas pelo contrário, estão umbilicalmente ligados a interesses de classe reacionários, com o dedo do imperialismo, além da FIESP e seu clamor de “renuncia já” como demonstra suas ligações com a Shell.

Como Moro conseguiu grampear uma conversa entre Lula e Dilma? Vale lembrar a denúncia feita pelo Wikileaks tempos atrás, de que o imperialismo norte-americano estava espionando todos os governos, inclusive os demais chefes de estado imperialistas. Como um juiz de primeira instância tem autoridade para executar, e disponibilizar algo de uma presidente da República o que caberia ao STF segundo a Constituição vigente. Que recursos o “partido judiciário” tem prontos, a bel-prazer de Moro para usar como quiser contra quem quiser?

Por uma política independente de combate à impunidade e os ajustes

Os trabalhadores e a juventude jamais poderiam ser beneficiados pelo Judiciário, ou pela Polícia Federal. Enquanto os trabalhadores não estão unificados, impondo com seus próprios métodos de classe, um movimento nacional contra os ajustes e a impunidade, isso pode não ficar claro. Mas a partir do momento que os trabalhadores entrarem em cena, será evidente que o lado de Moro também é o dos corruptos, dos poderosos e ricos. Vai usar contra os trabalhadores e a juventude métodos muito piores do que estes que está inovando contra petistas e alguns empresários poderosos.

Por isso, ao invés de ilusões em Moro e suas medidas autoritárias há que se colocar com toda a força a necessidade da saída imposta pela mobilização dos trabalhadores, jovens e da população para colocar de pé uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que acabe com o privilégio de todos os políticos, funcionários de alto escalão e juízes, fazendo com que ganhem o mesmo que uma professora, e que haja revogabilidade de todos os mandatos. Quem deve julgar os políticos é o povo e os trabalhadores, e não Moro, a Globo, o Judiciário, ou a Polícia Federal, cujo símbolo atual na figura do “japonês da Federal” que é indiciado por recebimento de propinas. É preciso acabar com todos “foros privilegiados” e julgar todos corruptos em júri popular. É preciso que isso seja ligado a um poderoso movimento nacional contra os ajustes, que reverta a entrega do pré-sal ao imperialismo, pactuado por Dilma e Serra, e todos os ataques que estão sendo descarregados nas costas dos trabalhadores, e que os setores que sustentam Moro querem acelerar.




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